terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Literatura Infantil e Temas Difíceis


Sessão 5

A Literatura Infantil contemporânea abre-se, hoje, a “todas as visões do mundo, mesmo as tradicionalmente consideradas apoéticas”, propondo novas abordagens e “leituras alternativas à maniqueísta organização do mundo dos textos tradicionais, dando voz a conflitos interiores, às inquietudes do indivíduo, à questionação, à fragilidade da existência, num caleidoscópio cada vez mais multifacetado e multicolor”. 
(Ramos, A.M., 2012)

É neste trilho que o programa em curso propõe a abordagem deste conjunto de quatro textos de potencial receção infantil que encerram em si questões tão delicadas quanto pertinentes: a guerra, o "bullying" e a morte, que, cremos, encontrarão eco e terreno fértil, nas experiências de leitura em família.





terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Literatura Infantil e Interculturalidade

Sessão 4

“A literatura infantil e juvenil desempenha um papel fundamental no fomento de uma educação multicultural, na medida em que as mensagens veiculadas nestes textos para as crianças promovem a aquisição de novos saberes, nomeadamente relacionados com distintas culturas, com outras realidades e com novos valores, auxiliando a criança na construção do conhecimento e na compreensão da diversidade do mundo que a rodeia.”
                                                                                                                (Balça, 2006: 235)

 Protagonizado por um pequeno cordeiro, Babaï (que corresponde, em português, à onomatopeia memé), esta obra, aparentemente simples, está cheia de surpresas, qual tapete saído do universo das mil e uma noites. O cenário é composto pelas montanhas do Irão, que remetem para um enorme vazio, representado pela ausência de elementos, quer pictóricos, quer textuais, na composição das páginas iniciais desta narrativa. Um vazio que pode também ser associado à solidão e ao consequente aborrecimento do cordeirinho, representação minimalista que não abandonará  a obra, e que irá alternar com a construção do jardim de Babaï, de cada vez que o leitor é interpelado para tentar adivinhar o elemento que se segue na composição do jardim, sugerindo o espaço em branco necessário à reflexão e ao diálogo com o texto.


Este maravilhoso alfabeto de José Jorge Letria e Afonso Cruz é uma verdadeira volta ao mundo! Cada poema e respetiva ilustração conduzem o leitor numa viagem histórica, cultural e geográfica pelo que de mais emblemático há em cada país apresentado. A complementaridade entre texto verbal e componente pictórica contribui para um resultado rico, não apenas sob o ponto de vista estético, mas também do ponto de vista do potencial temático da lIJ, dos "ganhos colaterais" em termos de enriquecimento do conhecimento enciclopédico do leitor.

O mundo num segundo não é um alfabeto mas percorre, igualmente, 23 locais do planeta. Um álbum fantástico, numa edição de grande formato (a contrastar com a edição anterior), dupla página e ilustração exuberante. Um livro cheio de pormenores geográficos e, simultaneamente, de pistas de reflexão. Independentemente do lugar do globo assinalado ou evocado, as ações e os pensamentos das personagens presentes são muito semelhantes entre si e reconhecíveis por todos. Afinal... parece que o mundo é mesmo pequeno no que respeita às "inquietações" do ser humano.