sábado, 25 de abril de 2020

Tranças, Rugas e Muitas Voltas #Fique em Casa 14

Passam hoje 46 anos sobre a Revolução dos Cravos, mais uma efeméride de abril da qual a literatura para a infância não se alheia.

     "Ler. Ler para (re)viver, construir memória, convertê-la em herança e em pilar de cidadania ativa. Esse é um dos desígnios da escrita. E da Literatura para a Infância e Juventude." (José António Gomes, 2009)


A nossa escolha

Há, efetivamente, um conjunto de publicações onde este acontecimento é tratado, de forma mais ou menos explícita.

Escolhemos uma obra que já provou fazer sucesso em ambiente familiar, aquando do programa inaugural ELF: Com 3 novelos (A vida dá muitas voltas) de Henriqueta Cristina e Yara Kono, mais um trabalho do Planeta Tangerina. Falamos desta obra AQUI, a propósito da ligação da literatura infantil à História e às efemérides.
Vamos revisitá-la? É só clicar no vídeo abaixo.





E porque a efeméride de hoje é digna de comemoração, ainda que seja em casa, recuperamos algumas das sugestões que já provaram ser ótimas aliadas de momentos bem passados em família.

1. As minhas tranças (ou coisas que me fazem sentir bem)

As melhores ideias surgiam na cabeça da mãe quando fazia as tranças da filha. Façam uma lista das coisas que vos fazem sentir bem (na maior parte das vezes são pequenas coisas).

2. As minhas rugas na testa

Cada vez que uma preocupação surgia, aparecia uma ruga na testa do pai... Vamos conversar, em família, sobre as nossas "rugas", as coisas que nos roubam a alegria...


Miolo da obra: "as rugas na testa do pai"



3. Outras histórias como esta

Propomos uma conversa sobre a emigração na família e a recolha de testemunhos e histórias de vida das pessoas da família que saíram de Portugal em busca de liberdade e/ou de melhores condições de vida.


Miolo


4. As Voltas do (meu) Mundo

Inspirados na proposta cromática da obra, e nas recordações da protagonista, podemos representar as nossas tranças, rugas e histórias da família em caixas de diferentes tamanhos e cores e com elas construir uma cidade / aldeia / comunidade a que podemos chamar As voltas do (meu) mundo. Esta "comunidade" pode ser decorada com adereços feitos em lã, ou tecido, ou papel, das 3 cores desta história.


Página final: texto que contextualiza historicamente esta obra.


Aguardamos expectantes os vossos testemunhos! Contem-nos tudo! 
Viva a leitura! Viva a liberdade!


Fiquem em casa e (re)descubram o prazer de ler juntos.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Na capa teria um girassol: Gente que ama os livros I

Na sequência dos propostas que vimos apresentando na rubrica #Fique em Casa, temos recebido testemunhos, partilhas de experiências e trabalhos realizados em família. Muito obrigada a todos! 
Tentaremos, nesta rubrica que hoje iniciamos, Gente que ama os livros, partilhar o fruto de tão grande generosidade.


Seleção de obras para kit Nuvem Vitória, de que faremos abaixo.
 (Maria José Machado)

No rescaldo das comemorações do dia do livro, partilhamos hoje um pouco da experiência da Maria José Machado (MJ), que, em resposta ao nosso desafio #Fique em Casa 13, escreveu assim:

"Se eu fosse um livro,
Gostaria que ele guardasse o segredo de "Como fazer o outro feliz".
Gostaria de ter na capa um girassol, uma borboleta, um coração, um bolo de chocolate e uma máquina fotográfica.
Do meu livro varria as seguintes palavras: "falta de educação" e "inércia".
Temeria a palavra "inveja".
Gostaria muito que os meus leitores fossem pessoas felizes e donos de um coração generoso.
O que gostaria de ouvir dizer de mim?
"A-DO-RO este livro. É pura animação. Muito me ri com ele já".

