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segunda-feira, 14 de outubro de 2024

LER fora da escola: diário do projeto (2)

Os livros na família: observar, conversar e criar.

Foi este o tema de fundo no segundo encontro com as famílias do JI de Trovela, participantes do projeto LER fora da escola.

 À hora marcada, as mães foram chegando, envergando sorrisos e colocando na mesa os frascos do tempo. O entusiasmo era grande e contagiante, tendo resultado em generosas partilhas sobre as experiências em torno dos livros e da leitura, que foram tendo lugar ao longo da quinzena. 

Em resposta ao desafio do primeiro encontro, a criação de ambientes de leitura - espaço, tempo e sentido, o grupo falou das experiências de criação e organização dos cantinhos da leitura em cada família, da "nova" forma de ler, e, claro, dos frascos do tempo.


Momentos do 2.º encontro | Frascos do tempo

A grande novidade nos cantinhos de leitura foi a escolha do livro (ou livros) a expor. Descobrimos, por exemplo, que há livros com elevado valor afetivo, porque já passaram de mães para filhos, livros especiais que os manos mais velhos não deixam ao alcance dos mais pequenos... 

Mas a maior surpresa foi a revelação de uma mãe que confessou ter muitos livros mas nenhum que mexesse consigo como aqueles que tinham sido apresentados na 1.ª sessão do projeto. Esta mãe, emocionada, referia ter contado as histórias que ouviu, partilhando o efeito surpreendente que tiveram em toda a família. Esta família, para além de espaço e tempo, já descobriu (novo) sentido na leitura. E esta é, sem dúvida, uma das questões determinantes para fazer da leitura em família um valor e um hábito. 

Momentos do 2.º encontro | Frascos do tempo

Já os frascos do tempo permitiram sobretudo aumentar a consciência da importância do tempo de interação entre pais e filhos. Foram várias as mães que referiram ter pintado com os filhos, uma das atividades mais solicitadas, mas muitas vezes adiada por "falta de tempo" Brincar em conjunto, fazer "teatro", desenhar foram algumas das atividades referidas.

 A dinâmica em torno do frasco do tempo permitiu, paralelamente, trabalhar a gestão do tempo em família: uma mãe relatava o facto de os seus filhos se terem mostrado muito mais disponíveis para ajudar os pais em tarefas domésticas, de modo a libertar tempo para fazerem coisas em conjunto. Nesta família, o impacto foi tão grande que a mãe decidiu partilhar a sua experiência no local de trabalho, tendo passado a "oferecer" frascos do tempo a colegas e clientes.

Como podemos ver nas imagem acima, alguns frascos ganharam novos rótulos, "Tempo, o bem mais preciso" e "Doce Tempo" são expressões que constam de dois dos rótulos elaborados, e que refletem a importância que as famílias atribuíram ao tempo em conjunto. É ainda percetível a exploração do conceito "rótulo" no frasco "Doce Tempo". Nesta família, de acordo com o testemunho da mãe, pais e filhos estiveram a analisar diferentes rótulos de outros produtos alimentares. O rótulo elaborado, "Doce Tempo: temperado e adoçado pela família..." espelha o resultado desta "análise". Como refere Michel Desmurget, no seu recente trabalho Ponham-nos a Ler, a propósito da leitura em família, "divertimento, caso contrário, nada".

Os livros que vão rodar pelo grupo de famílias ao longo deste mês

A segunda parte desta sessão foi dedicada à apresentação de alguns livros e à exploração de possíveis estratégias de abordagem aos mesmos, em família.
Uma vez experimentada a exploração de elementos paratextuais, e testado o seu efeito ao longo da última quinzena, deixamos ao grupo um conjunto de sugestões para tirar ainda mais partido dos livros, enquanto meios privilegiados para observar, conversar e criar. 

Neste conjunto de obras, que integram a seleção 10 livros para o leitor em formação, disponível no Espaço dos Livros, encontramos diferentes representações da família, um tema próximo da criança e da família, que favorece a identificação e a interação.

Todos fazemos tudo

-  Criar diferentes famílias / grupos de pessoas, a partir do jogo com as “fatias” (oralmente).

