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sábado, 20 de março de 2021

Aqui há gatos (literários) que miam em português! (2)

"Era uma vez um gato maltês que tocava piano e falava francês" (será que também dizia poesia?). É provável... Já conhecemos alguns gatos poetas. Lembram-se do Karl, que até abriu uma Palavraria? Falamos dele AQUI.

Ora, para a segunda parte da nossa seleção de gatos literários, reunimos um conjunto de seis obras povoadas de miados e salpicadas de poesia (portuguesa, com certeza!). 


Do património popular às antologias, passando por obras temáticas onde a bicharada em geral e os gatos em particular marcam presença, este conjunto de textos poéticos (com um apontamento de texto breve), completa a nossa seleção de Gatos Literários que miam em português.

(Podem conhecer a primeira parte da seleção AQUI: Encontrarão por lá oito felinos bem simpáticos...)


Estas duas obras, de dois grandes nomes da literatura infantojuvenil portuguesa, Alice Vieira e António Mota, primam pelo humor, ingrediente que é garantia de sucesso em qualquer abordagem à poesia.

A Charada da Bicharada é um trabalho muito bem conseguido no que ao diálogo entre texto verbal e ilustração diz respeito. Cada poema / adivinha de Alice Vieira é completado com uma sugestiva ilustração de Madalena Matoso, que esconde a solução da charada. Na imagem acima podemos ver a dupla página dedicada ao nosso convidado de honra "Felino. As garras prontas."

Na Casa de Palavras, de António Mota, João Vaz de Carvalho e Daniel Completo, uma antologia comemorativa dos 40 anos de vida literária do autor que reúne alguns dos seus mais conhecidos textos poéticos, também há lugar para o gato, ou melhor, para os "Gatos", um divertidíssimo poema, cheio de gatos e de ritmo, que é uma viagem pelos diferentes universos associados a este curioso animal. 

Experimentem, por exemplo, dizer este poema muito depressa - e terão, para além de um momento bem divertido, um interessante trava-línguas! Ou então, experimentem imitar, com recurso à mímica, cada um dos gatos do poema, e transformem-no num concurso de adivinhas! (Imagem acima).


O gato é também presença assídua na sabedoria popular, como o confirma José Viale Moutinho, um apaixonado pela tradição popular, que, num significativo número de obras destinadas à infância, tem dado um enorme contributo para que aos pequenos leitores continuem a chegar estas pérolas: provérbios, lengalengas, adivinhas, contos regionais... é vasta a obra de Viale Moutinho neste domínio. Para integrar a nossa seleção, trouxemos O livrinho de cães & gatos,  que, nas palavras do autor é "uma antologiazinha de provérbios, baralhando os materiais encontrados, mimoseando com ela as meninas e os meninos que têm lá em casa gatos e cães, gatas e cadelas, cachorrinhos, gatinhos, nas suas mais diversas raças ". Esta obra é ilustrada por Fedra Santos. 
Na imagem acima, podemos ver uma página especialmente dedicada ao gato.

E, se um gato maltês fala francês, não poderia faltar nesta seleção um livro onde se juntam animais que até podem escolher a que país querem pertencer: Se os animais escolhessem a sua nacionalidade, um livro para ler em português e em inglês, da autoria de Alice Cardoso e Cátia Vide.  Neste livrinho, ao longo de 14 textos (muito) breves, viajamos por 14 países, e, graças aos animais que os escolheram, ficamos a conhecer 14 curiosidades de todo o mundo. Quem diria que,

"O gato, em homenagem à história "O gato das botas", quereria ser italiano. A Itália parece uma bota pronta a correr para novas aventuras." (imagem acima)


Gatos, Lagartos e outros poemas, de João Pedro Mésseder e Manuela Bacelar, reúne um conjunto de textos poéticos de grande sensibilidade e ternura, a que o autor, aliás, sempre nos habituou. Ao gato, além de um lugar de destaque na capa, é dedicada uma mão cheia de poemas (que podem ser lidos na imagem acima). 

