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segunda-feira, 14 de outubro de 2024

LER fora da escola: diário do projeto (2)

Os livros na família: observar, conversar e criar.

Foi este o tema de fundo no segundo encontro com as famílias do JI de Trovela, participantes do projeto LER fora da escola.

 À hora marcada, as mães foram chegando, envergando sorrisos e colocando na mesa os frascos do tempo. O entusiasmo era grande e contagiante, tendo resultado em generosas partilhas sobre as experiências em torno dos livros e da leitura, que foram tendo lugar ao longo da quinzena. 

Em resposta ao desafio do primeiro encontro, a criação de ambientes de leitura - espaço, tempo e sentido, o grupo falou das experiências de criação e organização dos cantinhos da leitura em cada família, da "nova" forma de ler, e, claro, dos frascos do tempo.


Momentos do 2.º encontro | Frascos do tempo

A grande novidade nos cantinhos de leitura foi a escolha do livro (ou livros) a expor. Descobrimos, por exemplo, que há livros com elevado valor afetivo, porque já passaram de mães para filhos, livros especiais que os manos mais velhos não deixam ao alcance dos mais pequenos... 

Mas a maior surpresa foi a revelação de uma mãe que confessou ter muitos livros mas nenhum que mexesse consigo como aqueles que tinham sido apresentados na 1.ª sessão do projeto. Esta mãe, emocionada, referia ter contado as histórias que ouviu, partilhando o efeito surpreendente que tiveram em toda a família. Esta família, para além de espaço e tempo, já descobriu (novo) sentido na leitura. E esta é, sem dúvida, uma das questões determinantes para fazer da leitura em família um valor e um hábito. 

Momentos do 2.º encontro | Frascos do tempo

Já os frascos do tempo permitiram sobretudo aumentar a consciência da importância do tempo de interação entre pais e filhos. Foram várias as mães que referiram ter pintado com os filhos, uma das atividades mais solicitadas, mas muitas vezes adiada por "falta de tempo" Brincar em conjunto, fazer "teatro", desenhar foram algumas das atividades referidas.

 A dinâmica em torno do frasco do tempo permitiu, paralelamente, trabalhar a gestão do tempo em família: uma mãe relatava o facto de os seus filhos se terem mostrado muito mais disponíveis para ajudar os pais em tarefas domésticas, de modo a libertar tempo para fazerem coisas em conjunto. Nesta família, o impacto foi tão grande que a mãe decidiu partilhar a sua experiência no local de trabalho, tendo passado a "oferecer" frascos do tempo a colegas e clientes.

Como podemos ver nas imagem acima, alguns frascos ganharam novos rótulos, "Tempo, o bem mais preciso" e "Doce Tempo" são expressões que constam de dois dos rótulos elaborados, e que refletem a importância que as famílias atribuíram ao tempo em conjunto. É ainda percetível a exploração do conceito "rótulo" no frasco "Doce Tempo". Nesta família, de acordo com o testemunho da mãe, pais e filhos estiveram a analisar diferentes rótulos de outros produtos alimentares. O rótulo elaborado, "Doce Tempo: temperado e adoçado pela família..." espelha o resultado desta "análise". Como refere Michel Desmurget, no seu recente trabalho Ponham-nos a Ler, a propósito da leitura em família, "divertimento, caso contrário, nada".

Os livros que vão rodar pelo grupo de famílias ao longo deste mês

A segunda parte desta sessão foi dedicada à apresentação de alguns livros e à exploração de possíveis estratégias de abordagem aos mesmos, em família.
Uma vez experimentada a exploração de elementos paratextuais, e testado o seu efeito ao longo da última quinzena, deixamos ao grupo um conjunto de sugestões para tirar ainda mais partido dos livros, enquanto meios privilegiados para observar, conversar e criar. 

Neste conjunto de obras, que integram a seleção 10 livros para o leitor em formação, disponível no Espaço dos Livros, encontramos diferentes representações da família, um tema próximo da criança e da família, que favorece a identificação e a interação.

