quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Calendário de Leituras de Advento | Dia 24

Chegamos à última janelinha do nosso Calendário. E para preencher este dia trazemos uma das grandes pérolas da Literatura de Natal, em Portugal: Sonhos de Natal de António Mota, com ilustrações de Júlio Vanzeler. E, porque hoje é a noite de Natal, juntamos uma agradável surpresa à nossa sugestão.

Esta obra, assim como as que apresentamos nas janelas 7,9,10,17,20, 21 e 23, versa sobre um imaginário religioso, mais voltado para a figura do Menino Jesus.

Trata-se de um exemplo paradigmático da recriação do universo mágico em torno da elaboração do presépio em ambiente rural, bem como de toda a envolvência característica da época em tempos idos, dos aromas e sabores da gastronomia tradicional do Natal, passando pelos sonhos dos presentes que o menino Jesus trazia, culminando na reunião familiar que traz de longe o pai emigrado no Brasil, evocando Natais de outras épocas.

A história, contada na primeira pessoa (imagem acima), começa com a descrição de Pedra da Hera, a pequena aldeia que vai servir de cenário à narrativa, nos dias que antecedem o Natal. 

A sensorialidade que emerge do texto verbal é ampliada pelas belíssimas ilustrações de Júlio Vanzeler, resultando num interessante quadro de autenticidade. 

O círculo afetivo de Manuel, o narrador, compõe-se da avó Mariana e da mãe (com quem vive), do senhor Afonso, o vizinho que faz as melhores pataniscas, do Sr. Martins (o carteiro), dos amigos Ana, Joana, Pedro e Ricardo, e completa-se com o pai, que Manuel apenas conhece de um retrato que está pendurado na parede da sala (e das cartas).

E é precisamente com a chegada de uma carta do pai que têm início as férias de Natal de um ano que Manuel nunca mais esquecerá (imagem abaixo).  

Nos dias que antecedem o Natal, Manuel e os amigos vivem, intensamente, todos os preparativos para a festa. Da ida ao musgo, passando pelo ritual de fazer o presépio (um ritual quase mágico em que as figuras parecem ganhar vida), até à partilha da lista de presentes que os cinco amigos tinham pedido ao Menino Jesus (excerto na imagem abaixo), tudo é vivido de um modo quase sagrado, como que a preparar o grande momento... 

E o grande momento chega no dia 24 de dezembro:


"Já não têm conta as vezes que sonhei acordado. E muitos sonhos compartilhei com os meus amigos.

Mas nada foi tão especial como aquele dia que calhou a 24 de dezembro desse ano que agora relembro."

O dia começa com os afazeres habituais... (Na imagem abaixo podemos ler um excerto do relato das rotinas de Manuel, num registo revelador da sensibilidade que caracteriza a escrita do autor).


E é quando Manuel regressa que vai viver o momento mais marcante da sua vida.

"Quando cheguei ao largo da Pedra da Hera vi a Ana, o Pedro, a Joana e o Ricardo, o velho táxi do senhor Joaquim a largar fumo e um homem alto e magro, de fato e gravata. Esse desconhecido ajudava o senhor Joaquim a retirar do velho táxi uma grande mala castanha. Três malas estavam amontoadas no chão.
Ao ver-me, o senhor Joaquim disse de dedo apontado:
- Ó Zé, olha quem está ali!
O homem alto e magro olhou para a minha mãe e depois para mim. Abriu os braços e começou a caminhar devagarinho. Eu estava bem colado à minha mãe e vi que ele tinha os olhos bem brilhantes e sorria. 
Aqueles braços abertos vieram enlaçar-se na minha mãe. Estiveram muito tempo abraçados. E um manto de silêncio envolveu o largo."
(...)


"Depois o homem olhou para mim. E, de repente, pegou em mim, atirou-me ao ar, como se eu fosse um pássaro, e acabei por cair nos seus braços. Apertou-me contra o seu peito. E eu apercebi-me que os nossos corações batiam com muita força.
- Não dás um beijo ao teu pai? (...)"

E como é dia 24, depois deste terno momento, a narrativa completa-se com a descrição da consoada, das iguarias gastronómicas, dos jogos típicos do Natal e do alegre convívio familiar, (imagens acima e abaixo) culminando na descoberta dos presentes que o Menino Jesus deixara, na manhã no dia 25.

E porque hoje é a noite de Natal, e os nossos pequenos leitores estão ansiosos por saber que presentes recebeu o Manuel, temos uma surpresa para eles. Essa parte da história é revelada pela voz do próprio autor, António Mota, que, generosamente, aceitou o nosso convite para presentear as famílias ELF com esta maravilhosa leitura: 

E assim, com moldura de ouro, se completam as 24 Leituras de Advento do nosso Calendário.



E, para além da leitura, o que sugerimos?

1. Iguarias de Natal. Hoje desafiamos-te a acompanhar os preparativos para a ceia de Natal. Podes até ajudar a confecionar algum doce! Tira uma fotografia e envia-nos, contando-nos um pouco da história dessa receita. Como veio parar à família? Com quem é que a mãe ou o pai aprenderam a fazê-la?

2. Jogos de Natal. Que jogos de família são tradição em tua casa, nesta noite? Também conheces o "Par ou Pernão"? Partilha connosco: adoramos conhecer tradições familiares!

3. O Natal especial de 2020. Imagina-te, tal como o Manuel, quando já fores mais crescido, a contar como foi o Natal de 2020, um ano bem diferente. Escreve um pequeno texto onde relates algum pormenor em particular. Se quiseres, podes acompanhá-lo de uma fotografia.

4. Se ainda não fizeste o teu abecedário ou dicionário de Natal, aproveita esta noite. Podes envolver a família e, quem sabe, não nasce daqui mais uma tradição de Natal. Inspira-te AQUI e AQUI .

(Sabias que António Mota também tem um livro intitulado Dicionário das Palavras Sonhadoras? E sabias que o autor é um grande amigo ELF e que esteve presente nas comemorações dos 10 Anos aLER+ no Agrupamento de Escolas António Feijó: foi um grande momento, podemos recordá-lo AQUI e AQUI.)

Ficamos à espera das vossas partilhas! É já amanhã que vamos oferecer os nossos brindes de Natal...

UM FELIZ NATAL!

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