Este trabalho, para além da beleza dos textos e ilustrações que os acompanham, apresenta uma particularidade que lhe acrescenta um valor afetivo sem igual: em cada dupla página, podemos ver, num plano diferente do da ilustração principal, um plano dos autores (autor e ilustrador) que, ao longo da obra vão revelando os seus progressos, as suas angústias, os seus devaneios, abrindo as portas dos bastidores aos leitores. Um trabalho que muito apreciamos. 


E, por último, uma obra de José Jorge Letria e Octavia Monaco, inteiramente dedicada aos gatos: Versos com Gatos. Começa assim:

"O que o gato diz à lua

nem a lua sabe ao certo

é uma conversa de rua

sobre as dunas do deserto.


Está um gato no canteiro

com as rosas a brincar

é veloz e é matreiro

como as estrelas a brilhar.


Há um gato azul marinho

na rima deste poema

vai rimando de mansinho

com perfume de alfazema.


Está um ramo pendurado

nos ramos da madrugada

sem ter medo das alturas

porque namora uma fada."

Ao longo da obra vamos percorrendo, ao som de miados, tempos e lugares, de ontem e de hoje, reais e imaginários... num eterno convite a participar do mistério e da beleza do que nos rodeia...

(Na imagem acima, a última dupla página da obra).

À semelhança do que propusemos na primeira parte desta seleção, desafiamos os nossos leitores a partilhar os seus textos com gatos. Desta vez, o convite vai para a recolha do património popular associado ao gato: provérbios e ditos populares, pequenas histórias, anedotas, etc.

Partilhem connosco, através das nossas páginas de Facebook e Instagram, ou nos comentários aqui no blogue.

Votos de boas leituras, uma feliz Primavera e até breve!

sábado, 20 de junho de 2020

Representações do Verão na Literatura para a Infância

"O verão é o tempo grande", quem o diz é Maria Isabel César Anjo, no título do pequeno volume dedicado a esta estação do ano. Concordamos: verão pede vagar, pede um olhar demorado sobre a beleza que nos rodeia, pede mergulhos no verde dos campos, das montanhas, das florestas, dos rios e regatos... e pede livros! 



Fomos em busca do verão num conjunto de obras de potencial receção leitora infantil e encontrámo-lo em registos de diferentes épocas: descobrimos que as representações do verão de Aquilino Ribeiro, por exemplo, encontram eco nas de António Mota, e que o verão cantado por Eugénio de Andrade parece ser retomado por Manuela Leitão e Catarina Correia Marques... e descobrimos também que há na literatura mensagens que são hinos à natureza, que nos podem ajudar a restabelecer o tão necessário equilíbrio que nasce do conhecimento e respeito pelos seus ciclos, pelas suas estações, pelo seu tempo, e sobretudo pela sua generosidade.


Na literatura para a infância ainda encontramos as Quatro Estações do Ano (cujos limites se vêm tornando cada vez menos nítidos no plano real). Talvez como afirmação, como necessidade de recordar que somos todos habitantes de um mesmo cosmos (que tem as suas leis), talvez como alerta, como indicação de um caminho mais ecocênctrico  (alternativo ao exagerado antropocentrismo que tem vindo a caracterizar a sociedade).


Pormenor do miolo de O verão é o tempo grande

Da enorme sensibilidade que jorra dos quatro pequenos volumes de Maria Isabel César Anjo e Maria Keil (imagens acima) ao diálogo de linguagens que convivem em As Quatro Estações, de José António Abad Varela e Emilio Urberuaga, obra inspirada no trabalho musical de Vivaldi (falamos deste texto AQUI), ao humor e à leve sátira aos tempos modernos, que caracteriza O Zé e as Estações, de Luísa Ducla Soares e Raquel Leitão, até à riqueza sensorial que encontramos em Poemas para as Quatro Estações, de Manuela Leitão e Catarina Correia Marques, são evidentes as preocupações em materializar elementos característicos de cada estação, que contemplam aspetos ligados à fauna, à flora, mas também às ações ou hábitos próprios de cada estação, apresentando-os de forma bem definida e distinta, sem perder de vista a ciclicidade da natureza.