E gostaria que me lessem confortavelmente instalados à sombra de uma grande árvore, com vista para a minha linda Ribeira do Neiva. E claro, com algo de doce por perto." (MJ)

Um dos cantinhos com livros da MJ

A Maria José integrou o grupo de famílias ELF, na sua primeira edição (programa de um ano), tendo sido responsável pela replicação do projeto nas edições de 2018 e 2019. Desde então, o seu caminho pelo universo da leitura e da sua promoção, foi sempre a crescer: depois de um excelente trabalho enquanto voluntária da leitura, é hoje voluntária do projeto Nuvem Vitória.
A Maria José esteve connosco no encerramento da última edição ELF, no passado dia 6 de março, contou-nos um pouco desta nova experiência, e partilhou com os presentes alguns dos livros que mais sucesso têm junto das crianças e jovens hospitalizados, com quem trabalha.


Tertúlia na EB de R. Souto - Testemunho de M.J. Machado

A alegria e o entusiasmo presentes no testemunho desta Nuvem, são a evidência do poder "curativo" que os livros encerram. "Nem sempre é fácil entrar e quebrar a barreira que separa as crianças, os jovens e até os seus pais dos livros", relata a MJ, mas depois de o conseguir é sempre uma vitória. Uma das coisas que esta voluntária mais aprecia é poder ajudar a serenar um bebé mais agitado. O segredo? Uma caixinha de música e um poema cuidadosamente selecionado que ela guarda no seu "poemário" especial.

"Receita para serenar um bebé" (Nuvem MJ)

Outra das grandes alegrias que a MJ partilha é o facto de os adolescentes aderirem muito bem aos álbuns: "se no início parecem um pouco reticentes, e nem demonstram grande interesse, à medida que vamos lendo, a atenção deles (e dos pais quando estão presentes) aumenta de forma bem significativa, acabando por resultar em sorrisos e palavras de agradecimento que nos enchem o coração".

Um dos momentos que recorda com particular carinho? A noite de Natal!

Nuvem MJ na noite de Natal 2019

Muito obrigada, Maria José Machado! Por tão grande coração!


quinta-feira, 23 de abril de 2020

E se fosses um livro? #Fique em casa 13

Abril é um mês rico em comemorações... e os livros transportam mensagens para cada efeméride. Ora... o Livro também merece uma data: hoje é o dia internacional do livro.

Para assinalar este dia, propomos um trabalho de José Jorge Letria e André Letria, editado pela Pato Lógico, Se eu fosse um livro, uma obra que já foi traduzida para 14 línguas e já recebeu 5 prémios! Podemos ficar a saber esta e outras curiosidades na página da editora: AQUI


Este maravilhoso livro pode ser visto e ouvido no vídeo abaixo.


Em homenagem a estes amigos especiais, propomos criar ao jeito de José Jorge Letria e André Letria, ou ao nosso jeito.

Se fosses um livro...

- Que segredo gostarias de guardar?
- Que ilustração gostarias de ter na tua capa?

- Que palavras varrias?
- Que palavra temias?
- Que leitor preferias?

- O que gostarias de ouvir dizer sobre ti?
- Onde gostarias de ser lido?


Pormenor do miolo (disponível na página da editora)

Os livros ajudam-nos a compreender e a sentir o poder das palavras. É tal a força da palavra, que,  muitas vezes, a palavra Palavra dá título a textos e a outros livros. Deixamos, como exemplo, um belíssimo poema de Álvaro Magalhães, para ser degustado no aconchego familiar: "O Limpa Palavras".


Álvaro Magalhães in O Brincador
Ficamos à espera das vossas partilhas.
Feliz dia do livro!

Fiquem em casa, em boa companhia, e (re)descubram o prazer de ler juntos.



quarta-feira, 22 de abril de 2020

Dá guarda(s) à Terra #Fique em Casa 12

Para comemorar o Dia Mundial da Terra, escolhemos dois livros unidos pelas sementes, Começa numa Semente, uma obra de Lara Knowles e Jennie Webber, editado em Portugal pela Fábula, e Cem sementes que voaram, um trabalho nacional, de Isabel Minhós Martins e Yara Kono, editado pelo Planeta Tangerina.

Livros para homenagear a Terra

Na obra Começa numa semente (algumas páginas disponíveis AQUI) podemos acompanhar a vida de uma semente, desde a sua chegada à Terra até à transformação numa imponente árvore que é também "um mundo maravilhoso", como podemos ver na imagem abaixo. 

Dupla página do miolo da obra


O texto poético, acompanhado pela sobriedade das ilustrações em tonalidades Terra, transforma-se numa viagem pelas estações do ano e pelo caráter cíclico da Natureza, culminando no natural curso das "coisas da Terra":



"Mal as sementes estão prontas,
partem no sopro da brisa
e talvez algumas delas
venham  a ser um dia
árvores cheias de vida."


