sexta-feira, 3 de maio de 2019

Todos os caminhos vão dar aos livros

Há alguns anos participei numa formação com a Sylviane Rigolet, uma entusiasta da leitura capaz de contagiar até os mais céticos. Apesar de o contacto ter durado apenas um dia, as coisas que eu aprendi com a Sylviane ainda hoje ecoam em muitas das práticas que levo a cabo: "Ser mediador de leitura é uma questão de postura", referiu, a propósito dos distintos objetos que compunham as suas "maletas de leitura".
Ao longo destes anos, já muitos dos que comigo se cruzam, nestas andanças da leitura, me ouviram "citar" a Sylviane a propósito da figura do mediador de leitura, e já muitos objetos entraram nas minhas malas literárias movidos por esta "máxima".
Vem esta memória a propósito de uma das sessões da Escola de Pais António Feijó, aparentemente nada relacionada com a leitura (sobretudo de livros), "Mente sã em corpo são: atividade física em família", uma sessão outdoor, conduzida pelo Prof. Agostinho Sousa, que se materializou num trilho de montanha em pleno vale do Trovela.

Pormenor da paisagem capatado ao longo do trilho
Ao longo de cerca de 4,5 km (o trilho foi preparado tendo em conta a participação de crianças), e à medida que os diferentes elementos da paisagem se apresentavam, as leituras foram surgindo...


ISTO NÃO É UMA PEDRA...

Et voilà! Convocamos Magritte e a imaginação fértil de pequenos e grandes depressa se encheu de possibilidades: "um pão de forma", "um elefante", "uma boca"...
e... avançando no percurso: 

UMA BOTA! (com atacador e tudo)

Uma bota que, pelos vistos, terá pertencido ao

 GIGANTE ADORMECIDO
Pormenor da paisagem: pedra "gigante adormecido"
E embalados seguíamos pelo universo de possibilidades criativas oferecidas pela paisagem (apenas com um empurrãozinho de Magritte), quando, a propósito das giestas em flor e da aproximação do dia dos maios, o percurso se enche de um desfiar de histórias e tradições relacionadas com a data.

Giesta branca

E... como as histórias são como as cerejas, ficamos a saber que a giesta amarela é para por nas portas e a giesta branca é para fazer chá para tratar a diabetes. Esta planta parece ter servido ainda (em casa dos nossos avós) para fazer vassouras que se destinavam a varrer as eiras.

Quando parecia que as "histórias" já se encaminhavam para o fim, eis que a pequena Maria, ao avistar um pastor, exclama: "Olha, mãe, aquele parece mesmo o pastor da história que a professora leu ontem!"

Pormenor da paisagem com o rebanho

E estava lançado o mote para a descobrir que história seria, pois a Maria não se lembrava do título...
Histórias com rebanhos, com pastores, com lobos, com ovelhas... e teríamos já programa para o período da tarde, pois além de TODOS OS CAMINHOS PODEREM IR DAR AOS LIVROS, "Ser mediador de leitura é uma questão de postura".

Ficam aqui, como sugestões de leitura para o mês de maio, algumas das possibilidades de histórias com rebanhos e pastores:

A Ovelhina Preta (Elizabeth Shaw)
O Príncipe que guardava ovelhas (Luísa Dacosta)
O Pastor e o Lobo (conto popular)




Boas Leituras e... Bons Caminhos!
Obrigada, Agostinho!

Nota: Já aqui falamos do album OH! de Josse Goffin, inspirado no trabalho de Renée Magritte. Para recordar: AQUI e AQUI.

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