Todos fazemos tudo

-  Criar diferentes famílias / grupos de pessoas, a partir do jogo com as “fatias” (oralmente).

-  Criar pequenas histórias baseadas nas personagens e ações do livro: por exemplo, a rotina de uma família ao longo de um dia; a rotina de uma pessoa ao longo de uma semana (escolher pessoas de diferentes idades: o avô, a criança, o jovem…); um dia nas férias, um dia noutro lugar do mundo (explorar a diversidade); (oralmente);

-  Criar, em conjunto, um minilivro ao jeito deste, representando, em tiras, os elementos da família e as diferentes tarefas da casa / jardim, etc. Brincar com o livro.

 Aqui estamos nós

-  Observar as ilustrações do livro, os pormenores, as palavras soltas e conversar sobre o que vão observando.

-  Incentivar a criança e outros elementos da família a indicar a sua página favorita, referindo porquê; a encontrar situações parecidas com as dos seus ambientes.

-  Comparar as páginas preferidas de cada um; registar algum excerto poderoso no diário do projeto.

 A Manta do José

Conversar sobre as diferentes transformações que o José e a Manta vão sofrendo, ao longo da história.

-  Conversar sobre as atitudes de cada personagem: o José, a mãe e o avô;

Escolher uma peça de roupa que já não tenha uso e dar-lhe uma nova vida: fazer uma bola, um rótulo para o frasco, uma capa para o diário, o forro de um boião, etc…


O grupo de watsapp mantém-se ativo e, à semelhança do que foi acontecendo depois do 1.º encontro, também desta vez foram sendo partilhadas algumas experiências decorrentes das leituras realizadas. Na imagem acima podemos ver uma atividade em família que cruza a utilização do "tempo do frasco" com a leitura do livro A Manta do José


Acompanhe este projeto na nossa salinha virtual.




terça-feira, 6 de junho de 2023

Correntes do Bem

Acreditamos na bondade dos livros!

Esta expressão, que tantas vezes utilizamos, encontra especial significado quando gestos solidários concretos, que decorrem dos livros e da leitura, têm lugar, e quando, pela mesma via, vemos vidas transformadas. 

Bonecas Solidárias em exposição na Biblioteca Escolar António Feijó acompanhadas das "mentoras" das Corrente do Bem

A Susana Corvas e a Sofia Magalhães, duas mães que passaram pelo programa ELF há uns anos, e que estiveram presentes na tertúlia de encerramento da última edição ELF para apresentarem o seu testemunho, são dois dos exemplos de vidas transformadas pela experiência ELF (ou pela "bondade dos livros").

Momentos da Tertúlia de encerramento do Programa ELF na EB da Feitosa: A Sofia e a Susana apresentam os seus testemunhos.

A Sofia, uma das participantes na edição inaugural do Programa (2015/2016) partilhou com as novas famílias ELF as transformações que a experiência lhe trouxe, a nível pessoal e a nível profissional, tendo até intitulado o seu testemunho de "ELF: A Transformação", documento que gentilmente nos cedeu, pois segundo a própria Sofia "quem sabe, poderá inspirar outras famílias".

Aqui fica, portanto, o registo:


A Susana Corvas terá levado a primeira "picada" aquando da participação no projeto Lê para mim, que depois eu conto..., e uma dose de reforço no Programa ELF em Trovela (2018/2019). Pelo meio, tornou-se Voluntária da Leitura,  criou o blogue Leitores do Futurofez uma Pós-Graduação em Educação Literária e Literatura para a Infância, deixou o emprego que tinha e tornou-se (como ela própria diz) uma Brincadora!

No dia do Contador de Histórias (que também é o dia da Felicidade), a Susana deixou um inspirador testemunho na sua página de FB: AQUI

Momento da Tertúlia de encerramento: Susana Corvas estreia o tapete narrativo "Tio Lobo"

Os livros e o amor à leitura fazem sair das mãos (e do coração) da Susana coisas maravilhosas: fantoches, tapetes narrativos, histórias do Kamishibai... que dão corpo a oficinas, sessões de formação, animações à leitura, festas com livros, e até... a Feiras solidárias.