Quádrupla página final


Este belíssimo livro, para além das sementes, partilha com o álbum Cem sementes que voaram, páginas finais informativas, uma tendência crescente na edição literária para a infância e juventude.


Páginas finais: o texto que preenche o livro (aqui condensado)
e informação científica sobre a árvore desta história e seus elementos. 

O álbum do Planeta Tangerina podia ser uma continuação desta história... pois conta as aventuras de uma árvore que estava à espera... 
(algumas páginas disponíveis AQUI)


Dupla página inicial de Cem sementes que voaram
Das suas cem sementes que voaram... aparentemente, todas foram desaparecendo: na estrada, no mar, nas pedras, no bico dos pássaros, na barriga de um esquilo... tendo restado apenas uma, que depois de germinar serviu de lanhe a um coelhinho. Mas será que foi mesmo assim?
Ao que parece, a espera valeu a pena, pois 

"A árvore já sabia:
muitas vezes,
para tudo correr bem,
basta saber esperar."

E o livro termina com umas belíssimas guardas finais que são uma espécie de enciclopédia poética das sementes.


Guardas Finais

Estes livros são um convite a deter o olhar sobre as pequenas coisas, e a refletir sobre a grandeza dos mistérios que a Terra encerra.


Contracapa de Cem sementes que voaram

São também uma oportunidade para aprender a tirar partido de aspetos do livro que muitas vezes nos passam despercebidos: a capa, a contracapa, e sobretudo as guardas. Estes elementos paratextuais são excelentes meios para aguçar a curiosidade dos pequenos leitores, e, no caso destas obras, para enriquecer o seu conhecimento enciclopédico.

Recuperamos, a este propósito, as dicas de leitura que partilhamos no âmbito das comemorações do dia internacional do livro infantil:




A nossa sugestão de atividade, a realizar em família, é uma oficina de Capas, Contracapas e Guardas. Sugerimos:


- escrever palavras soltas ou pequenos textos, dedicados à Terra (pode ser uma quadra, um poema, uma carta de agradecimento, um recado, um abecedário ilustrado...)


- desenhar / pintar os nossos locais verdes preferidos (uma árvore, um recanto do jardim, um parque, uma memória de um piquenique ou de um passeio...)

- fotografar "bocadinhos de verde" (um cantinho do jardim, um pássaro, uma árvore em flor, o brotar das folhas...)


Guardas iniciais de Cem sementes que voaram

- Com esses elmentos (e/ou com outros que entendam por bem utilizar) vamos construir capas, contrapas e guardas para Livros / Álbuns Verdes. Podemos inspirar-nos nas capas, contracapas e guardas destas obras. 

- Depois de prontas, podemos lá colocar (sempre que tivermos vontade ou encontrarmos por acaso) textos / desenhos / fotografias / artigos de jornal ou revista... dedicados à Mãe Terra (no fim teremos construído um belo portefólio que é também um hino à Natureza).

Contracapa de Começa numa Semente
A literatura é sempre um auxílio precioso à abordagem das grandes questões. Vamos homenagear a Terra com a ajuda dos livros!

Partilhem connosco as vossas experiências e façam-nos chegar os vossos trabalhos. Vamos engrossar o caudal de gratidão à Terra.



Fiquem em casa e (re)descubram o prazer de ler juntos!




quinta-feira, 16 de abril de 2020

Leituras Luminosas #Fique em Casa 11

Estamos de regresso com novas sugestões para que #Fiquem em casa e (re)descubram o prazer de ler juntos.
Porque em 2020 também já aconteceram coisas boas, como a chegada de novos livros, e porque há leituras carregadas de luz (para tempos enevoados), e ainda porque a literatura é capaz de nos abrir os olhos do coração, permitindo-nos ver para além do aqui e agora,

Hoje apresentamos Olá, Farol!, uma obra da autora premiada Sophie Blackall, editada em Portugal pela Fábula.