-  Criar pequenas histórias baseadas nas personagens e ações do livro: por exemplo, a rotina de uma família ao longo de um dia; a rotina de uma pessoa ao longo de uma semana (escolher pessoas de diferentes idades: o avô, a criança, o jovem…); um dia nas férias, um dia noutro lugar do mundo (explorar a diversidade); (oralmente);

-  Criar, em conjunto, um minilivro ao jeito deste, representando, em tiras, os elementos da família e as diferentes tarefas da casa / jardim, etc. Brincar com o livro.

 Aqui estamos nós

-  Observar as ilustrações do livro, os pormenores, as palavras soltas e conversar sobre o que vão observando.

-  Incentivar a criança e outros elementos da família a indicar a sua página favorita, referindo porquê; a encontrar situações parecidas com as dos seus ambientes.

-  Comparar as páginas preferidas de cada um; registar algum excerto poderoso no diário do projeto.

 A Manta do José

Conversar sobre as diferentes transformações que o José e a Manta vão sofrendo, ao longo da história.

-  Conversar sobre as atitudes de cada personagem: o José, a mãe e o avô;

Escolher uma peça de roupa que já não tenha uso e dar-lhe uma nova vida: fazer uma bola, um rótulo para o frasco, uma capa para o diário, o forro de um boião, etc…


O grupo de watsapp mantém-se ativo e, à semelhança do que foi acontecendo depois do 1.º encontro, também desta vez foram sendo partilhadas algumas experiências decorrentes das leituras realizadas. Na imagem acima podemos ver uma atividade em família que cruza a utilização do "tempo do frasco" com a leitura do livro A Manta do José


Acompanhe este projeto na nossa salinha virtual.




quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

A magia do Natal nos livros

"É raro o autor de literatura infantil que, entre o seu repertório, não conte com uma ou mais obras sobre o Natal, quer na edição nacional, quer internacional. Podemos encontrar clássicos da literatura adaptados aos mais jovens, livros que privilegiam um imaginário mais voltado para o Pai Natal e outros mais centrados no imaginário religioso, onde a figura central é o Menino Jesus, e também livros onde convivem ambos os imaginários; livros que problematizam questões sociais, livros cuja tónica é a família, e livros que nos dão a conhecer o Natal de outras paragens; livros em prosa e livros em poesia, e também livros-brinquedo… Também em relação a este tema, há livros para todos os gostos. Sendo o Natal uma época que privilegia os encontros e convívios familiares, e, no nosso país, um tempo que convida ao aconchego da casa e da lareira, a leitura em família, de livros que tematizam o Natal, pode revelar-se uma experiência ainda mais intensa e transformadora, como o provam os testemunhos que se seguem." 

(Barros, 2022).

Calendário de Leituras de Advento volta a ser distinguido com o selo Escola Amiga da Criança (5ª edição) na categoria Família.

É assim que abre a secção A magia do Natal nos Livros em  Crianças Leitoras Famílias Felizes. Uma secção em que partilhamos testemunhos reais de famílias normais, que nos ajudam a acreditar na bondade dos livros. 

Índice completo AQUI

Para nos ajudar a viver melhor esta época, recuperamos o nosso Calendário de Leituras de Advento, iniciativa que fez um enorme sucesso na época natalícia de 2020, e que mereceu a distinção Escola Amiga da Criança em 2021, na categoria Literacias, e em 2022, na categoria Família. Podem recordar algumas das belíssimas criações inspiradas neste Calendário na nossa salinha "Trabalhos".

Uma das "surpresas" do Calendário. Há mais AQUI.


Podemos encontrar neste Calendário 24 sugestões de leituras de Natal, acompanhadas por 60 propostas de atividadesdesde tricotar uma mantinha para o menino Jesus, passando por confecionar e beber uma chávena de chocolate quente com o Pai Natal, construir um postal para oferecer a um vizinho, fazer poemas ou abecedários de Natal ilustrados, fazer bolachinhas para oferecer de presente, cantar, recolher tradições das Janeiras, até descobrir como se diz avó em três línguas diferentes, o leque é muito diversificado e garante bons momentos, quer em família, quer noutros contextos, como o escolar, por exemplo.

