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quarta-feira, 2 de abril de 2025

Hoje escolhemos homenagear Jella Lepman: especial Dia Internacional do Livro Infantil

O livro infantil é propriedade universal de toda a infância.

(Jella Lepman)

Hoje, dia internacional do livro infantil, queremos homenagear Jella Lepman, uma mulher visionária que, no dificílimo contexto do pós-guerra, na Alemanha, construiu pontes de paz através do livro infantil. A mulher que esteve na origem da criação da biblioteca internacional da juventude de Munique e da mais alta instância do livro infantil, o IBBY, responsável pelo prémio Hans Christian Andersen, autor nascido nesta data há 220 anos, a quem devemos a efeméride deste dia.

E haverá melhor forma de homenagear Jella Lepman do que conhecendo (e dando a conhecer) o seu trabalho e o seu legado? 
Para além do "clássico" Un puente de libros infantiles, uma obra de caráter autobiográfico da autora (que recomendamos vivamente a todos os mediadores), gostaríamos de sugerir dois livros ilustrados que, embora não se encontrem publicados em português, são excelentes propostas, do ponto de vista estético (e histórico), para entrar no universo de Jella Lepman. Falamos de The Lady with the books, de Kathy Stinson e Marie Lafrance, também publicado em francês e em castelhano, e o recente Jella Lepman and her library of dreams, de Katherine Patterson e Sally Deng, edição também disponível em audiobook (grátis).  
São obras baseadas no trabalho de Jella Lepman, enriquecidas com apontamentos ficcionais, textuais e pictóricos, e ainda com peritextos informativos, um registo que é uma tendência em crescendo na edição literária para a infância e juventude, e que se vem revelando muito do agrado de pequenos e grandes leitores.

A estas obras juntamos ainda as recomendações da própria autora, duas das histórias preferidas dos "leitores de Jella": Ferdinando, o Touro, de Munro Leaf, texto que a fundadora da biblioteca internacional da juventude terá feito aparecer no sapatinho de muitas crianças alemãs, A Cabana do Tio Tomde Harriet Beecher Stowe, ou, numa versão adaptada ao público juvenil, A Cabana do Pai Tomás.
Tratando-se de dois clássicos da literatura infantil e juvenil, não perderam atualidade. Aliás, a sua leitura reveste-se hoje de especial sentido. 

O mundo, mais do que nunca, precisa da bondade dos livros e do poder transformador que a leitura encerra. Na senda de Jella Lepman, continuemos, pois, a acreditar e a fazer a nossa parte.

Quando desejamos de verdade que um sonho se cumpra, quase sempre teremos de ser nós próprios a apoiá-lo.

adapatado de Jella Lepman in Un puente de Libros Intantiles
                                        
                                                                            [LMB]

domingo, 9 de abril de 2023

Coelhos Literários para uma Páscoa animada (passatempo à vista)

Há livros para todos e para todos os gostos. E, por altura da páscoa, não é só da cartola que saem coelhos... pois, na verdade, parecem surgir de todo o lado. Bem, aproveitando a onda (porque qualquer pretexto é bom para brincar com livros e às histórias) fomos em busca de coelhos literários pela nossa biblioteca. E selecionamos 20 (juntamos-lhes as suas primas, as lebres).

(Até montamos uma "coelhobiblioteca", como se pode ver na imagem abaixo, e como explicamos nas nossas páginas de FB e Instagram).


Há, de facto, coelhos espalhados por muitos livros e por muitas histórias!!

Encontramos coelhos nos Clássicos da Literatura Infantojuvenil: o conhecidíssimo coelho do relógio em Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol, com ilustrações de Lisbeth Zwerger, e, das mesmas paragens, o famoso Pedrito Coelho, de Beatrix Potter. Dos bosques austríacos, trouxemos a lebre, uma das personagens de Bambi, uma vida nos bosques, de Félix Salten, obra que nos tem ocupado nos últimos tempos, uma vez que estamos comemorar o seu centenário. Para esta "coelhobiblioteca", escolhemos a edição ilustrada por Benjamin Lacombe. (Já agora, sabiam que não há nenhum coelho neste clássico da literatura? O célebre Tambor que conhecemos da Disney é apenas do cinema - da Disney).