Trata-se de um belíssimo álbum sobre "a constância, a mudança e a passagem do tempo", como podemos ler na contracapa, e que é também uma espécie de elogio à lentidão, e uma homenagem aos faroleiros. Os Hipopomatos na Lua fazem uma bela recensão do livro AQUI, e o Pedro Miguel Silva, do Deus me Livro, também fala da obra AQUI.
No sítio web da editora, é também possível aceder à capa, contracapa e a algumas páginas do miolo: AQUI

dupla página do miolo

Entre o "cuidar da luz" e "escrever no diário do farol", o dia-a-dia do guardião desta casa de luz é feito de pequenas grandes coisas, que vão desde a chegada do navio abastecedor que traz "petróleo e farinha, carne de porco e feijão... e a sua mulher", ao salvamento de marinheiros, até ao nascimento da sua filha, culminando com a partida da família...


dupla página do miolo

O caráter cíclico da vida, o olhar sobre os dias, que se sucedem em ciclos de alegria e de tristeza, de chegada e de partida, de tempestade e de bonança, oferecem ao leitor uma sensação de conforto: não estamos sozinhos no meio do "nosso" mar.


Dupla página do miolo


Em tempos de confinamento, Olá, Farol! pode ser um convite para refletir, conversar e construir memórias afetivas, com a leitura de permeio.
Aqui ficam três ideias:

1. Meu diário, meu farol (ou memórias de uma quarentena)

Todos os dias, o faroleiro escrevia no diário do farol... Aproveitando este mote, convidamos pais e filhos a criar um registo da quarentena. Estes tempos estão, certamente, a permitir-nos fazer coisas diferentes, a contribuir para novas aprendizagens e descobertas, a ensinar-nos a "sobreviver". São lições valiosas que valerá a pena registar. Arranjem um caderno (ou construam um com papel de desperdício), desenhem um farol na capa, personalizem as guardas (inspirem-se na imagem abaixo) e registem... escrevendo, desenhando, colando, aquilo que vos parecer importante no momento. Estarão a construir um documento valioso: já imaginaram os vossos filhos a mostrar este diário aos vossos netos? :) 

Guardas iniciais

Excerto das guardas finais
                                              

2. Profissões que já não há

Hoje já não há faroleiros. Uma profissão, que à semelhança de tantas outras, desapareceu. Que tal uma caça às profissões desaparecidas? Ou em desuso? Podemos construir um pequeno dicionário ilustrado desses ofícios, ou um jogo de adivinhas...

Guardas finais:
 um interessante texto informativo sobre os Faróis e os Faroleiros.


3. Mensagem em garrafa

Vamos brincar com as palavras, elaborar pequenas mensagens poéticas, dedicadas a alguém que já não vemos há algum tempo (ou que vemos todos os dias...), e colocá-las numa garrafa (que podemos pintar inspirados na obra Olá, Farol!). Será um belo presente da quarentena.


Tripla página final

Continuem a partilhar connosco as vossas experiências! Vamos inspirar-nos uns aos outros, através dos livros e da leitura!

#Fiquem em casa e (re)descubram o prazer de ler juntos.

domingo, 5 de abril de 2020

Biblioteca para Afilhados II

Tornar o livro uma presença assídua no quotidiano das famílias terá um impacto significativo no desenvolvimento do gosto pela leitura. E quanto mais cedo o livro entrar nas rotinas da criança, integrando o dia-a-dia familiar, melhor.

Porque hoje é o dia das madrinhas (e dos padrinhos), e porque o livro pode compor (ou transformar-se) num bom folar, vamos partilhar mais uma Biblioteca para Afilhados.


Alguns livros da biblioteca do Lourenço (12 meses 12 livros)

Aquando da apresentação da Biblioteca da Ema (12 meses, 12 livros, uma seleção da Madrinha), ficou prometido apresentar A Biblioteca do Lourenço... 
Hoje é um dia oportuno para o fazer.

Como expliquei, na Biblioteca para Afilhados I, esta fabulosa ideia é da autoria de uma amiga, e mãe leitora, a Maria José Machado. Como fui tia - e madrinha - pouco tempo depois, "copiei-a". Aqui fica, então, em jeito de partilha e/ou sugestão

A Biblioteca do Lourenço (12 meses, 12 livros)

O 1º livro Adivinha quanto eu gosto de ti

A Biblioteca do Lourenço foi inaugurada com a obra Adivinha quanto eu gosto de ti, um livro ternurento, que tive a sorte de conseguir na versão cartonada, e que se fazia acompanhar da pequena lebre que protagoniza esta narrativa (Transformando-se assim num interessante livro brinquedo adequado a mãos pequeninas).