Alguns dos livros de Natal, de autoria nacional, do nosso Calendário.

Para além das 24 sugestões que espreitam deste calendário de leituras de advento, podem encontrar AQUI, mais dois títulos, de que falamos no Natal de 2021.

Alguns livros de Natal, de autoria internacional.


Vamos aproveitar a magia do Natal dos livros para viver mais intensa e genuinamente esta época tão especial. 

Aqui fica, então, em jeito de visita guiada, o roteiro pelas 24 janelas do nosso Calendário de leituras de Avento:



Boas leituras e até já!

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Representações da Família em José Saramago

Comemoramos hoje o centenário do nobel da literatura português, um nome incontornável, cuja obra parece não conhecer fronteiras etárias.

Saramago, que apenas escreveu uma obra destinada ao público infantil, A maior flor do mundo (mais informação AQUI) encontra-se hoje presente num número crescente de publicações de potencial receção leitora infantil. 

A juntar ao Silêncio da Água, um trabalho com ilustrações de Manuel Estrada que recupera um excerto de As pequenas memórias, e ao Lagarto, com ilustrações de J. Borges, que tem como pano de fundo um fragmento de A bagagem do Viajante, 2022 trouxe a lume dois novos trabalhos.


Uma Luz inesperada, um excerto da obra já referida, A Bagagem do Viajante, com ilustrações de Armando Fonseca, e Jerónimo e Josefa, um trabalho da Tcharan, com ilustrações de João Fazenda, que tem por base o discurso que José Saramago proferiu aquando da receção do prémio nobel, em 1998. 

Apesar de encontrarmos já em A Maior Flor do Mundo e O Silêncio da Água, a par da convivência íntima com os elementos da natureza, a alusão à família, nestes dois novos trabalhos, este tema ganha particular expressão. 

Jerónimo Melrinho (o homem mais sábio do mundo) e Josefa Caixinha (a mulher que tinha pena de morrer porque o mundo era "tão bonito"), avós do autor, apresentam-se no trabalho da Tcharan, com o auxílio das belas ilustrações de João Fazenda, como modelos de afeto e mestres da vida.

Uma luz inesperada, pode quase ser lido como uma "sequela" de Jerónimo e Josefa, atendendo ao tema de fundo: a vida dos avós de Saramago e o seu principal meio de subsistência, a "criação dos bácoros", desta vez já "prontos" para serem vendidos na feira de Santarém, um percurso que o protagonista menino percorre com o tio, e que lhe vale o vislumbre de um luar que passará a guardar para sempre dentro de si.

Para assinalar esta data, e para que estes textos possam também ser degustados em ambiente familiar, preparamos um vídeo com a sua leitura (e mais uma de bónus).

(versão integral das obras apenas disponível para uso interno:
sala de aula e biblioteca escolar)


O que podemos fazer, em família, a partir destas leituras?

1. Conversar sobre o autor, ir na sua pegada e descobrir um pouco mais do seu percurso;
2. Visitar (virtualmente) alguns dos seus lugares: Azinhaga (Ribatejo), Lisboa, Estocolmo, Lanzarote...

3. Representar episódios da infância do autor, através de desenhos, colagens... (ou as suas "camas" ao relento presentes nestas obras);
4. Conversar sobre a infância e os avós do autor... comparar com outras realidades familiares (por exemplo com a nossa);
5. Fazer um painel de curiosidades sobre Saramago;
6. Construir um postal de aniversário para o nobel, inspirando-se nas ilustrações das últimas obras...


(Poderão encontrar mais ideias, na página da Biblioteca Escolar António Feijó, AQUI)

Desejamos a todos boas leituras e boas comemorações (e não se esqueçam de partilhar connosco as vossas criações, para inspirar outras famílias!)

Se gostam desta temáticas, espreitem também:

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Criações de Outono ou uma Fábrica de Histórias

A culpa foi (toda) do cogumelo...

E também das folhas que começavam a atapetar o chão com as cores douradas do outono... 

E do coelho e do gnomo...

(E os livros também foram cúmplices)

E, assim como quem brinca, abrimos uma fábrica de histórias (por culpa do cogumelo).