Pormenor da obra O Zé e as Estações, onde é possível verificar a presença de informação relativa ao tempo, à fauna, à flora e também aos hábitos (férias, gelados...)
Por vezes este trabalho é feito de modo implícito (mas eficaz), pela mão do ilustrador, que ao cenário e à ação da narrativa vai acrescentando informação sobre o passar do tempo, através da caracterização da paisagem. É o caso de uma interessante adaptação do conto popular inglês A Galinha Ruiva, de Pilar Martinez e Marco Somà, como podemos ver nas imagens abaixo. 





As obras que versam explicitamente sobre as estações do ano não se limitam, todavia, à apresentação do lado mais agradável de cada estação. Por exemplo, em As quatro Estações, de José Antonio Abad Varela e Emilio Urberuaga, o verão faz-se acompanhar de uma típica "tempestade de verão": 

Pormenor da obra As quatro Estações: excerto que acompanha a composição de Vivaldi "Trovoada de Verão"

As típicas tempestades de verão já marcavam presença na obra de Aquilino Ribeiro destinada à infância. No seu célebre conto Mestre Grilo cantava e a Giganta dormia (Arca de Noé III Classe), a tempestade que acaba por levar a abóbora rio abaixo até ao moinho, deixando o Sr. José Barnabé Pé de Jacaré consternado é um dos elementos do enredo que completa todo o cenário de verão em que decorre a história, e que concorre para o seu divertido desfecho:
"- José Barnabé?
- Ué?!!
- Seria aquele papa-moscas ou o eco? E deitou a correr. Foi encontrá-lo à beira do rio, de olhos fitos na corrente, como se estivesse à espera de um bacalhau.
- Mulher - exclamou - lá se foi a aboborinha!
- Ai foi?! Pois se foi, nem telhado nem panelinha!
Em seu desafogo, mestre grilo fazia à boca da lura, para cigarras, ralos, rãs, sapos, a histórias - a sua história - da catástrofe dum dia de verão:
- Cri-cri-cri! Muito me eu ri!!! Ci-cri-cri!..."

Pormenor do texto Mestre Grilo cantava e a Giganta dormia
Já em O dia em que o regato secou, o trabalho de António Mota e Sebastião Peixoto que completa a trilogia protagonizada pelos coelhos Bitó, Fabi e D. Fofa (Onde está a minha mãe, de que falamos AQUI, tem como cenário a primavera, e A casa da janela azul, tem como pano de fundo o inverno), é possível conhecer os hábitos de verão de uma grande diversidade de pequenos seres, como o facto de se refugiarem em tocas para fugir ao calor, e encontrar as representações mais terríveis do verão, como a seca e os incêndios. Neste interessante trabalho, a "tempestade" de verão é claramente apresentada como uma bênção:
"- Chuva de verão, chuva de verão! - gritou a cabra cabrela muito feliz (...)"
Das palavras que encerram este texto parecem, aliás, ecoar as vozes ancestrais ligadas aos rituais e celebrações dos solstícios:
"Quando chegaram à toca, e viram que no lugar do muro havia muita água, juntaram-se aos bichos que ali festejavam, e também dançaram com muita alegria" (imagem abaixo).  

Dupla página final de O dia em que o regato secou

Amoras
"Doces e formosas,
Talvez por serem da família das rosas
Recolho-as sempre no regaço"

Os aromas e os sabores do verão marcam especial presença na poesia. A coletânea Poemas para as quatro Estações dedica ao verão seis poemas, quatro dos quais em torno dos frutos: A que cheira o verão?, Na esplanada, Figo e Amoras, "ensinando" ainda ao leitor Como fazer o melhor castelo de areia, e o caminho para conhecer A menina de Sophia.

Pormenor da obra Poemas para as quatro estações: Na esplanada.
Falamos sobre esta obra AQUI, a propósito da Primavera, onde apresentamos sugestões de atividades.