O 2º livro Coração de Mãe


Com a chegada do Lourenço, nasceu também uma MÃE e um PAI. Em homenagem à mamã, o segundo livro a habitar a biblioteca do bebé, foi Coração de Mãe, seguindo-se Pê de Pai, um hino ao Papá. Estes álbuns, da dupla autoral Isabel Minhós Martins e Bernardo Carvalho, antes de fazerem as delícias da criança, fazem as delícias dos pais. Numa fase em que as emoções são vividas de modo particularmente intenso, estas obras revestem-se de um significado especial.



O 3º livro Pê de Pai

Era chegada a hora de apresentar ao Lourenço um grande amigo da madrinha: Frederico, um dos ratinhos literários mais famosos, e um grande nome do universo internacional da literatura infantil: Leo Lionni. Esta maravilhosa obra, sem idade, é obrigatória em qualquer biblioteca. No caso de crianças pequeninas, há ainda a possiblidade de enriquecer a coleção com os "Fredericos" cartonados (números e cores...).


4º livro Frederico

Eric Carle é outro dos nomes incontornáveis no panorama internacional da literatura. O Senhor Cavalo Marinho é um belíssimo álbum que, além da profusão de cores, tão típica do autor, integra páginas em acetato, permitindo um interessante jogo de construção de cenários. O resultado é uma viajem surpreendente ao fundo do mar, onde se passeiam peixes com uma missão muito nobre: carregar os ovos até à eclosão e nascimento dos bebés.


O 5º livro O Senhor Cavalo Marinho

Aos seis meses, o Lourenço conheceu o conto popular mais emblemático de sempre, O Capuchinho Vermelho, versão dos Irmãos Grimm, numa bonita edição "recortada" da editora fábula. 


6º livro O Capuchinho Vermelho

À medida que o Lourenço vai crescendo, vai gostando cada vez  mais de brincadeiras com palavras "A galinha põe o ovo, e o Lourenço papa-o todo!" foi a primeira lengalenga a entrar no seu repertório. O livro das Lengalengas Coloridas de Tiago Salgueiro e Elsa Navarro apresentava-se, então, como um conjunto de possibilidades novas para jogar com a musicalidade da língua.


7º livro Lengalengas Coloridas
Obrigado a Todos, um hino à gratidão, da já conhecida dupla autoral do Planeta Tangerina, é um livro que aguça o olhar do leitor para o Outro que vive ao nosso lado, para os pequenos gestos de bondade que nos agraciam no dia a dia, e aos quais nem sempre prestamos a devida atenção.  

8º livro Obrigado a Todos


Luísa Ducla Soares, um nome incontornável da Literatura para a Infância em Portugal, chegou à biblioteca do Lourenço, com a obra O Fulano do F, um texto divertidíssimo, com ilustrações de Raquel Pinheiro, revelador das potencialidades criativas da língua. As gargalhadas e a vontade de "imitar" o modelo, com as letras da família, por exemplo, ficam garantidas.

9º livro O Fulano do F

O Princípio, um belíssimo álbum de Paula Carballeira e Sonja Danowski aborda um tema difícil, a guerra. Trata-se de mais uma obra que cumpre um importanta papel no que à alteriadade diz respeito. A força das crianças (materializada  no ato de brincar), o poder da união, e a valorização do momento presente, fazem desta obra um verdadeiro hino à Esperança. 

10º livro O Princípio

A chegada da primavera oferecia o contexto ideal para os Poemas para as Quatro Estações, Manuela Leitão e Catarina Correia Marques, darem entrada na biblioteca do Lourenço. Para degustar e saudar cada estação do ano com poesia.

Guardas finais de Poemas para as Quatro Estações: o 11º livro

E, finalmente, Pelo rio correm histórias, um livro acabadinho de vir a lume quando se completavam os 12 meses, 12 livros da biblioteca do Lourenço. Trata-se de uma obra de Conceição Vicente e Rui Castro, que reúne três textos de índole popular da região de Águeda: a porta de entrada no maravilhoso mundo lendário português, e o primeiro livro autografado pelos dois autores, encerrava a "primeira estante" da desta bibloteca.

