À janela 15 está um livrinho que completa a nossa seleção de obras para este calendário, que junta o imaginário do Pai Natal com o do Menino Jesus. Trata-se de um belo texto poético escrito por João Pedro Mésseder e ilustrado por Gabriela Sotto Mayor, e tem por título O Pai Natal e o Maiúsculo Menino.
(As obras que completam este trio espreitam da janela 5 e da janela 8).
Sob a forma de poesia narrativa, e com recurso a
ilustrações que ampliam a leitura do texto verbal, este trabalho reaviva
memórias de Natais idos, convocando, para o mesmo cenário, imagens muito
contemporâneas associadas a esta época, resultando num interessante convite à
reflexão, pintalgado por subtis notas de humor.
"No meu tempo de menino
existia outro menino,
um maiúsculo menino
que era o Menino Jesus"
(É assim que começa esta "história").
O relato
verbal, feito na primeira pessoa, deixa transparecer a nostalgia que o narrador
sente em relação aos Natais da sua infância, habitados pela simplicidade
advinda da figura do Menino Jesus, em oposição aos Natais consumistas de hoje
que parecem não deixar espaço para os presentes mais importantes, aqueles que
não podem ser embrulhados em papel porque moram no coração de cada ser.
O Pai Natal é, efetivamente, apresentado como alguém que aparece na nossa cultura muito mais tarde:
"De um senhor de barbas brancas,
Um maiúsculo Papá
vindo dos confins do Norte,
só mais tarde ouvi falar."
Ao longo da narrativa, encontram-se muito presentes os contrastes entre consumismo exacerbado e pobreza extrema, alusões que não passarão despercebidas ao pequeno leitor, como podemos ver pelo seguinte excerto:
“E entre grande confusão
nas casas ricas deixar
sempre mais do que é preciso;
e nas pobres, por azar,
um pouco mais do que nada
e uma tristeza a pairar.”
Não nos parece, contudo, que seja intenção dos autores retirar mérito à figura do Pai Natal, de quem, aliás, o narrador confessa sentir pena do seu “não acabar de
aflições”, mas antes enquadrá-lo numa
paisagem mais equilibrada (e mais Humana).
A
nostalgia que, ao longo da obra, se vai corporizando ora numa certa
revolta, ora numa espécie de aceitação do inevitável (ou dos sinais dos
tempos), culmina numa reflexão / convite à ação, materializada numa carta ao
Pai Natal, onde talvez seja possível, se assim o desejarmos, o equilíbrio (imagem abaixo).
(Este livrinho é particularmente especial para nós, pois fez parte dos 25 magníficos que deram corpo ao Programa ELF - edição inaugural, tendo integrado o tema História e Efemérides).
E, para além da leitura, o que sugerimos?
1. Duas Meias de Natal: convidamos-te a desenhar duas meias de Natal, uma para o Pai Natal e outra para o Menino Jesus, e a colocar lá dentro um presente (também desenhado) para cada um deles (se preferires, podes escrever). O que gostariam eles de receber? Porquê?
2. Um Natal da infância dos meus pais ou dos meus avós. Tal como o narrador desta obra, os teus pais e/ou avós também terão saudades dos natais de quando eram crianças. "Veste-te" de jornalista e pede-lhes que te contem um pequeno episódio que esteja associado ao Natal da sua infância, e que recordem com particular carinho. Podes até começar um caderno de memórias, onde continuarás a registar pequenas histórias que os teus familiares te contam.
E partilha connosco (claro)!
Boas leituras e até ao dia 16!
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