E ainda dentro deste leque de clássicos, recuperamos, naturalmente, a fábula A lebre e a tartaruga.

Capa e pormenores do miolo de Bambi, Pedrito Coelho e A lebre e a Tartaruga


Descobrimos coelhos portugueses, como o popular Coelhinho Branco, reescrito pelos nossos vizinhos galegos Xosé Ballesteros e Óscar Villan (obra de que falamos recentemente, AQUI), e O Coelho Branco, de António Mota, um dos títulos da coleção biblioteca Pedro e Mariana, ilustrado por Danuta Wojciechowska. Do mesmo autor, os coelhos Bitó e Fabi que protagonizam a trilogia Onde está a minha mãe, A casa da janela azul e O dia em que o regato secou, todos ilustrados por Sebastião Peixoto, e já por cá apresentados. Descobrimos, ainda, em Aquilino Ribeiro, a História do Coelho Pardinho que ficou sem rabo, conto que integra a obra Arca de Noé III Classe, ilustrada por Luís Filipe de Abreu, e de que também já falamos AQUI.

Pormenores de O Coelho Branco e História do Coelho pardinho que ficou sem rabo



Ainda no panorama nacional, encontramos coelhos literários em Luísa Ducla Soares e Teresa Lima, no divertidíssimo álbum Se os bichos se vestissem como gente, e em Álvaro Magalhães e Cristina Valadas, na sua emblemática obra Contos da Mata dos Medos, de que já falamos AQUI.

Capa e pormenores do miolo de A Horta do Simão e A Toupeira que queria saber quem lhe fizera aquilo na cabeça


Já no panorama internacional mais recente, descobrimos o Leopoldo e a Clementina, na obra Os Tesouros de Leopoldo, de Deborah Macero, uma obra que vem integrando o kit de livros perguntadores, nas nossas sessões de Filosofia para Criançaso Sr. Coelho e o Sr. Pato, dois vizinhos (que bem podíamos ser nós...) que vivem na obra Perto, de Natália Colombo (prémio Compostela 2008), outro excelente texto perguntador; o Simão, o coelho que protagoniza o livro A horta do Simão, de Rocío Alejandro, também prémio Compostela (2017), a lebre interrogada pela célebre Toupeira que queria saber quem lhe fizera aquilo na cabeça, de Werner Holzwarth e Wolf Erlbruch, e as conhecidas Lebres Castanhas (a grande e a pequena) que vivem no ternurento livro de Sam McBratney e Anita Jeram, Adivinha quanto eu gosto de ti. Para esta "coelhoteca", selecionamos o título Gosto de ti todo o Ano.


Capa e pormenor do miolo de Arrumado


Finalmente, encontramos alguns livros cuja presença dos coelhos se manifesta apenas na ilustração. É o caso dos títulos de Emily Gravett, Arrumado e Demasiado, e Começa numa Semente, de Lara Knowles e Jennie Webber, obra de que já falamos AQUI e AQUI.


Capa e pormenor do miolo de Demasiado


Pormenores de Começa numa semente e Contos da Mata dos Medos

À semelhança do que fizemos na Páscoa de 2022, nas nossas RS, uma original Caça aos ovos literários, esta Páscoa prometemos igual animação com uma divertida Corrida aos Coelhos de História. Acompanhem tudo nas nossas páginas de Facebook e Instagram.


A todos desejamos boas leituras e uma páscoa feliz!!

Até já!


quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Representações da Família em José Saramago

Comemoramos hoje o centenário do nobel da literatura português, um nome incontornável, cuja obra parece não conhecer fronteiras etárias.

Saramago, que apenas escreveu uma obra destinada ao público infantil, A maior flor do mundo (mais informação AQUI) encontra-se hoje presente num número crescente de publicações de potencial receção leitora infantil. 

