terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Calendário de Leituras de Advento | Dia 22

À janela do nosso calendário está hoje uma menina muito especial, chama-se Allumette e vive num livro escrito e ilustrado por Tomi Ungerer, com o mesmo título. 

Falamos já desta obra a propósito das Representações da Criança na Literatura para a Infância, e referimo-nos, na altura, ao inconformismo de Allumette, que, ao contrário da "Rapariguinha dos Fósforos", de Hans Christian Andersen, texto que está na origem deste magnífico trabalho de Ungerer, não se resigna ao seu destino de pobreza. 

Allumette não quer morrer de fome nem de frio, ela QUER MUITO VIVER. E a força do seu desejo vai, efetivamente, levá-la não só a VIVER como a iluminar "qualquer lugar onde haja fome, incêndios, inundações ou guerra", como curiosamente sugerem as guardas desta obra (imagem abaixo).  

E, se a narrativa textual se inicia de um modo muito semelhante ao texto de Andersen, como podemos ver na imagem abaixo, já as ilustrações oferecem ao leitor uma visão capaz de ampliar a leitura deste conhecido texto.  As realidades que enformam a vida da cidade, apresentadas em dualismos contrastantes, fazem sobressair desigualdades gritantes que o poder político teima em encobrir.

Já passaram pelo nosso calendário outras obras cujo cenário natalício é utilizado para dar voz a problemáticas sociais que se tornam particularmente visíveis em épocas ditas mais solidárias. É o caso, por exemplo, de Cântico de Natal (janela 6), Histórias da minha Rua (janela 10) e Desejos de Natal (janela 12) 

A narrativa muda de rumo, distanciando-se do clássico de Andersen, quando o forte desejo de Allumette de "provar um pouco de bolo, ou uma fatia de peru, ou um bocado de presunto" é concedido de imediato, e literalmente: do céu começam a cair coisas (tudo o que a menina desejara e mais ainda, muito mais! - imagem abaixo).

Tal abundância, e tão inesperada, vem pôr a descoberto a pobreza da cidade, como podemos ver na imagem abaixo, deixando o presidente da câmara muito irritado:

"- Este desfile de gente repugnante que se esqueceu a que lugar pertence é uma vergonha para a reputação da nossa cidade!"

E é então que Allumette, ajudada pelo pasteleiro e pela sua mulher, acaba por dar uma valiosa lição aos homens do poder, conseguindo organizar e distribuir todos os bens que o céu lhe dera, movimento que gerou uma corrente de solidariedade de tal ordem que a nossa (inconformada) heroína acaba por fundar a Luz sem Fósforos, uma fundação mundial de ajuda humanitária.


E, para além da leitura, o que sugerimos?

1. Caixas de Fósforos que contam histórias: recuperando uma caixa de fósforos vazia, decora-a criando um pequeno mundo da imaginação baseado nesta história. Poderás desenhar uma capa para a caixa, inspirando-te em algum momento da narrativa, escolher algumas palavras da história, que consideres mais inspiradoras, registá-las em pequenos cartões e colocar dentro da caixa, representar uma passagem da narrativa em papel que podes dobrar em forma de acordeão e fazer sair de dentro da caixa... (ou outra ideia que te ocorra!)

2. A minha Fundação. Imagina que, tal como Allumette, decidias criar uma fundação. Quem gostarias de ajudar? Que nome teria a tua fundação? (também podes representá-la numa caixa de fósforos).

Continuem a partilhar connosco a vossas experiências! Podem espreitar alguns dos trabalhos que nos vão chegando: AQUI).

Boas leituras, e até ao dia 23!

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