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sábado, 5 de outubro de 2024

Ler fora da escola: diário do projeto (1)

Criar ambiente ricos de leitura: espaço, tempo e sentido.

Foi este o mote para o primeiro encontro oficial LER FORA DA ESCOLA, com o "grupo piloto" (de que falamos AQUI). 

Cantinhos e momentos de leitura, em casa, após o 1.º encontro

Depois de uma primeira abordagem na reunião geral de encarregados de educação, na abertura do ano letivo 2024/2025, junto de uma sala da EPE da EB de Trovela, onde explicamos sucintamente o projeto, e oferecemos aos presentes uma primeira leitura de degustação (escolhemos o texto Onde está a felicidade, de Álvaro Magalhães, que apresentamos AQUI), marcamos o primeiro encontro para o dia 16 de setembro.

(Atendendo ao facto de estas famílias constituírem o grupo piloto, precisávamos de ganhar algum avanço)

À hora marcada, a biblioteca escolar de Trovela (uma das bibliotecas de António Feijó) acolhia um simpático grupo de mães, ávidas e curiosas, acompanhadas pela educadora dos seus filhos, a professora Carmo. 

Nesta sessão inaugural focamo-nos no espaço, tempo e sentido, como aspetos determinantes para a criação de ambientes ricos de leitura.

O conto Tiempo de Sol, horas de Luna, que podemos encontrar em Leamos Juntos (pág, 10-13) ofereceu-nos o contexto ideal para abordarmos a inquietante questão da falta de tempo. Inspirados em Vicente, o protagonista deste conto, oferecemos aos pais um frasco do tempo, desafiando-os a conversar em família sobre o que gostam / gostariam de fazer em conjunto, prevendo tempo para o concretizarem. 

Apresentamos, depois, dois exemplos de obras literárias para a infância que serviram o propósito de experimentar algumas estratégias de abordagem ao livro: a exploração de elementos paratextuais (capa, contracapa, guardas, folha de rosto...), a ativação de conhecimento do mundo, a antecipação de possibilidades narrativas, as potencialidades do diálogo texto-ilustração, etc.

(Recorremos a dois textos que há muito nos acompanham nos projetos que vimos desenvolvendo em ambiente familiar: a Princesa de Aljustrel, de Patacrua e Agora não, Duarte, de David Mackee - falamos destas obras AQUI).

Cantinhos da Leitura com diferentes disposições, onde é visível a exposição de capas e alguns frascos do tempo!

A finalizar, convidamos os pais a criarem; durante a quinzena, o cantinho dos livros, organizando-os de acordo com critérios a acordar com as suas crianças (temas, tamanhos, preferências). Completamos a sessão com algumas dicas de arrumação, como por exemplo, a exposição frontal de alguns livros, convidando os presentes a partilhar connosco as experiências que fossem tendo lugar em suas casas.

Cantinhos da Leitura e frasco do tempo em lugar de destaque.

Foi, pois, com muita satisfação que, ao longo da quinzena, vimos chegar ao grupo de watsapp criado para o efeito os cantinhos da leitura que se iam compondo em casa destas famílias.

No 2.º encontro ficaremos a saber o que contêm os frascos do tempo e os detalhes da experiência de criação e organização destes cantinhos: fazer da leitura um valor de família passa por aqui.

Até já!

                                     

 

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Novo projeto: LER FORA DA ESCOLA

"Para que os livros e a leitura sejam uma realidade em todas as famílias!"

É este o mote do projeto LER FORA DA ESCOLAuma parceria entre a Rede de Bibliotecas Escolares e a EDULOG. 

Porque acreditamos profundamente na bondade dos livros e no poder da leitura, aceitamos o desafio e abraçamos este novo projeto.



O "grupo piloto" é composto por pais de crianças da Educação Pré-Escolar da EB de Trovela, do Agrupamento de Escolas António Feijó (AEAF). Este grupo, juntamente com a educadora, assumiu o compromisso de, mensalmente, reunir connosco para partilhar as suas experiências de leitura em casa com os seus filhos, descobrir novos livros e estratégias de leitura, e colocar a sua experiência ao serviço das demais escolas e famílias que, pelo país, vão abraçar este projeto.
Um "cheirinho" das experiências iniciais foi já partilhado na comunicação Leitura: um valor de família, que integrou a sessão de apresentação nacional do projeto.
Esta iniciativa integra, no AEAF, as ações a Ler mais e melhor, no eixo Envolvimento da Família.