Este verão sumarento marca também presença na coletânea Conversas com Versos, de Maria Alberta Menéres e Rui Castro, no divertido poema O almoço dos pardais:

Pormenor da coletânea Conversas com Versos
A poesia canta também o calor do verão, numa espécie de convite a abrandar. Quem não se recorda, por exemplo, do célebre poema Verão de Eugénio de Andrade (imagem abaixo), que integra a obra Aquela Nuvem e Outras?  

Pormenor da obra Aquela nuvem e outras: Verão.
Ou d'O Livro de Marianinha, de Aquilino Ribeiro e Maria Keil:

"Da minha varanda, defronte,
na luzerna e trevo da fonte
pastavam novilho e cordeiro,
qual deles mais lambareiro.

A mãe ovelha ficara no bardo
a mãe-vaca puxava ao arado.

Eu via-os comer, saltar, vadiar
enquanto caía um sol de rachar.

Era meio verão
inda a flor do trambolhão,
que anda com a sesta,
e a vagem da giesta
não sentia da estiagem,
a ardente bafagem.

No prado, por esta altura
tudo é vida de doçura."

Para que nada falte ao nosso verão, podemos seguir o conselho dos habitantes da obra de António Mota:

Pormenor da obra O dia em que o regato secou
Ou podemos seguir com Leonoreta de Eugénio de Andrade:

"Canção de Leonoreta

Borboleta, borboleta,
flor do ar
onde vais, que me não levas?
Onde vais tu, Leonoreta?

Vou ao rio, e tenho pressa,
não te ponhas no caminho.
Vou ver o jacarandá
que já deve estar florido.

Leonoreta, Leonoreta
Que me não levas contigo."


Demos, então, as boas vindas ao verão. Celebremos com a ajuda dos livros e das mensagens que a literatura encerra 
(e até a chuva de verão ganhará um novo significado).


quarta-feira, 10 de junho de 2020

Ideias para Festejar o dia de Portugal em Família

Hoje, dia de Portugal, trazemos algumas sugestões para enriquecer a comemoração desta data, a partir de um poema de José Jorge Letria, e de algumas experiências levadas a efeito no âmbito do Programa ELF.

Ilustração de Afonso Cruz para o texto Portugal
(O Alfabeto dos Países)
Partimos da obra O Alfabeto dos Países, de José Jorge Letria e Afonso Cruz, que se compõe de um poema para cada país, correspondente a cada letra do alfabeto, e escolhemos a letra P, a que corresponde o texto Portugal.

Texto Portugal
(O Alfabeto dos Países
)

Este texto, à semelhança de todos os que compõem esta coletânea, integra elementos de ordem geográfica, histórica e cultural, habilmente conjugados em forma de poesia, subtilmente pontuada com algumas notas de humor, convertendo o texto em material de reflexão para todas as idades.



Recuperamos, então, algumas das experiências resultantes das estratégias de abordagem propostas no âmbito do Programa ELF, que comprovam como o texto se pode revelar um manancial de conhecimento, e um indutor de experiências afetivas muito significativas.

Mapa das representações de Portugal
(Família Machado Domingues - ELF 2016)
1. Representações de Portugal



Este mapa das representações de Portugal congrega contributos de 50 amigos da família, espalhados pelo mundo, desafiados a responder ao desafio  “Qual a melhor palavra / imagem para simbolizar Portugal?”. Uma experiência que resultou em substanciais ganhos intertextuais, tendo em conta a quantidade e variedade de conhecimento que proporcionou.



Preencheram este retrato / puzzle do nosso país, visto de fora, elementos que se podem associar à música, como a figura de Amália Rodrigues e a guitarra portuguesa, aos monumentos, sobretudo de caráter religioso, ao desporto, à gastronomia, às festividades, ao artesanato, às paisagens, sobretudo do norte (como o Gerês), mas também às memórias de um país que ficou para trás e que deixou saudades. Curiosamente, a significativa expressão do Galo de Barcelos, levou a mãe participante em busca da lenda para contar às filhas. 
Uma ideia a recriar!