Retalhos das Vidas que o Programa ELF transformou 

Com base em leituras diversas, as formandas da Susana construíram umas interessantes bonecas (que podem ser vistas AQUI), que gentilmente doaram ao projeto Amigos Prováveis, dinamizado pela Sofia, uma iniciativa solidária de apoio aos idosos, que integraram a Feira Solidária. E assim se formam Correntes do Bem.

(Na última tertúlia ELF - Rebordões Souto, 2020 - dávamos conta de outras vidas transformadas. Vale a pena recordar esse momento: AQUI.)

Momentos da Tertúlia de encerramento do Programa ELF na Feitosa:
Mostra Literária e trabalhos apresentados pelas novas famílias ELF.

A Tertúlia de encerramento do programa na EB da Feitosa contou também, naturalmente, com o testemunho das novas famílias ELF, que falaram sobre os livros que mais tocaram cada elemento da família, dos temas (sobretudo dos temas difíceis, mas "bonitos"), de quanto os livros ajudavam a falar sobre qualquer assunto, a resgatar memórias de infância (e de família), a brincar e a querer saber mais. Bem oportuna se revelou, pois, a pequena mostra literária que permitiu aos presentes um contacto próximo com boa literatura e a possibilidade de levarem para suas casas novos amigos literários.

Momento de partilha numa das sessões do Programa ELF 2023

Nas nossas páginas de FB e de Instagram fomos dando conta do desenrolar do programa.


terça-feira, 22 de dezembro de 2020

De aconchego e ternura se vai enchendo o nosso calendário | Obrigada!

As experiências que se vivem em casa das famílias, inspiradas nas sugestões do nosso calendário, são a prova da inesgotabilidade dos livros e da leitura, do manancial de afetos que deles jorram, e dos inúmeros benefícios colaterais que dessas experiências decorrem.

Quando o calendário de Leituras de Advento integra a decoração de Natal das nossas famílias: ADORAMOS! (já só falata o tronco).
Obrigada à família Malheiro Costa!

Dos vários testemunhos e experiências, que têm sido publicados nas nossas redes sociais e no separador Trabalhos, destacamos alguns dos que chegaram ao longo desta segunda metade do Advento.

Inspirada na sugestão da janela 13, os irmãos Mimoso tiveram uma curiosa experiência têxtil que resultou num original cobertor para as Renas do Pai Natal.
 

Para enfeitar a janela 15 do nosso calendário, chegaram estas ternurentas Meias de Natal que contêm um presente para o Pai Natal (gorro, cachecol e luvas) e um presente para o Menino Jesus (uma varinha mágica para acabar com o vírus, a fome e a guerra). Obrigada Duarte e Afonso!

Em casa da família Corvas, musicar poemas parece que já se tornou hábito. Inspirada no poema de Augusto Gil, que espreitou da nossa janela 21, a saudar o inverno, a Juliana decidiu embelezar com música este belo texto. 

Mas a Juliana não se ficou pela música. Desafiou o primo e, inspirando-se nas iguarias que espreitavam de alguns dos textos, voltou à cozinha para uma segunda ronda "Na cozinha com a Juliana". Desta vez com Sonhos de Natal.


Esta receita estava mesmo a pedir um Pasteleiro por perto para ajudar a nossa chef... 

Em resposta ao desafio da janela 18, o Duarte fez-nos chegar esta bela Profissão do Natal.
 

E foi também à janela 21 que apareceram "Os Reis", em resposta ao nosso desafio de recolher textos populares dos Cantares dos Reis. Quem sabe não criamos nós também uma antologia? Obrigada à Melissa, aos seus avós, ao Duarte e à sua Tia-Bisavó, e ainda aos Escuteiros!