O desafio foi lançado em meados de novembro nas nossas páginas de facebook e de instagram. Como se de um puzzle se tratasse, a cada dia fomos oferecendo uma peça para criar narrativas. A Fábrica de Histórias estava, oficialmente, aberta.




E, como prometido, divulgamos os trabalhos.

A Biblioteca Especial é uma história saída desta fábrica, da autoria de seis crianças, que contou no "comando das máquinas" com a voluntária da leitura Marília Malheiro, uma mãe ELF e uma grande entusiasta dos livros, das histórias e da leitura. Uma criadora de mundos e uma fazedora de sonhos. 

A Marília contou-nos como foi:

"Sugeri ao grupo a construção de uma história a partir de imagens. Adoraram a ideia. (...)

Eles analisaram tão bem cada imagem, que viram coisas que a mim não me pareciam assim tão importantes, como por exemplo, o título dos livros que apareciam em cada imagem. Daí, termos chegado à história do Coelhinho branco…

A última imagem foi a que gerou mais controvérsia.  Uns diziam que o gato era o monstro que vinha e matava as personagens e acabava com tudo, outros diziam que o gato era bom e amigo. Por isso tivemos que arranjar uma forma de dar a volta à situação."

Voluntários da Leitura na EB de Trovela

E assim nasceu A Biblioteca Especial, um lugar habitado pelo Elfo Guilherme e pelo Coelho Celestino, que vão descobrir um poder especial, uma história que podem conhecer na íntegra na nossa salinha dos Trabalhos.

Até ao final do outono, podem ainda fazer-nos chegar as vossas criações. Temos uma bela surpresa para a história mais original!



quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Como tomar conta de um Capuchinho Vermelho | Especial Regresso às Aulas

Ainda que o outono se possa começar a anunciar, setembro cheira sempre a novo! São cadernos novos, livros novos, amigos novos, professores novos, e também, naturalmente, histórias novas!

Imagem 1: levanta-se o véu de Como tomar conta de um Capuchinho Vermelho


Não raro, aparecem pedidos de sugestões de livros sobre questões inerentes à entrada para a escola ou ao regresso às aulas, como o medo, a amizade, a integração, etc... Quem nos acompanha, sabe que somos um bocadinho "avessos" a "livros para...", uma vez que consideramos que um bom livro será sempre "bom para...": para alimentar o imaginário, a dimensão humana e a essência leitora de cada um, para nos fazer pensar e para nos fazer felizes (falamos destas questões AQUI e AQUI). 

A questão que consideramos verdadeiramente fulcral é que a leitura de bons livros faça parte das rotinas diárias de todas as salas de aula e de atividades, e de todos os lares, e que gere momentos felizes. Que pais e professores não deixem de ler aos seus filhos / alunos, só porque chegaram ao 1º ano (assunto de que falávamos há um ano por esta altura em Vou para a escola, vou aprender a ler), e que a riqueza e diversidade da atual produção literária para a infância chegue, efetivamente, ao seu destinatário.

Imagem 2: dois exemplos de textos que respeitam as versões "originais" do conto popular Capuchinho Vermelho. Com base no texto de Charles Perrault, Le Petit Chaperon Rouge, ilustrado por Christian Roux (texto em língua francesa); Com base no texto dos Irmãos Grimm, um livro que se apresenta em três línguas (português, francês e inglês), versão portuguesa de Eugénio Roda e ilustrações de Hassan Ameikan.


Como tomar conta de um Capuchinho Vermelho, título que escolhemos para esta "rentrée", é uma ideia da autoria de um pequeno (mas voraz) leitor, de apenas três anos, o Lourenço, que, em resposta à banalíssima pergunta "Que história leste ontem?", respondeu prontamente: "Como tomar conta de um Capuchinho Vermelho".

Imagem 3: pormenor do miolo de Le petit chaperon rouge (versão de Charles Perrault)

Este inusitado "título" resultou da junção de três outros títulos, O Capuchinho Vermelho (que chegou à Biblioteca do Lourenço no seu sexto mês), Como tomar conta de uma avó e Como tomar conta de um avô, de Jean Reagan, que este pequeno leitor havia recebido no dia dos avós.