Ilustração alternativa para o texto Portugal
(Família Meireles - ELF 2016)
2. Ilustração Alternativa

Afonso Cruz recorreu à representação de um dos momentos / feitos mais emblemáticos da nossa história, os descobrimentos (que é apenas um dos aspetos referidos no poema). O trabalho representado na figura acima constitui uma alternativa à ilustração de Afonso Cruz. Trata-se da recuperação de alguns elementos culturais, lendários e gastronómicos, bem representativos da "portugalidade". 
Uma proposta ao alcance de qualquer família, que resultará num belo portefólio de Portugal.


Guardas da obra Alfabeto dos Países

3. Alfabeto de Portugal


Aproveitando o mote dos autores, e do título, e ajustando-o à efeméride que hoje comemoramos, vamos construir o Alfabeto de Portugal. Podemos escrever, desenhar, recorrer ao recorte e colagem; fazer alfabetos históricos, culturais, gastronómicos, festivos; mais sérios ou mais divertidos... a imaginação é o limite!

dupla página do miolo de O Alfabeto dos Países


4. Pelos caminhos de Portugal ou Um texto para a minha terra

Recuperando a sugestão do próprio autor, que convida o leitor a criar o seu próprio país, sugerimos a criação de um poema "ao jeito de..." sobre a terra de cada família. Será uma oportunidade para ir em busca de curiosidades históricas, culturais, do imaginário popular... e transformar essas descobertas num produto artístico! 

Façam-nos chegar os vossos trabalhos e as vossas descobertas. Partilharemos na nossa página de FB. Vamos inspirar-nos uns aos outros. 

Bom feriado e boas leituras!




quarta-feira, 25 de março de 2020

Coisas boas para fazer devagar #Fique em Casa 6

Hoje trazemos mais uma proposta nacional, de um maiores nomes da literatura infantil e juvenil em Portugal: Alice Vieira.

E propomos dar continuidade ao lado lúdico da língua e às inúmeras possibilidades da poesia, que pode até assumir a forma de charada. Hoje propomos A Charada da Bicharada!


Trata-se de um belíssimo álbum, escrito por Alice Vieira e ilustrado por Madalena Matoso, que reúne um conjunto de catorze textos de temática animal, que correspondem a catorze adivinhas. A solução da adivinha encontra-se escondida na ilustração.
Podemos ficar a conhecer o livro, aqui:


E como podemos brincar com estas charadas?
Escolhemos quatro poemas relacionados com animais muito especiais, com uma forte carga simbólica, que nos podem ajudar a refletir sobre os tempos que correm.
Este é o primeiro: Felino. As garras prontas. 


O que nos pode ensinar este animal, acerca de Ficar em Casa?
Vamos pensar, conversar, e, se quiserem, desenhar ao jeito da Madalena Matoso.

O segundo é este: Eu cá sou um roedor


Conhecem outros roedores famosos? Podemos fazer uma breve pesquisa (na memória, na nossa biblioteca ou na internet) sobre outros textos protagonizados por este pequeno animal (e olhem que há muitos). Quantos conseguiram descobrir? E se fizéssemos umas adivinhas com eles, para desafiarmos os nossos amigos?

O terceiro é este: Cara colada ao solo, vou de rastos



Temos tanto a aprender com este pequeno ser! Que tal fazermos uma lista de coisas que só são possíveis quando abrandamos. Coisas boas para fazer devagar...

E por último, propomos: Algumas pessoas gostam de mim 


Para fazer companhia às andorinhas mensageiras da esperança, de que falamos AQUI, que tal construirmos pombas mensageiras da paz?

Apreciem o momento, degustem e façam-nos chegar as vossas criações. Vamos continuar a inspirar-nos uns aos outros.