A juntar ao Silêncio da Água, um trabalho com ilustrações de Manuel Estrada que recupera um excerto de As pequenas memórias, e ao Lagarto, com ilustrações de J. Borges, que tem como pano de fundo um fragmento de A bagagem do Viajante, 2022 trouxe a lume dois novos trabalhos.


Uma Luz inesperada, um excerto da obra já referida, A Bagagem do Viajante, com ilustrações de Armando Fonseca, e Jerónimo e Josefa, um trabalho da Tcharan, com ilustrações de João Fazenda, que tem por base o discurso que José Saramago proferiu aquando da receção do prémio nobel, em 1998. 

Apesar de encontrarmos já em A Maior Flor do Mundo e O Silêncio da Água, a par da convivência íntima com os elementos da natureza, a alusão à família, nestes dois novos trabalhos, este tema ganha particular expressão. 

Jerónimo Melrinho (o homem mais sábio do mundo) e Josefa Caixinha (a mulher que tinha pena de morrer porque o mundo era "tão bonito"), avós do autor, apresentam-se no trabalho da Tcharan, com o auxílio das belas ilustrações de João Fazenda, como modelos de afeto e mestres da vida.

Uma luz inesperada, pode quase ser lido como uma "sequela" de Jerónimo e Josefa, atendendo ao tema de fundo: a vida dos avós de Saramago e o seu principal meio de subsistência, a "criação dos bácoros", desta vez já "prontos" para serem vendidos na feira de Santarém, um percurso que o protagonista menino percorre com o tio, e que lhe vale o vislumbre de um luar que passará a guardar para sempre dentro de si.

Para assinalar esta data, e para que estes textos possam também ser degustados em ambiente familiar, preparamos um vídeo com a sua leitura (e mais uma de bónus).

(versão integral das obras apenas disponível para uso interno:
sala de aula e biblioteca escolar)


O que podemos fazer, em família, a partir destas leituras?

1. Conversar sobre o autor, ir na sua pegada e descobrir um pouco mais do seu percurso;
2. Visitar (virtualmente) alguns dos seus lugares: Azinhaga (Ribatejo), Lisboa, Estocolmo, Lanzarote...

3. Representar episódios da infância do autor, através de desenhos, colagens... (ou as suas "camas" ao relento presentes nestas obras);
4. Conversar sobre a infância e os avós do autor... comparar com outras realidades familiares (por exemplo com a nossa);
5. Fazer um painel de curiosidades sobre Saramago;
6. Construir um postal de aniversário para o nobel, inspirando-se nas ilustrações das últimas obras...


(Poderão encontrar mais ideias, na página da Biblioteca Escolar António Feijó, AQUI)

Desejamos a todos boas leituras e boas comemorações (e não se esqueçam de partilhar connosco as vossas criações, para inspirar outras famílias!)

Se gostam desta temáticas, espreitem também:

sexta-feira, 10 de junho de 2022

Feriados em família: é nacional e é muito bom!

Há um ano, neste dia, lançávamos na nossa página de facebook alguns desafios para festejar o dia de Portugal em família, ideia experimentada no âmbito do Programa ELF, e com provas de grande sucesso.

Hoje é um bom dia para recordar o belíssimo abecedário que a família Malheiro Costa elaborou, e que pode constituir um belo convite a percorrer o nosso país de A a Z!


Este original abecedário também pode servir de inspiração para outros, pois os muitos cantinhos do nosso país dão, certamente, para compor MUITOS e variados abecedários. Que tal um abecedário Portugal 2022, dando conta do "estado da arte" no nosso país? Ou de um abecedário temático, a partir de produtos gastronómicos, de festas e romarias, de santos padroeiros, de fauna e flora nacionais, de apelidos, de alcunhas...

 Enfim... a lista é mesmo infindável. Vamos a isso?

Poderão encontrar mais ideias, e também uma sugestão de leitura, AQUI.

Outros livros que convidam a percorrer o país e o mundo, AQUI.

E um conjunto de Abecedários Literários AQUI.

domingo, 20 de março de 2022

Porque hoje é o dia internacional da Felicidade

Quem nos segue bem sabe o quanto acreditamos numa Pedagogia da Felicidade, e o quanto cremos no poder dos livros para nos fazer felizes.
Não podíamos, pois, deixar passar esta emblemática data, o DIA INTERNACIONAL DA FELICIDADE, criada em 2013 e inspirada pelo Reino do Butão. 