À janela 20 estava o pastor Daniel, recordam-se? Inspirados nas sugestões que acompanhavam esta obra, a mãe Susana levou os seus duendes para o exterior e no regresso traziam um belo quadro. Já em casa da família Mimoso, outra mãe Susana enveredava por um curso de crochet porque os meninos queriam mesmo fazer a mantinha para o Menino Jesus. Quanta ternura!

O divertido livro de António Torrado, que espreitou da janela 19, deu origem a estes originais perus literários, que mostram como brincar com as palavras se revela altamente entusiasmante e produtivo! Obrigada ao Duarte, ao Afonso e à Melissa.


Podem conhecer outros trabalhos inspirados no nosso Calendário de Leituras de Advento AQUI e no separador TRABALHOS.

Vamos aproveitar estes últimos dias? O Natal está mesmo, mesmo a chegar (e nesse dia haverá surpresas!)

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Livros que constroem memórias gulosas ou o lado doce de um Calendário de Advento

Ficamos tão felizes quando vemos as nossas sugestões de leitura e atividades na origem de momentos bem dispostos e de experiências gratificantes! É assim a Educação Literária na Família!

A Juliana, que tem um particular carinho pelo livro que espreitou da nossa Janela 3, agarrou a sugestão e, com a ajuda da mãe, transformou-se numa "verdadeira chef de Bolachinhas de Natal". Se ainda não cumpriram com este ritual da época, inspirem-se em "Juliana na cozinha. Bolachinhas de Natal" (inclui receita):


Muito obrigada à família Corvas Dias!

Vamos inspirar-nos uns aos outros, partilhando as experiências em torno do Calendário de Leituras de Advento. Não se esqueçam que no dia de Natal haverá surpresas...

Até já!



sábado, 14 de novembro de 2020

Programa ELF em Rebordões Souto - Distinção Escola Amiga da Criança (2)

O Programa ELF tem vindo a ser distinguido, nas várias edições desde 2017/2018, com o selo Escola Amiga da Criança. Em 2019/2020 a distinção foi atribuída à EB de Rebordões Souto (Ponte de Lima), a escola que viu nascer o primeiro projeto de promoção da leitura em ambiente familiar, no "longínquo" ano de 2007.

Momentos da Tertúlia de Encerramento

A edição ELF 2019/2020 teve lugar entre janeiro e março, tendo a tradicional tertúlia de encerramento coincidido com a abertura da semana da leitura 2020, um momento que ficará na memória de todos os que nela participaram, não só pelas marcas que o projeto deixa naqueles que o vivem, mas também porque foi o último momento festivo do ano letivo (dias depois assistíamos ao encerramento das escolas).

Mensagem da Direção: o professor João Carlos Gonçalves parabeniza as famílias participantes.

Vale a pena, portanto, no âmbito desta distinção, reviver o passado dia 6 de março e recordar alguns dos momentos marcantes dessa festa, que reúne a leitura e os afetos à mesma mesa. 

Duas mães participantes partilham o seu testemunho com os presentes

O entusiasmo com que cada família partilha a sua experiência é revelador da transformação proporcionada pela participação no projeto. Na imagem acima é visível a alegria da partilha de dois trabalhos que resultaram de uma experiência muito especial em torno das obras O meu avô, de Catarina Sobral e O Princípio, de Paula Carballeira e Sonja  Danawsky, um dos livros mais surpreendentes, sobretudo pelo tema difícil que aborda (falamos desta experiência AQUI).

Sonhos com Asas: Leituras de Mãe. A participação especial da professora Helena Imperadeiro

Às tertúlias ELF, pelo caráter intimista que as caracteriza, trazemos convidados que partilham genuinamente do amor aos livros e à leitura. Este encerramento contou com a participação especial de Helena Imperadeiro, professora bibliotecária no agrupamento de escolas de Barroselas (Viana do Castelo), que partilhou com os presentes a sua experiência de mãe leitora (apesar de os filhos já serem crescidos) e do potencial dos livros (e dos sonhos).