#Fiquem em casa e (re)descubram o prazer de ler juntos.


terça-feira, 24 de março de 2020

Pias de Poesia? Sim! E muito humor #Fique em casa 5

A nossa sugestão de hoje, ainda à volta da poesia, vai levar-nos a (re)visitar um dos grandes nomes da literatura portuguesa: Fernando Pessoa.
Sim, porque este grande português, mundialmente conhecido, também escreveu para crianças. Trazemos três poemas, bem dispostos, que Fernando Pessoa terá escrito para os seus sobrinhos: Poema Pial, Levava eu um Jarrinho e No Comboio Descendente.



POEMA PIAL
Toda a gente que tem as mãos frias

Deve metê-las dentro das pias.
Pia número UM
Para quem mexe as orelhas em jejum.
Pia número DOIS,
Para quem bebe bifes de bois.
Pia número TRÊS,
Para quem espirra só meia vez.
Pia número QUATRO,
Para quem manda as ventas ao teatro.
Pia número CINCO,
Para quem come a chave do trinco.
Pia número SEIS,
Para quem se penteia com bolos-reis
Pia número SETE,
Para quem canta até que o telhado se derrete.
Pia número OITO,
Para quem parte nozes quando é afoito.
Pia número NOVE,
Para quem se parece com uma couve.
Pia número DEZ,
Para quem cola selos nas unhas dos pés.
E, como as mãos já não estão frias,
Tampa nas pias!

A Raquel Patriarca "conta-nos", aqui, este poema:



Ideias para brincar com este texto:

1. Pias de Poesia

Vamos moldar, em plasticina, em massa de pão (que pode depois ser servida como sobremesa), ou noutro material, pias (podemos arranjar pias de todos os tamanhos e feitios), e vamos enchê-las de poesia: escrevemos um verso ou uma estrofe do poema, ou inventamos ao jeito de Fernando Pessoa, num papel ou cartão, colamos um palito e espetamos na pia. Também podemos desenhar a nossa pia e colocar lá um novo poema, inspirado no Poema Pial. (Na sugestão #Fique em Casa 4 apresentamos ideias para escrever poemas com números).




Levava eu um Jarrinho

Levava eu um jarrinho
P'ra ir buscar vinho
Levava um tostão
P'ra comprar pão:
E levava uma fita
Para ir bonita.
Correu atrás

De mim um rapaz:
Foi o jarro p'ra o chão,
Perdi o tostão,
Rasgou-se-me a fita...
Vejam que desdita!
Se eu não levasse um jarrinho,

Nem fosse buscar vinho,
Nem trouxesse uma fita
Pra ir bonita,
Nem corresse atrás
De mim um rapaz
Para ver o que eu fazia,
Nada disto acontecia.

Este poema pode ser ouvido, aqui, pela voz de Manuela Freitas.


Ideias para brincar com este texto

2. Desfile de jarros poéticos, pela casa

Uma das coisas mais divertidas a fazer com este poema é memorizá-lo e dizê-lo com recurso a alguns objetos (um jarro, um tostão, uma fita), numa espécie de dramatização do poema. Toda a família pode participar, podendo até fazer-se um pequeno desfile de jarros poéticos, em que cada um diz o poema, ou uma parte do mesmo, enquanto manuseia um dos objetos. Não se esqueçam do registo vídeo deste desfile especial;)


NO COMBOIO DESCENDENTE


No comboio descendente
Vinha tudo à gargalhada.
Uns por verem rir os outros
E outros sem ser por nada
No comboio descendente
De Queluz à Cruz Quebrada...

No comboio descendente
Vinham todos à janela
Uns calados para os outros
E outros a dar-lhes trela
No comboio descendente
De Cruz Quebrada a Palmela...

No comboio descendente
Mas que grande reinação!
Uns dormnindo, outros com sono,
E outros nem sim nem não
No comboio descendente
De Palmela a Portimão

Podemos ver, aqui, este poema interpretado pelos UHF (com legendas para acompanhar a letra).