À semelhança do que vimos fazendo com outros programas e iniciativas, LER FORA DA ESCOLA terá "nesta casa" uma salinha própria: AQUI, onde os nossos leitores poderão acompanhar o diário do projeto, conhecer os livros que aconselhamos e lemos com os pais, e ainda aceder aos diferentes materiais que a RBE e a EDULOG disponibilizam nas suas plataformas.

Seguimos juntos, "para que os livros e a leitura sejam uma realidade em todas as famílias!"

Até já!

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Vou para a escola: vou aprender a ler!

Esta é, sem dúvida, a resposta mais ouvida pelas crianças que se preparam para ingressar no 1º ciclo do ensino básico, quando questionadas sobre o que vão fazer na escola. Deixando para trás as salas de jardim de infância (ou as casas dos avós...), iniciam agora o seu percurso escolar formal.  

Os livros falam de tudo!
É importante que da biblioteca do pequeno leitor façam parte alguns clássicos,
que conviverão harmoniosamente com obras contemporâneas.



A criança tem, neste momento, grandes expectativas em relação à leitura. Aprender a ler vai dar-lhe acesso a um mundo novo: penetrar no universo das histórias, decifrar legendas de programas televisivos ou digitais, descobrir instruções de jogos, etc. 

Todavia, a aprendizagem formal da leitura é um processo longo (e nem sempre fácil). É frequente, nesta fase, que pais e professores se angustiem, e que a própria criança (cheia de expectativas)  se sinta, por vezes, dececionada.
Esta é, portanto, uma fase extremamente delicada, pois a obsessão pela aprendizagem da decifração (muitas vezes por parte dos adultos) pode comprometer seriamente a aprendizagem e o desenvolvimento do gosto pela leitura, e a consequente formação do leitor.

Partilhamos, neste sentido, duas ideias (muito fáceis de pôr em prática) que em muito poderão contribuir para tornar este momento mais tranquilo, e para fazer germinar e crescer as sementes do amor ao livro e à leitura.

A poesia deve continuar a fazer parte das leituras com a criança.
(Excerto de A Casa da Poesia, de José Jorge Letria e Rui Castro)




1. Continuar a ler, gratuitamente e diariamente, para as crianças.

É fundamental que pais e professores continuem a alimentar o gosto e o prazer de ler.
Pode, de facto, ser uma tentação deixar de ler à criança, sob pretexto de que "ela agora já sabe ler". Mas, na verdade, não sabe. Aprender a ler é um processo demorado que comporta a aprendizagem de todo um código e das suas diferentes combinações (a fase da decifração). Até que a criança domine esse código, de modo a poder ler com a velocidade suficiente que lhe permita compreender o que lê, decorrem vários meses, muitas vezes em número superior a um ano letivo. 

Se à criança que vinha habituada a ouvir ler, pela voz do educador no jardim de infância, ou dos pais na hora de deitar, tendo garantido o seu aporte diário de alimento do imaginário, lhe é retirado esse momento de graça, a imagem da leitura vai ficar reduzida a um amálgama de textos soltos do manual escolar, compostos intencionalmente para o ensino da decifração, aos quais falta um enredo, um fio narrativo sólido, uma alma. Se a par do ensino da decifração, deixarmos de ensinar o gosto, de juntar afeto, a leitura depressa se transformará numa atividade aborrecida e sem grande sentido.

Associar momentos lúdicos à leitura contribui para lhe conferir um
caráter divertido, para associar memórias positivas ao ato de ler.
Os livros-objeto são uma tendência da atual produção literária para a infância.


Continuar a ler para e com a criança depois da entrada no ensino formal, e ao longo de todo o percurso do 1º ciclo, é garantir que o imaginário e a enciclopédia literária do leitor em formação continuam a ser alimentados. E é também uma oportunidade única de estreitar laços afetivos.

Não podemos deixar de recordar, a este propósito, o célebre trabalho de Daniel Pennac Como um Romance, onde o autor, sem complacências, apresenta um retrato bastante fiel deste momento crítico:

"Que grande traição!
Ele, a leitura e nós próprios formávamos uma Trindade todas as noites reconciliada; agora, ele está sozinho perante um livro que lhe é hostil.
A leveza das nossas frases libertava-o do peso; agora, a indecifrável agitação das letras sufoca-o a tal ponto que até o impede de sonhar.
Nós tínhamo-lo iniciado na vertical; agora ele está esmagado pela imensidão do esforço. 
(...)
Éramos os contadores, passamos a ser os contabilistas."
Pennac, 2003: 48-50 [1ª ed. 1991]

 

Daniel Pennac: Como um Romance e Les droits du Lecteur. 
Altamente recomendado para mediadores de leitura, sobretudo nesta fase.