12º livro Pelo rio correm histórias
A biblioteca do Lourenço (12 meses, 12 livros) ficou, assim, composta por um conjunto de obras que constituem uma amostra do variado leque de opções que a atual literatura para a infância oferece. Autores nacionais e internacionais, prosa e poesia, temas mais duros e temas mais leves, afetos e humor, clássicos e contemprâneos... uma iniciação ao maravilhoso mundo dos livros e da leitura em família.

Para inspirar outras bibliotecas, aqui ficam as referências, pela ordem de entrada:

McBratney, S. e Jeram, A. (2004). Adivinha quanto eu gosto de ti. Lisboa: Caminho.

Martins. I. M. e Carvalho, B. (2008). Coração de Mãe. Carcavelos: Planeta Tangerina.

Martins. I. M. e Carvalho, B. (2006). Pê de Pai. Carcavelos: Planeta Tangerina.

Lionni, L. (2009). Frederico. Matosinhos: Kalandraka.

Carle, E. (2016). O Senhor Cavalo Marinho. Matosinhos: Kalandraka.

Grimm, J. e W. e Fabris, N. (2019). O Capuchinho Vermelho. Amadora: Fábula.

Salgueiro, T. e Navarro, E. (2019). Lengalengas Coloridas. Porto: Porto editora.

Martins. I. M. e Carvalho, B. (2011). Obrigado a Todos. Carcavelos: Planeta Tangerina.

Soares, L. D. e Pinheiro, R. (2013). O Fulano do F. Porto: Civilização.

Carballeira. P. e Danawski, S. (2012). O Princípio. Matosinhos: Kalandraka.

Leitão, M. e Marques, C. C. (2017). Poemas para as quatro estações. Lisboa: Máquina de Voar.

Vicente, M. C. e Castro, R. (2019). Pelo rio correm histórias. Porto: Trinta por uma Linha.

Fica prometida, para breve, a segunda estante da Biblioteca do Lourenço.

Boas leituras e bons folares da Páscoa (com recheio de palavras)!

quinta-feira, 2 de abril de 2020

#Fique em Casa 10 Especial Dia Internacional do Livro Infantil

Hoje comemoramos mais um dia Internacional do Livro Infantil, uma efeméride que é uma homenagem àquele que é considerado o pai da Literatura Infantil, Hans Christian Andersen, nascido a 2 de abril de 1805, na cidade de Odense, na Dinamarca.
Girando os assuntos que nos ocupam neste espaço em torno da Leitura, da Literatura e da Educação Literária na Família, hoje, neste especial #Fique em Casa, vou falar-vos das escolhas dos meus filhos (que têm hoje 20 e 15 anos).

A escolha do mais velho e um "caracol literário"

Questionados sobre que leitura(s) recordavam, de modo particular, da sua infância, obtive respostas curiosas. Enquanto o mais velho, sem grande hesitação, respondeu: Contos da Mata dos Medos de Álvaro Magalhães e Cristina Valadas, o mais novo recordou-se de O Gato Comilão, um conto popular dinamarquês, recontado por Patacrúa e Oliveiro Dumas.

A escolha do mais novo, aprovada pela Luísa.

Contos da mata dos medos foi (é) uma obra marcante na família. O primeiro volume desta tetralogia foi publicado em 2003. Terá sido aí por 2005 que chegou cá a casa, tendo-se tornado companheiro de leitura diária em família. As personagens que se reuniam na "clareira do pinheiro grande", o Chapim, a Toupeira, o Coelho, o Caracol, e a "Pequenita" (a lagarta peluda) passaram, de certo modo, a fazer parte da família, até aos dias de hoje. Não raro, alguém anda a "ouriçar" (como o ouriço), a descobrir coisas "muito úteis" (como a toupeira), "atarefado e apressado" (como o chapim), com medo de algo (como o coelho), ou em modo caracol, que está sempre a partir para ver o mar.