E para terminarmos, de forma animada, esta visita à poesia de Fernando Pessoa, propomos:

3. O comboio do RAP

A poesia oferece imensas possibilidades: pode ser dita, cantada, dramatizada... de diferentes formas. Para este poema, propomos um RAP, que podemos acompanhar com um "instrumento musical caseiro". Vamos colocar dentro de uma garrafinha de plástico um pouco de areia, ou feijões, ou milho (algo que faça barulho:), e agitá-la para marcar o ritmo, enquanto vamos fazendo o nosso Rap. Podemos também desenhar o nosso comboio: cada carruagem uma estrofe!

Da coletânea Poetas de Hoje e de Ontem

Divirtam-se, e continuem a fazer-nos chegar os vossos trabalhos e as vossas experiências, pois são uma uma importante fonte de inspiração para todos nós!

#Figuem em casa e (re)descubram o prazer de ler juntos!







segunda-feira, 23 de março de 2020

Um tropel de palavras poderosas ou Um outro modo de olhar #Fique em Casa 4

Porque março é o mês da poesia, regressamos com uma antologia de João Manuel Ribeiro, um dos grandes nomes da literatura para a infância em geral, e da poesia em particular, em Portugal.


Trata-se de uma obra que reúne 21 poemas do autor, recolhidos de outras obras suas, como Poemas para Brincalhar, Rondel de Rimas para Meninos e Meninas, Algazarra de Versos, Desmatematicar, A Casa do João, etc. A seleção e organização é da investigadora Sara Reis da Silva, e a ilustração é coletiva: Anabela Dias, Ana Lúcia Pinto, Fedra Santos, Gabriela Sotto Mayor, Bolota, João Vaz de Carvalho e Sara Cunha são alguns dos ilustradores que colaboram nesta antologia. Informação complementar sobre a obra AQUI.


Escolhemos esta obra pela sua qualidade, pela possibilidade que nos oferece de uma visão panorâmica da obra poética de João Manuel Ribeiro, e pelo facto de todos os poemas que integram o livro poderem ser ouvidos pela voz do próprio autor AQUI (onde podem ainda ser descobertas outras obras).


Gostamos, naturalmente, de todos os textos. E, por isso, convidamo-vos a ouvi-los, uma e outra vez, a degustar as palavras, a sentir...
Selecionamos três poemas, pela pertinência dos temas e pelas possibilidades que nos deixam... para refletir, para conversar, para "imitar", para brincar.


O poema que dá título à obra e que integra a temática da Infância encerra uma poderosa mensagem de esperança, dá lugar ao sonho, e ao poder transformador da palavra, da poesia. Foi ilustrado por Ana Lúcia Pinto.
Se quiserem brincar com o poema...

1. Tropel, só no papel!

Vamos descobrir o que significa tropel, e construir o nosso: um TROPEL de PALAVRAS poderosas!



O segundo texto que destacamos é Pelo muro acima e abaixo, um poema pequenino, para memorizar e brincar



2. Animais a rimar

Podemos brincar com este texto, substituindo o nome dos animais, dos locais por onde passam, e do que fazem... vamos experimentar? Pela mesa acima... Também podemos experimentar ilustrar ao jeito da Gabriela Sotto Mayor!


E o terceiro texto, originalmente publicado em Desmatematicar (como facilmente se compreende), tem por título Contas de Somar! (Não se assustem, que não vamos mandar ninguém fazer contas a esta hora!:). É um poema muito divertido, onde o o autor fez poesia, brincando com os números! A Bolota ilustrou.



3. Contas de Poesia

Se quiserem experimentar, comecem por fazer listas de palavras que rimam com os números, e depois componham a vossa estrofe, o vosso poema. O mais importante é percebermos como a língua se pode transformar num autêntico laboratório de criatividade.




E, sobretudo, façam dos momentos de leitura, momentos divertidos! Não façam como o Senhor Chinfrim!

Continuem a partilhar connosco os vossos trabalhos e testemunhos, para que continuemos a inspirar-nos uns aos outros.

#Fiquem em casa e (re)descubram o prazer de ler juntos!