Maria José Machado, mãe ELF, apresenta o projeto Nuvem Vitória

O caminho que os participantes ELF percorrem depois de passarem pelo programa é revelador da mudança que se opera nas suas vidas. A Maria José Machado (de quem falamos AQUI) é uma dessas mães. Depois do programa ELF, tornou-se voluntária da leitura, voluntária na replicação do projeto ELF junto de outros pais, e hoje é uma Nuvem que leva sorrisos, em forma de livro, às crianças hospitalizadas. É voluntária do projeto Nuvem Vitória, experiência que veio partilhar com os mais recentes pais ELF. 

Susana Corvas e uma nova forma de contar histórias: estreia do tapete narrativo

E foi em ambiente intimista que pudemos conhecer, em estreia, o primeiro tapete narrativo de Susana Corvas, uma mãe ELF, que, contagiada pelo vírus da leitura, depois da sua participação no projeto na EB de Trovela, não mais parou. Tornou-se voluntária da leitura e colaborou ativamente na dinamização desta edição do projeto. 
Na imagem acima podemos ver o momento em que conta a história de Herberto, de Lara Hawthorne, através de um original tapete narrativo construído por si. Curiosamente, esta pequena grande obra (que já integrou outras edições ELF) é um hino aos talentos de cada um (e este projeto tem-se revelado especialista em acordar talentos adormecidos...).

Trabalhos baseados na obra de António Mota A Casa de Palavras
(o autor visitou a escola na semana da leitura)


E em ambiente de festa, numa biblioteca já decorada para receber António Mota e Daniel Completo (imagem acima), a tertúlia terminou em alegre confraternização, aquecida por sorrisos, enquanto um sugestivo bolo se encarregava de plantar uma memória doce em cada um dos presentes.


Obrigada!



 

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Na capa teria um girassol: Gente que ama os livros I

Na sequência dos propostas que vimos apresentando na rubrica #Fique em Casa, temos recebido testemunhos, partilhas de experiências e trabalhos realizados em família. Muito obrigada a todos! 
Tentaremos, nesta rubrica que hoje iniciamos, Gente que ama os livros, partilhar o fruto de tão grande generosidade.


Seleção de obras para kit Nuvem Vitória, de que faremos abaixo.
 (Maria José Machado)

No rescaldo das comemorações do dia do livro, partilhamos hoje um pouco da experiência da Maria José Machado (MJ), que, em resposta ao nosso desafio #Fique em Casa 13, escreveu assim:

"Se eu fosse um livro,
Gostaria que ele guardasse o segredo de "Como fazer o outro feliz".
Gostaria de ter na capa um girassol, uma borboleta, um coração, um bolo de chocolate e uma máquina fotográfica.
Do meu livro varria as seguintes palavras: "falta de educação" e "inércia".
Temeria a palavra "inveja".
Gostaria muito que os meus leitores fossem pessoas felizes e donos de um coração generoso.
O que gostaria de ouvir dizer de mim?
"A-DO-RO este livro. É pura animação. Muito me ri com ele já".

E gostaria que me lessem confortavelmente instalados à sombra de uma grande árvore, com vista para a minha linda Ribeira do Neiva. E claro, com algo de doce por perto." (MJ)

Um dos cantinhos com livros da MJ

A Maria José integrou o grupo de famílias ELF, na sua primeira edição (programa de um ano), tendo sido responsável pela replicação do projeto nas edições de 2018 e 2019. Desde então, o seu caminho pelo universo da leitura e da sua promoção, foi sempre a crescer: depois de um excelente trabalho enquanto voluntária da leitura, é hoje voluntária do projeto Nuvem Vitória.
A Maria José esteve connosco no encerramento da última edição ELF, no passado dia 6 de março, contou-nos um pouco desta nova experiência, e partilhou com os presentes alguns dos livros que mais sucesso têm junto das crianças e jovens hospitalizados, com quem trabalha.