Os Contos da Mata dos Medos
já deram tema a várias festas de família.
Na imagem,
um caracol literário encontrado numa "Caça aos Caracóis"

Ao primeiro volume seguiram-se mais três:  A Criatura Medonha – Novos Contos da Mata dos Medos (2007); Um Problema Muito Enorme – Novíssimos Contos da Mata dos Medos (2008); e O Lugar Desconhecido – Últimos Contos da Mata dos Medos (2010). Ao longo de cerca de meia década, estas obras foram responsáveis por momentos de verdadeiro prazer, cá em casa.
A par dos aspetos que singularizam a obra de Álvaro Magalhães, que consegue abordar questões tão profundas como o amor e a morte, com uma generosa dose de humor, esta tetralogia levanta questões de ordem ecológica que passam não apenas pelas ameaças do homem, como o fogo, a caça, ou a poluição, mas também pelos próprios fenómenos naturais, como as inundações ou as tempestades.

Ilustração inicial: os habitantes da clareira do pinheiro grande.

É muito fácil, de facto, criar o gosto pela leitura junto de crianças de tenra idade. Se aos bons livros (e hoje há livros muito bons!) juntarmos um pouco de tempo e entrega (total), diariamente, os momentos de leitura entre pais e filhos convertem-se, efetivamente, em memórias positivas duradouras. 
Apesar de o meu filho mais velho ter aprendido a ler durante o período em que esta coleção passou por nós, estas obras foram, sempre, lidas em voz alta, por mim ou pelo pai. Era um momento aguardado por todos.

A sugestividade dos capítulos do primeiro volume
ou a força das palavras de Álvaro Magalhães

Gostava, pois, de deixar um apelo aos pais que têm agora crianças pequenas: Não deixem de ler aos vossos filhos, pelo facto de eles já terem aprendido a ler. Na verdade, na maioria das vezes, apenas aprenderam a decifrar, e continuam a precisar de quem os guie e acompanhe na descoberta do prazer de ler.


Pormenor do miolo: o ouriço, a toupeira e o caracol.


Esta coleção foi, entretanto, "compilada" num único volume que tem por título A Mata dos Medos (2015), uma obra com ilustrações de Sebastião Peixoto, da qual podemos ler alguma páginas AQUI.

Capa da obra que reúne todos
 os Contos da Mata dos Medos

Sobre a escolha do mais novo...


Dupla página inicial de O Gato Comilão

A escolha do mais novo, O Gato Comilão, encontra-se, sem dúvida, associada ao lado lúdico e à vertente jogo que as narrativas de estrutura acumulativa proporcionam. Trata-se de uma divertida história de um gato que come tudo o que lhe aparece: a velha com quem vive, a panela das papas, e todos aqueles que lhe perguntam: "- Ó gato, porque estás tão gordo?", e a quem vai respondendo  "- Porque comi...".


Dupla página do miolo:
o gato comilão já comeu as papas, a panela, a velha, o anão,
o homem do burro, os cinco pássaros, e prepara-se para comer mais alguém...

É claro que alguém terá de pôr termo à gula do gato...


Dupla página do miolo:
 "o lenhador empunhou o machado que levava às costas e..."

O final inesperado desta narrativa, que coincide com o regresso do gato no momento em que a velha se prepara para comer (finalmente) as papas, ao mesmo tempo que acentua o lado nonsensical que permeia a obra, reforça a sua componente lúdica com um convite para "voltar a jogar". É que... um gato tem sete vidas!


Momento lúdico em torno de O Gato Comilão:
o livro transformou-se num jogo (criado pela educadora de infância)
 e circulou pelas casas das crianças (2006/2007).

(Podem ver AQUI uma recriação que os Triquiteiros de S. João fizeram desta obra)

Que a passagem deste Dia Internacional do Livro Infantil, que este ano se comemora em condições excecionais, em casa, constitua uma oportunidade de reflexão sobre a importância de tornarmos os livros uma presença assídua nos nossos lares, e de fazermos da Leitura um verdadeiro Valor de Família.

Como referiu Pedro Cerrillo (2014), “A literatura, na qualidade de depositária de conhecimentos que deveriam ser obrigatórios numa sociedade de pessoas livres, críticas e interventivas, não pode ser considerada um luxo cultural dispensável”.*

Memórias felizes da família

Hoje é dia de criarmos memórias felizes em torno dos livros e da leitura!

#Fiquem em casa e (re)descubram o prazer de ler juntos.


*Cerrillo, P. (2014). “El Poder de la Literatura”. Lección Magistral impartida por Pedro C. Cerrillo en el acto de inauguración del curso académico de la Universidad Española, presidido por SS.MM. los Reys de España. Toledo: Ediciones de la Universidad de Castilla-La Mancha.