terça-feira, 24 de março de 2020

Pias de Poesia? Sim! E muito humor #Fique em casa 5

A nossa sugestão de hoje, ainda à volta da poesia, vai levar-nos a (re)visitar um dos grandes nomes da literatura portuguesa: Fernando Pessoa.
Sim, porque este grande português, mundialmente conhecido, também escreveu para crianças. Trazemos três poemas, bem dispostos, que Fernando Pessoa terá escrito para os seus sobrinhos: Poema Pial, Levava eu um Jarrinho e No Comboio Descendente.



POEMA PIAL
Toda a gente que tem as mãos frias

Deve metê-las dentro das pias.
Pia número UM
Para quem mexe as orelhas em jejum.
Pia número DOIS,
Para quem bebe bifes de bois.
Pia número TRÊS,
Para quem espirra só meia vez.
Pia número QUATRO,
Para quem manda as ventas ao teatro.
Pia número CINCO,
Para quem come a chave do trinco.
Pia número SEIS,
Para quem se penteia com bolos-reis
Pia número SETE,
Para quem canta até que o telhado se derrete.
Pia número OITO,
Para quem parte nozes quando é afoito.
Pia número NOVE,
Para quem se parece com uma couve.
Pia número DEZ,
Para quem cola selos nas unhas dos pés.
E, como as mãos já não estão frias,
Tampa nas pias!

A Raquel Patriarca "conta-nos", aqui, este poema:



Ideias para brincar com este texto:

1. Pias de Poesia

Vamos moldar, em plasticina, em massa de pão (que pode depois ser servida como sobremesa), ou noutro material, pias (podemos arranjar pias de todos os tamanhos e feitios), e vamos enchê-las de poesia: escrevemos um verso ou uma estrofe do poema, ou inventamos ao jeito de Fernando Pessoa, num papel ou cartão, colamos um palito e espetamos na pia. Também podemos desenhar a nossa pia e colocar lá um novo poema, inspirado no Poema Pial. (Na sugestão #Fique em Casa 4 apresentamos ideias para escrever poemas com números).




Levava eu um Jarrinho

Levava eu um jarrinho
P'ra ir buscar vinho
Levava um tostão
P'ra comprar pão:
E levava uma fita
Para ir bonita.
Correu atrás

De mim um rapaz:
Foi o jarro p'ra o chão,
Perdi o tostão,
Rasgou-se-me a fita...
Vejam que desdita!
Se eu não levasse um jarrinho,

Nem fosse buscar vinho,
Nem trouxesse uma fita
Pra ir bonita,
Nem corresse atrás
De mim um rapaz
Para ver o que eu fazia,
Nada disto acontecia.

Este poema pode ser ouvido, aqui, pela voz de Manuela Freitas.


Ideias para brincar com este texto

2. Desfile de jarros poéticos, pela casa

Uma das coisas mais divertidas a fazer com este poema é memorizá-lo e dizê-lo com recurso a alguns objetos (um jarro, um tostão, uma fita), numa espécie de dramatização do poema. Toda a família pode participar, podendo até fazer-se um pequeno desfile de jarros poéticos, em que cada um diz o poema, ou uma parte do mesmo, enquanto manuseia um dos objetos. Não se esqueçam do registo vídeo deste desfile especial;)


NO COMBOIO DESCENDENTE


No comboio descendente
Vinha tudo à gargalhada.
Uns por verem rir os outros
E outros sem ser por nada
No comboio descendente
De Queluz à Cruz Quebrada...

No comboio descendente
Vinham todos à janela
Uns calados para os outros
E outros a dar-lhes trela
No comboio descendente
De Cruz Quebrada a Palmela...

No comboio descendente
Mas que grande reinação!
Uns dormnindo, outros com sono,
E outros nem sim nem não
No comboio descendente
De Palmela a Portimão

Podemos ver, aqui, este poema interpretado pelos UHF (com legendas para acompanhar a letra).


E para terminarmos, de forma animada, esta visita à poesia de Fernando Pessoa, propomos:

3. O comboio do RAP

A poesia oferece imensas possibilidades: pode ser dita, cantada, dramatizada... de diferentes formas. Para este poema, propomos um RAP, que podemos acompanhar com um "instrumento musical caseiro". Vamos colocar dentro de uma garrafinha de plástico um pouco de areia, ou feijões, ou milho (algo que faça barulho:), e agitá-la para marcar o ritmo, enquanto vamos fazendo o nosso Rap. Podemos também desenhar o nosso comboio: cada carruagem uma estrofe!

Da coletânea Poetas de Hoje e de Ontem

Divirtam-se, e continuem a fazer-nos chegar os vossos trabalhos e as vossas experiências, pois são uma uma importante fonte de inspiração para todos nós!

#Figuem em casa e (re)descubram o prazer de ler juntos!







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