Ficamos a pensar que este (novo) título dava, efetivamente, uma(s) boa(s) história(s)... e, decidimos, então, transformá-lo num conjunto de ideias para este regresso às aulas.

Partindo do conto popular mais emblemático de todos os tempos, o Capuchinho Vermelho, que deverá ser do conhecimento da grande maioria das crianças, e, portanto, um elo unificador, podemos enveredar por distintas explorações em torno da questão "Como tomar conta de um Capuchinho Vermelho?" Aqui ficam algumas.

Imagem 4: conjunto de reescritas atuais de O Capuchinho Vermelho


Ideia 1

Esta atividade pode ser feita de forma simples, em jeito de conversa onde as crianças vão apresentando ideias e sugestões para "tomar conta do Capuchinho", ao jeito da autora de Como tomar conta de uma avó (como seria passar um dia com o Capuchinho Vermelho), ou livremente. As ideias podem ser representadas em desenho ou escritas (por exemplo em post-its), que depois poderão dar origem a um original painel.

(Na imagem 2 estão dois exemplos de textos que respeitam as versões "originais" do conto popular, tendo por base os textos de Charles Perrault - séc. XVII, e dos Irmãos Grimm- séc. XIX).

Ideia 2

Com crianças mais velhas, podemos transformar a atividade num diálogo reflexivo sobre questões como: 

- Por que motivo precisa o Capuchinho Vermelho que alguém tome conta de si?

- O que é preciso vigiar?

- Será uma missão perigosa? 

- Será um trabalho divertido? 

- Por que devo (ou não) fazê-lo?  

- O que posso ganhar com isso?

Ideia 3

Associando este emblemático conto, e cruzando, por exemplo, algumas das suas reescritas, poderá ser divertido imaginar e criar Uma escola para Capuchinhos Vermelhos, que poderá, depois, ser transformada numa bela maquete.

- Onde se localizaria esta escola? 

- Como seria o espaço? As salas, a biblioteca, a cantina... a decoração?

- Que matérias / disciplinas se aprenderiam nessa escola?

- Quem seriam os professores?

- Quais seriam os jogos de recreio?

- Onde seriam as visitas de estudo?

- (...)

(Na imagem 4 encontram-se alguns títulos de reescritas atuais do conto O Capuchinho Vermelho, que poderão servir de base à atividade)

Ideia 4

Partindo do contexto que gerou esta atividade, poderão ser criados outros títulos, que incluam o Capuchinho Vermelho e outras histórias conhecidas das crianças. No caso de o repertório de obras não ser muito vasto, poderá ser feita uma seleção prévia de livros). Poderão surgir títulos como "Adivinha quanto eu gosto do Capuchinho Vermelho" (cruzando com o título Adivinha quanto eu gosto de ti), "Papá, por favor, apanha-me o Capuchinho Vermelho" (cruzando com Papá, por favor, apanha-me a lua), "Capuchinho Vermelho das Meias Altas" (cruzando com o clássico Pippi das Meias Altas), etc. 

Imagem 5: três obras para trabalhar questões de estereótipos. Por que razão o lobo é sempre o vilão? Terá mesmo de ser assim? (Uma ideia para uma outra versão da atividade: "Como tomar conta e um lobo?")

Para que não faltem ideias para preparar um ano de boas e diversificadas leituras, em casa com a família, ou na escola, deixamos ainda, para este especial regresso às aulas, dez seleções de obras, organizadas por temas, que poderão integrar as vossas escolhas. 

Livros para uma Pedagogia da Felicidade (1)

Livros para uma Pedagogia da Felicidade (2)

Representações da Criança na Literatura para a Infância 

As crianças que moram nos livros

Ritmos e ciclos da Natureza: Primavera de Livros

Ritmos e ciclos da Natureza: Representações do verão na Literatura para a Infância

Ritmos e ciclos da Natureza: Livros e ideias para celebrar o outono 

Natal: Calendário de Leituras do Advento

Família: Os avós das histórias e das memórias

Família: Que avós povoam a atual literatura para a infância?


A todos desejamos um bom ano letivo, repleto de boas leituras!

                                                                                            [LMB]

sexta-feira, 18 de junho de 2021

Leituras de ir à bola: Força Portugal!!