Para assinalar este dia escolhemos Rio Acima, um belíssimo trabalho de Vanina Starkoff, editado pela Orpheu Negro.


Rio acima é um convite a deter o olhar no caminho, sem perder de vista o sonho. É um hino à alegria, à convivência humana, à paz e à entreajuda. É uma viagem pelas quatro estações, do ano e da vida, que se repete num ciclo sem fim. 


Rio acima recorda-nos o que verdadeiramente importa, acordando em cada um de nós o seu lado mais humano, mais sensível, aquele lado que nos faz iguais, navegantes do mesmo rio e tripulantes do mesmo barco, e nos ensina a vermo-nos no Outro.


Deixamos aqui o texto que vai preenchendo as belíssimas páginas desta obra, e que parece dirigir-se, particularmente, a cada leitor. Sabemos que a cada um levará uma mensagem especial, segredando-a ao mais íntimo do nosso ser. 

Rio Acima

Rio acima todos vão…

de barco, batel ou canoa.

vais ter de navegar

à tua maneira

e ao teu ritmo…

mas deixa-te levar

primaveras

verões

outonos e invernos

todos vais atravessar.

e mesmo rio acima o desejo é chegar ao mar

até o vento a favor te vai acompanhar.

rio acima ou mar adentro, vais acabar por encontrar…

a tua maneira e o teu ritmo…

se não deixares de sonhar.

(Vanina Starkoff)


Se quiserem conhecer a nossa seleção Para uma Pedagogia da Felicidade, espreitem:

Outra mão cheia de livros para uma Pedagogia da Felicidade

Especial Dia Internacional do Livro Infantil 2021

A todos desejamos que sejam (MUITO) felizes: com livros é muito mais fácil!

 [LMB]

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

O Natal dos (novos) livros

A magia do Natal pode manifestar-se de diferentes maneiras. Há um ano partilhávamos, através do nosso Calendário de Leituras de Advento, diferentes imaginários e representações do Natal na literatura para a infância (e não só).

(Podem revisitar o Calendário, com as 24 sugestões compiladas, AQUI).

Este ano, trazemos duas novidades, dois livros editados, em Portugal, no último trimestre de 2021: O Natal da Tia Josefina, de Michael Engler e Martina Matos e Floco de Neve, de Benji Davies.

Ambas as obras têm como cenário o Inverno e a Cidade. O Natal da Tia Josefina é protagonizado por uma humilde família de ratinhos que recebe, inesperadamente, a notícia da visita da tia Josefina, uma famosa assobiadora que há muito havia emigrado para a América e que tinha fama de ser alguém a quem era difícil agradar.

A família Ratatovsky não sabe como resolver o problema, uma vez que a falta de dinheiro não lhes permite nem viajar no Natal nem fazer uma festa à medida da Tia Josefina. 

Contracapa e pormenores do miolo de O Natal da Tia Josefina

Não conformadas com a situação, as crianças Ratatovsky, Gaspar e Felícia, decidem procurar ajuda. 

Acompanhamos, então, através das belíssimas ilustrações desta obra, a viagem dos dois irmãos pelos diferentes espaços comerciais da cidade e somos invadidos por um misto de nostalgia e de indignação, ao mesmo tempo que nos congratulamos com o inesperado êxito da missão.

Pormenores do miolo de O Natal da Tia Josefina

Talvez não estejamos preparados, contudo, para o surpreendente desfecho da narrativa...

Trata-se de um excelente livro para nos interrogarmos e interrogarmos o mundo.

Pormenores do miolo de O Floco de Neve

Em O Floco de Neve, o autor retoma um dos tópicos presentes noutras obras suas, a estreita relação entre os avós e os netos (falamos de outra obra do autor AQUI), cruzando-o com a primeira viagem de um tímido floco de neve.