Tertúlia na EB de R. Souto - Testemunho de M.J. Machado

A alegria e o entusiasmo presentes no testemunho desta Nuvem, são a evidência do poder "curativo" que os livros encerram. "Nem sempre é fácil entrar e quebrar a barreira que separa as crianças, os jovens e até os seus pais dos livros", relata a MJ, mas depois de o conseguir é sempre uma vitória. Uma das coisas que esta voluntária mais aprecia é poder ajudar a serenar um bebé mais agitado. O segredo? Uma caixinha de música e um poema cuidadosamente selecionado que ela guarda no seu "poemário" especial.

"Receita para serenar um bebé" (Nuvem MJ)

Outra das grandes alegrias que a MJ partilha é o facto de os adolescentes aderirem muito bem aos álbuns: "se no início parecem um pouco reticentes, e nem demonstram grande interesse, à medida que vamos lendo, a atenção deles (e dos pais quando estão presentes) aumenta de forma bem significativa, acabando por resultar em sorrisos e palavras de agradecimento que nos enchem o coração".

Um dos momentos que recorda com particular carinho? A noite de Natal!

Nuvem MJ na noite de Natal 2019

Muito obrigada, Maria José Machado! Por tão grande coração!


quinta-feira, 2 de abril de 2020

#Fique em Casa 10 Especial Dia Internacional do Livro Infantil

Hoje comemoramos mais um dia Internacional do Livro Infantil, uma efeméride que é uma homenagem àquele que é considerado o pai da Literatura Infantil, Hans Christian Andersen, nascido a 2 de abril de 1805, na cidade de Odense, na Dinamarca.
Girando os assuntos que nos ocupam neste espaço em torno da Leitura, da Literatura e da Educação Literária na Família, hoje, neste especial #Fique em Casa, vou falar-vos das escolhas dos meus filhos (que têm hoje 20 e 15 anos).

A escolha do mais velho e um "caracol literário"

Questionados sobre que leitura(s) recordavam, de modo particular, da sua infância, obtive respostas curiosas. Enquanto o mais velho, sem grande hesitação, respondeu: Contos da Mata dos Medos de Álvaro Magalhães e Cristina Valadas, o mais novo recordou-se de O Gato Comilão, um conto popular dinamarquês, recontado por Patacrúa e Oliveiro Dumas.

A escolha do mais novo, aprovada pela Luísa.

Contos da mata dos medos foi (é) uma obra marcante na família. O primeiro volume desta tetralogia foi publicado em 2003. Terá sido aí por 2005 que chegou cá a casa, tendo-se tornado companheiro de leitura diária em família. As personagens que se reuniam na "clareira do pinheiro grande", o Chapim, a Toupeira, o Coelho, o Caracol, e a "Pequenita" (a lagarta peluda) passaram, de certo modo, a fazer parte da família, até aos dias de hoje. Não raro, alguém anda a "ouriçar" (como o ouriço), a descobrir coisas "muito úteis" (como a toupeira), "atarefado e apressado" (como o chapim), com medo de algo (como o coelho), ou em modo caracol, que está sempre a partir para ver o mar.


Os Contos da Mata dos Medos
já deram tema a várias festas de família.
Na imagem,
um caracol literário encontrado numa "Caça aos Caracóis"

Ao primeiro volume seguiram-se mais três:  A Criatura Medonha – Novos Contos da Mata dos Medos (2007); Um Problema Muito Enorme – Novíssimos Contos da Mata dos Medos (2008); e O Lugar Desconhecido – Últimos Contos da Mata dos Medos (2010). Ao longo de cerca de meia década, estas obras foram responsáveis por momentos de verdadeiro prazer, cá em casa.
A par dos aspetos que singularizam a obra de Álvaro Magalhães, que consegue abordar questões tão profundas como o amor e a morte, com uma generosa dose de humor, esta tetralogia levanta questões de ordem ecológica que passam não apenas pelas ameaças do homem, como o fogo, a caça, ou a poluição, mas também pelos próprios fenómenos naturais, como as inundações ou as tempestades.