Não há assunto que não possa ser encontrado na literatura infantojuvenil. E o futebol não é exceção. 
Em jeito de apoio à Seleção Portuguesa de Futebol, aproveitamos a onda de entusiasmo que marca o Campeonato Europeu de Futebol, que está a decorrer, e apresentamos um conjunto de sugestões de leitura e de atividades (giras), em torno do Euro (e dos livros, claro), para realizar em contexto família, e não só, pois poderão também ser boas ideias para tornar inesquecíveis estas últimas semanas de aulas.
Esta seleção de livros reúne três GRANDES nomes da literatura portuguesa para a infância, José Jorge Letria, Matilde Rosa Araújo e António Torrado
Da sua vastíssima obra sobre os mais diversos temas (alguns dos quais já por nós tratados, AQUIAQUI, AQUIAQUI, AQUI e AQUI), escolhemos, de José Jorge Letria, duas divertidas obras, que são a prova de como a mestria e a arte no uso da palavra podem transformar qualquer assunto "banal" num extraordinário trabalho.   

Miolo da obra Os Cromos da Bola de José Jorge Letria e Afonso Cruz

Na sua obra Os Cromos da Bola, que conta com fabulosas ilustrações de Afonso Cruz, José Jorge Letria apresenta um conjunto de 18 poemas, que representam 18 "figuras emblemáticas" do futebol: o goleador, o guarda-redes, o defesa, o craque, o avançado, o treinador, o presidente do clube, o árbitro, o selecionador, o massagista, o treinador de bancada (que é o nosso preferido), o apanha-bolas, o jornalista desportivo, o sócio 999, o chefe da claque, a adepta frenética, o político da bola, e o empresário.
Através de divertidos jogos de linguagem, onde se mistura "a língua do futebol" com as mais variadas achegas a este desporto, dadas, muitas vezes, através de pormenores na ilustração, como podemos ver na imagem acima, os autores apresentam um trabalho cheio de cor e de humor.

Limitados a assistir aos jogos em casa, longe dos estádios, as "bancadas" ficaram despidas dos seus famosos "treinadores", que apenas podem exercer o seu ofício a partir do sofá. Não resistimos, por isso, a partilhar aqui um excerto do texto que lhes é dedicado, o treinador de bancada:

     De táticas sabe tudo
     mesmo sem ter feito o curso
     mas às vezes na bancada
     faz é figura de urso.

     Não consegue estar de acordo
     com o que pensa o treinador;
     se fosse ele a mandar
     a pontuação era melhor.

     É campeão dos palpites
     sem medo de se enganar
     e tem razões para isso
     pois nada tem a arriscar.
    (...)

Ideias para brincar a partir deste livro:

1. A partir dos títulos dos poemas, podem ser realizados originais Abecedários ou Dicionários do futebol, que podem ser enriquecidos com ilustrações ou colagens (os folhetos de supermercado trazem inúmeros motivos alusivos). Podem inspirar-se nos Abecedários Literários que partilhamos AQUI. 

Miolo da obra Histórias de ir à bola, de José Jorge Letria e Joana Quental

Oito contos curtos compõem a segunda sugestão de José Jorge Letria, Histórias de ir à bola, que conta com ilustrações de Joana Quental
Bem sugestivos, e cheios de intertextos, estes contos trazem novas possibilidades para o universo do futebol. Desde O árbitro que engoliu o apito (excerto na imagem abaixo), passando por De quem é a bola?, pelo Golo de Pélé (a história de uma mascote canina que acabará por ser o responsável pela subida do Chuteiras Futebol Clube à divisão nacional), por Anjos e Diabos (um conto com recado para os árbitros), pela Lição do Pombo Nicolau (que deixou um presente malcheiroso no boné do guarda-redes), por Meia bola e força, Bola só há uma (um conto com personagens inusitadas como Zé Maria Bonifrate), por Toca a ver os golos (excerto na imagem acima), até Águia, leão e dragão, que relata um divertido almoço de três animais do jardim zoológico, todos os contos se revelam uma grande surpresa. 