À semelhança da obra anterior, percorremos as ruas da cidade pela mão de Noëlle e do seu avô, admiramos as lojas e as ruas iluminadas e partilhamos do desejo da menina: ter uma árvore de Natal tão bonita como a da montra.

Pormenores do miolo de O Floco de Neve

"Talvez para o  ano" é a resposta do avô. Noëlle recolhe então um pequeno ramo que encontra junto ao passeio e, em casa com a ajuda do avô, decora-o e coloca a pequena árvore à janela. Entretanto, o nosso tímido floco de neve experimenta a sensação de ser empurrado pelo vento, de ver a cidade iluminada e de não saber onde irá cair...
Na contracapa, o autor revela que se trata de "uma história sobre a magia dos encontros inesperados"... Que surpresa estará reservada a Noëlle?

Duas obras ternurentas que levam o Natal mais além, apresentando ao leitor interessantes pistas de reflexão.

Desejamos a todos vocês, que desse lado também acreditam que o Natal (assim como a vida) é melhor com livros, um doce e aconchegante Natal. 
Por cá, já sabem, entrem que estamos abertos!



Feliz Natal e felizes leituras!

(Outras sugestões de leituras de Natal: AQUI.)




terça-feira, 1 de junho de 2021

Vamos brincar com livros? Desafio Especial Dia da Criança

Estamos de parabéns e queremos fazer a festa convosco!

Foi no Dia da Criança de 2020 que nasceu a página FB Educação Literária na Família. Faz hoje um ano, e, por isso, estamos de parabéns! E como nestas coisas dos livros e da leitura (como, aliás, em tudo na vida) quanto mais damos, mais recebemos (mede-se em sorrisos e em partilhas que nos enchem a alma), hoje estamos aqui para DAR!


A página FB Educação Literária na Família nasceu, neste dia emblemático, com o propósito de TORNAR A LEITURA UM VALOR DE FAMÍLIA.

Acreditamos genuinamente na bondade dos livros e no contributo da leitura para a felicidade de grandes e pequenos.

Primeira publicação na página FB Educação Literária na Família

E, porque "a família é um lugar insubstituível no paulatino processo de educação literária de cada jovem", como referiu o Doutor Cândido Oliveira Martins, precisamente há um ano, neste dia, continuaremos a privilegiar a família enquanto primeiro (e principal) mediador de leitura.



Comentário FB de 1 de junho 2020

Vamos, então, comemorar juntos, com este Desafio Especial Dia da Criança?
Ao longo do mês de junho, mês da criança, lançamos a pequenos e grandes leitores o desafio de transformar livros em jogos!

É simples: a partir de um livro (encontram muitas sugestões nesta página) propomos a construção de um jogo. Pode ser um jogo inspirado em alguns jogos clássicos, como o jogo do galo, da memória, da glória... ou outro tipo de jogo.


Conhecemos bem a criatividade dos nossos pequenos e grandes leitores, e, por isso não temos qualquer dúvida de que nos irão surpreender!
Todos os trabalhos serão divulgados e os três melhores serão premiados!

Vamos brincar? (Com livros, o sucesso é garantido!)

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Primavera de Livros

Entre duas efemérides que nos são tão caras, o Dia da Terra, que comemoramos ontem, e o Dia do Livro, que comemoramos hoje, estas duas mãos cheias de livros são o nosso modo de prestar uma singela homenagem a estas duas Grandes Casas Comuns.


Selecionamos um conjunto de títulos que têm por base a temática das estações do ano.

São obras que nos convidam a (re)descobrir a essência, a abrandar, a aprender que tudo tem o seu ritmo e o seu tempo. Enquanto parte do mesmo cosmos, nós também somos seres de ciclos e de ritmos. Ritmos esses que parecem estar um pouco esquecidos, na verdade… 

Portanto, regressar às origens, através da literatura, poderá constituir um possível (e poderoso) meio de reflexão sobre o nosso lugar nesta Casa que é de Todos. 