2. Selecionar bons livros

A produção literária para a infância oferece hoje um manancial de temas e de discursos muito variados. É importante que da biblioteca do pequeno leitor façam parte textos de qualidade, textos do património tradicional, textos de temáticas atuais, textos com "temas sérios", textos com humor, poesia, narrativa, álbuns e livros-objeto.
Alguns dos temas presentes na atual literatura para a infância já foram sendo tratados neste espaço, como por exemplo as representações da infância, dos avós, do ambiente, do verão, da arte, da interculturalidade, entre outros. 

É importante procurar versões fidedignas dos contos tradicionais.
O diálogo entre o texto verbal e as boas ilustrações convidam a leituras plurais.


Quanto mais diversificarmos a oferta e sairmos de lugares comuns (como livros inspirados em séries e programas de televisão, ou adaptações redutoras de alguns clássicos com ilustrações estereotipadas), mais enriquecida ficará a enciclopédia literária do pequeno leitor. Dizemos pequeno, convictos, porém, de que a boa literatura de potencial receção leitora infantil se destina a todas as idades, como temos vindo a confirmar, ano após ano, através do Programa ELF.

Acreditamos na bondade dos livros e no seu potencial transformador. Continuaremos, pois, a alimentar estas duas ideias para que a leitura tenha sempre, mas neste momento em particular, um lugar especial em cada lar. 


Incluir os chamados temas difíceis ou fraturantes na biblioteca do pequeno leitor
 contribui para fomentar a reflexão sobre as grandes questões da humanidade.


Ao longo dos próximos dias apresentaremos, na nossa página de facebook e no nosso Instagram, algumas sugestões de leituras a integrar a seleção Vou para a escola: vou aprender a LER!

Desejamos a todos um bom ano letivo!
[LMB]

sábado, 25 de abril de 2020

Tranças, Rugas e Muitas Voltas #Fique em Casa 14

Passam hoje 46 anos sobre a Revolução dos Cravos, mais uma efeméride de abril da qual a literatura para a infância não se alheia.

     "Ler. Ler para (re)viver, construir memória, convertê-la em herança e em pilar de cidadania ativa. Esse é um dos desígnios da escrita. E da Literatura para a Infância e Juventude." (José António Gomes, 2009)


A nossa escolha

Há, efetivamente, um conjunto de publicações onde este acontecimento é tratado, de forma mais ou menos explícita.

Escolhemos uma obra que já provou fazer sucesso em ambiente familiar, aquando do programa inaugural ELF: Com 3 novelos (A vida dá muitas voltas) de Henriqueta Cristina e Yara Kono, mais um trabalho do Planeta Tangerina. Falamos desta obra AQUI, a propósito da ligação da literatura infantil à História e às efemérides.
Vamos revisitá-la? É só clicar no vídeo abaixo.





E porque a efeméride de hoje é digna de comemoração, ainda que seja em casa, recuperamos algumas das sugestões que já provaram ser ótimas aliadas de momentos bem passados em família.

1. As minhas tranças (ou coisas que me fazem sentir bem)

As melhores ideias surgiam na cabeça da mãe quando fazia as tranças da filha. Façam uma lista das coisas que vos fazem sentir bem (na maior parte das vezes são pequenas coisas).

2. As minhas rugas na testa

Cada vez que uma preocupação surgia, aparecia uma ruga na testa do pai... Vamos conversar, em família, sobre as nossas "rugas", as coisas que nos roubam a alegria...


Miolo da obra: "as rugas na testa do pai"



3. Outras histórias como esta

Propomos uma conversa sobre a emigração na família e a recolha de testemunhos e histórias de vida das pessoas da família que saíram de Portugal em busca de liberdade e/ou de melhores condições de vida.


Miolo


4. As Voltas do (meu) Mundo

Inspirados na proposta cromática da obra, e nas recordações da protagonista, podemos representar as nossas tranças, rugas e histórias da família em caixas de diferentes tamanhos e cores e com elas construir uma cidade / aldeia / comunidade a que podemos chamar As voltas do (meu) mundo. Esta "comunidade" pode ser decorada com adereços feitos em lã, ou tecido, ou papel, das 3 cores desta história.


Página final: texto que contextualiza historicamente esta obra.


Aguardamos expectantes os vossos testemunhos! Contem-nos tudo! 
Viva a leitura! Viva a liberdade!


Fiquem em casa e (re)descubram o prazer de ler juntos.