Miolo da obra Histórias de ir à bola, de José Jorge Letria e Joana Quental

Ideias para brincar a partir desta obra:

2. Ao jeito dos textos de José Jorge Letria, podem ser criados pequenos contos relacionados com o futebol, usando, contudo, elementos diferentes, como por exemplo um jogo de futebol protagonizado por animais de diferentes espécies, por personagens dos contos tradicionais, por alimentos, por objetos, onde cada um ocupa uma posição e assume uma função no campo. Será, certamente, uma experiência de escrita criadora bem divertida!



Não poderíamos deixar de incluir, nas nossas propostas de leitura, um texto de Matilde Rosa Araújo, cujo centenário de nascimento comemoramos este mês. Escolhemos dois poemas da obra Mistérios, ilustrada por Alice Jorge: A Laranja e Golo, que podem ser lidos na imagem acima. Escolhemos A Laranja por ser um fruto nosso, que também tem forma de bola, e que pode representar o nosso país / a nossa seleção. E Golo, porque sem golos não há futebol!
Estes poemas são, ainda, um bálsamo para a ansiedade típica dos campeonatos de futebol, pela calma que as suas palavras têm dentro, e encerram uma mensagem que bem poderíamos adotar para estes (e outros) momentos: "não há perder nem ganhar (...)".

Ideias para brincar apartir desta coletânea de poemas:

3. Partindo da Laranja como fruto tipicamente português, propomos uma volta ao euro em 24 frutos (para os mais corajosos), ou em 11 frutos (para os menos aventureiros), que representem os países (24) que participam no campeonato europeu, ou as cidades (11) onde decorrem os jogos. Outras variantes desta proposta, poderão passar por volta ao mundo em 24 (ou 11) receitas,  monumentos, danças, provérbios, formas de saudação, curiosidades, etc (a imaginação é o limite).


Miolo da obra O elefante não entra na jogada, de António Torradoe Zé Paulo

A encerrar as nossas sugestões de leituras de ir à bola, trazemos, também em jeito de homenagem a António Torrado, um grande nome da literatura infantojuvenil portuguesa, que nos deixou há uma semana, O elefante não entra na jogada, uma obra com ilustrações de Zé Paulo. 
Trata-se de uma narrativa muito bem construída, como o são todos os textos do autor, que começa assim:

"Era de azar. A menos de uma semana para o desafio, o jogo, o despique, o confronto, o duelo entre o Riscadinho Futebol Clube e os Soquetes de Alpercatas, futebolistas temíveis de além-além-além fronteiras, e o guarda-redes do Riscadinho a dizer que não arriscava.
- Não arrisco e não arrisco - gritava ele, todo despenteado, numa grande crise de nervos. (...)"

É a partir daqui que, mediante a necessidade de aranjar outro guarda-redes, a narrativa se desenrola num desfilar de potenciais "substitutos" bem inusitados, como podemos ver pelo excerto na imagem acima.

Ideias para brincar a partir desta narrativa:

4. Imaginar e construir equipas de "futebol de bairro", utilizando alcunhas. Representar essas equipas em campo, em desenho ou em maquete, ilustrando, por exemplo, ao jeito de Afonso Cruz (ver a obra Os Cromos da bola - acima).

(Falamos de António Torrado no nosso Calendário de Leituras de AdventoAQUI).

Créditos imagem: O Observador

Outras ideias para brincar ao Euro, a partir dos livros:

5. Elaborar o Bilhete de Identidade de cada país participante: capital, bandeira, língua... Nas nossas sugetões Livros que convidam a percorrer o mundo, podem encontrar ideias e informação complementar para esta sugestão.

6. Preencher um mapa da Europa com os países participantes (imagem abaixo) ou com as cidades onde se realizam os jogos do campeonato (imagem acima). Mapas da Europa para o efeito podem ser encontrados AQUI.

Créditos imagem: O Observador

7. Elaborar um álbum do Euro com recurso a recortes de notícias, a imagens, a excertos de entrevistas, a curiosidades...

8. Escrever o Diário do Euro ou apenas o Diário dos jogos de Portugal.



Aventurem-se e façam-nos chegar os vossos trabalhos, pois todos terão lugar por aqui. E, quem sabe... não terão ainda uma bela surpresa?
A todos desejamos boas leituras, e...
Força Portugal!
[LMB]