Na imagem acima vemos quatro obras que fazem referência explícita, visível no título, às estações do ano. Curioso é o facto de começarem em diferentes estações, reforçando a ideia de ciclo e de uma visão circular do Universo

As Estações é uma edição da kalandraka datada de 2009, uma narrativa exclusivamente visual, sem texto, da autoria de Iela Mari (que foi originalmente publicado com o título A Árvore – pela editora Sá da Costa Infantil em 1973).

Esta narrativa começa no inverno, terminando na mesma estação, apresentando uma visão cíclica do tempo e da natureza. Apercebemo-nos das transformações na paisagem, ao longo das quatro estações, através da vida que acontece na árvore e em torno da árvore – debaixo da terra, à superfície, nos seus ramos…

Uma das duplas páginas dedicadas à estação da primavera na narrativa visual As Estações de Iela Mari

A Primavera é o Tempo a Crescer integra uma deliciosa coleção de quatro volumes, dedicada às quatro estações do ano, editada pela Sá da Costa Infantil, da autoria de Maria Isabel César Anjo e Maria Keil. Constitui um claro convite não só a redescobrir a natureza que se renova, mas também a estender o olhar sobre o Outro, como podemos ver, por exemplo, neste excerto 

“A primavera é o tempo bom dos meninos das barracas que tiveram muito frio no inverno”.

(Falamos de outras obras desta coleção AQUI, onde podem ser vistas as capas dos quatro pequenos volumes).

Capa e pormenor do miolo do livro de Maria Isabel César Anjo e Maria Keil.
 Em cima, à direita, excerto do texto A Floresta de Sophia de Mello Breyner, correspondente ao "passeio de Isabel pela  primavera".

A obra, cujo miolo apresentamos abaixo, é também da kalandraka, e tem como mote a peça musical de Vivaldi, 
As quatro estações. É da autoria de José Antonio Abad Varela e Emílio Urberuaga, e conta com a interpretação musical de Sara chang. Trata-se de um interessante diálogo entre a literatura e a música, do qual já falamos AQUIAQUI e AQUI.
Pelo olhar de um pequeno esquilo vermelho, percorremos, ao som de Vivaldi (pois são apresentadas sugestões dos andamentos que devem acompanhar a narrativa), as quatro estações, com algumas das suas mais emblemáticas características e acontecimentos que habitualmente lhes correspondem, como o acordar do urso na primavera, o calor abrasador e as sestas do verão, as vindimas e a caça no outono e o frio do rigoroso inverno. 
Nesta obra, dicotomias como nascimento e morte, alegria e tristeza… tornam naturais a sua presença ao longo da vida de cada ser, reforçando a questão dos ciclos e ritmos próprios da vida. A narrativa começa na primavera e termina no inverno, com esta sugestiva conclusão:

 “Foi então que começou a soprar o vento, acompanhado de água e neve que confirmava de novo a presença de um longo e frio inverno. Mas todos sabiam que a primavera acabaria sempre por voltar.”

Pormenor do miolo de As Quatro Estações (as duas primeiras duplas páginas - dedicadas à primavera).

Poemas para as quatro estações é uma coletânea de poesia da autoria de Manuela Leitão e Catarina Correia Marques, editada pela Máquina de Voar, em 2017. Trata-se de um livro muito bonito, com poemas para todas as estações e para todos os gostos. Já por cá passou, tendo dado corpo às Andorinhas, mensageiras de esperança, e tendo também integrado as Representações do verão na literatura infantojuvenil.

Aqui convivem animais, árvores, flores, frutos (muitos frutos!), mas também cá chegam outras vozes, como a de Sophia, por exemplo, no poema a menina de Sophia, e até alguns textos em jeito de receita, como “Edital para a hibernação”, “Receita para esperar o inverno”, ou ainda “Como fazer o melhor Castelo de Areia”. Escolhemos para partilhar, nesta primavera de livros, “Cerejas”, um poema da primavera: 

“Quando ela come cerejas, 

daquelas gordas, vermelhas. 

Põe sempre quatro ou cinco, 

como se fosse um brinco, 

a enfeitar as orelhas! 

(Eu sei, eu sei… A minha mãe às vezes parece uma criança!)”