Ilustração inicial: os habitantes da clareira do pinheiro grande.

É muito fácil, de facto, criar o gosto pela leitura junto de crianças de tenra idade. Se aos bons livros (e hoje há livros muito bons!) juntarmos um pouco de tempo e entrega (total), diariamente, os momentos de leitura entre pais e filhos convertem-se, efetivamente, em memórias positivas duradouras. 
Apesar de o meu filho mais velho ter aprendido a ler durante o período em que esta coleção passou por nós, estas obras foram, sempre, lidas em voz alta, por mim ou pelo pai. Era um momento aguardado por todos.

A sugestividade dos capítulos do primeiro volume
ou a força das palavras de Álvaro Magalhães

Gostava, pois, de deixar um apelo aos pais que têm agora crianças pequenas: Não deixem de ler aos vossos filhos, pelo facto de eles já terem aprendido a ler. Na verdade, na maioria das vezes, apenas aprenderam a decifrar, e continuam a precisar de quem os guie e acompanhe na descoberta do prazer de ler.


Pormenor do miolo: o ouriço, a toupeira e o caracol.


Esta coleção foi, entretanto, "compilada" num único volume que tem por título A Mata dos Medos (2015), uma obra com ilustrações de Sebastião Peixoto, da qual podemos ler alguma páginas AQUI.

Capa da obra que reúne todos
 os Contos da Mata dos Medos

Sobre a escolha do mais novo...


Dupla página inicial de O Gato Comilão

A escolha do mais novo, O Gato Comilão, encontra-se, sem dúvida, associada ao lado lúdico e à vertente jogo que as narrativas de estrutura acumulativa proporcionam. Trata-se de uma divertida história de um gato que come tudo o que lhe aparece: a velha com quem vive, a panela das papas, e todos aqueles que lhe perguntam: "- Ó gato, porque estás tão gordo?", e a quem vai respondendo  "- Porque comi...".


Dupla página do miolo:
o gato comilão já comeu as papas, a panela, a velha, o anão,
o homem do burro, os cinco pássaros, e prepara-se para comer mais alguém...

É claro que alguém terá de pôr termo à gula do gato...


Dupla página do miolo:
 "o lenhador empunhou o machado que levava às costas e..."

O final inesperado desta narrativa, que coincide com o regresso do gato no momento em que a velha se prepara para comer (finalmente) as papas, ao mesmo tempo que acentua o lado nonsensical que permeia a obra, reforça a sua componente lúdica com um convite para "voltar a jogar". É que... um gato tem sete vidas!


Momento lúdico em torno de O Gato Comilão:
o livro transformou-se num jogo (criado pela educadora de infância)
 e circulou pelas casas das crianças (2006/2007).

(Podem ver AQUI uma recriação que os Triquiteiros de S. João fizeram desta obra)

Que a passagem deste Dia Internacional do Livro Infantil, que este ano se comemora em condições excecionais, em casa, constitua uma oportunidade de reflexão sobre a importância de tornarmos os livros uma presença assídua nos nossos lares, e de fazermos da Leitura um verdadeiro Valor de Família.

Como referiu Pedro Cerrillo (2014), “A literatura, na qualidade de depositária de conhecimentos que deveriam ser obrigatórios numa sociedade de pessoas livres, críticas e interventivas, não pode ser considerada um luxo cultural dispensável”.*

Memórias felizes da família

Hoje é dia de criarmos memórias felizes em torno dos livros e da leitura!

#Fiquem em casa e (re)descubram o prazer de ler juntos.


*Cerrillo, P. (2014). “El Poder de la Literatura”. Lección Magistral impartida por Pedro C. Cerrillo en el acto de inauguración del curso académico de la Universidad Española, presidido por SS.MM. los Reys de España. Toledo: Ediciones de la Universidad de Castilla-La Mancha.