Dois poemas da primavera, da obra Poemas para as quatro estações

Num registo diferente, O Livro dos Quintais, de Isabel Minhós Martins e Bernardo Carvalho, editado pela Planeta Tangerina em 2010, é uma viagem pelos 12 meses do ano, que tem como pano de fundo oito quintais, onde moram oito famílias diferentes, que o leitor acompanha nos seus mais distintos afazeres, ao ritmo das cores e da transformação da paisagem, ao mesmo tempo que tentamos localizar o "Gatuno" (um dos gatos que integrou a nossa seleção Aqui há gatos (literários) que miam em português).

Pormenor do miolo de O Livro dos Quintais: dupla página correspondente ao mês de março e à chegada da primavera.

Em língua inglesa, este livro pop-up intitulado Seasons é um autêntico hino à beleza de cada estação, recordando-nos que as estações continuam, efetivamente, a ser quatro, e não apenas duas, como por vezes, por descuido do olhar, somos tentados a acreditar...

Do pop-up Seasons, páginas dedicadas à primavera.

Neste segundo grupo de livros, cujas capas podemos ver na imagem abaixo, as estações do ano, a passagem do tempo e a visão de um universo circular são apresentadas a partir do ciclo de vida das sementes. 


Em Uma pequena Semente, um belíssimo livro-acordeão da autoria de Mar Benegas e Neus Caamaño, um trabalho de outubro 2020, da editora Akiara, acompanhamos, de um lado, a vida da semente enquanto semente (no interior da terra) e do outro, a sua vida, a partir do momento em que se tornou 

“um pequeno rebento que um dia, por fim, rasgou a terra e surgiu no mundo” 

até dos seus frutos cair nova semente e o ciclo recomeçar.


Nesta obra de Eric Carle, também de 2020, editada pela Kalandraka, A pequena Semente, o leitor é convidado a acompanhar a viagem de uma semente, desde o outono, momento em que se desprende da árvore, a conhecer as dificuldades por que passa até se tornar numa grande e exuberante planta, admirada por todos no verão, até à chegada, novamente, do outono, onde tudo passa e tudo recomeça. (Falamos desta obra AQUI).

Pormenor do interior do livro A pequena Semente, anunciando a chegada da primavera.

Podemos ver este mesmo ciclo na obra Começa numa semente, de Lara Knowles e Jennie Webber, de 2018, editada pela Fábula, à qual nos referimos em Dá Guarda(s) à Terra, no dia da Terra de 2020. 

Para além da delicadeza das ilustrações, de que é exemplo a imagem abaixo, apreciamos particularmente a página final, que se desdobra em quatro, apresentando de um lado a grandeza de algo que havia começado apenas numa semente, e, de outro, uma espécie de enciclopédia da árvore que o leitor acompanhou, com informação de caráter científico (estas páginas podem ser vistas AQUI).


Pormenor do interior do livro Começa numa Semente, correspondente à primavera.

Também da Planeta Tangerina, o livro de Isabel Minhós Martins e Yara Kono, de 2017, Cem sementes que voaram. Nesta obra destacamos a paciência e a sabedoria da árvore que viu partir as suas sementes e que soube ficar à espera, mesmo quando parecia que nenhuma tinha sobrevivido. E, na verdade, das cem sementes que voaram, apenas sobreviveram dez… uma opção que encerra, em nosso entender, uma mensagem profunda que em muito pode contribuir para uma maior compreensão e aceitação das leis do Universo. Também falamos desta obra AQUI.

Num tempo dominado pelo ecrã, pela velocidade, pela fragmentação de informação, e pela incerteza, estas leituras apresentam-se como um convite a abrandar, a refletir e a (re)descobrir a beleza e a grandeza do que nos rodeia. Como referiu Pedro Cerrillo, a boa literatura sempre nos ensina algo importante do mundo e da vida, com a sua capacidade de transformar o quotidiano em extraordinário e o estranho em familiar. E essa impressão de que ao ler aprendemos algo, sem saber muito bem o quê, a que se refere o mesmo autor, talvez seja afinal… a Felicidade.

Feliz dia mundial do Livro e felizes Leituras!

[LMB]