quarta-feira, 23 de março de 2016

Literatura Infantil e Ambiente

Sessão 6


“(...) um indivíduo possuidor de ecoliteracia é capaz de se relacionar com o ecossistema de forma harmoniosa ou, se quisermos usar um termo do discurso ecológico, “sustentável”: respeitador das outras existências para além da sua, numa perspetiva de longo prazo, procurando compreender de forma tão abrangente quanto possível (ou de forma tão ecológica quanto possível) os elementos do mundo com os quais interage, assumindo plena responsabilidade de suas atitudes e ações.

(Ramos & Ramos, 2013: 17)





terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Literatura Infantil e Temas Difíceis


Sessão 5

A Literatura Infantil contemporânea abre-se, hoje, a “todas as visões do mundo, mesmo as tradicionalmente consideradas apoéticas”, propondo novas abordagens e “leituras alternativas à maniqueísta organização do mundo dos textos tradicionais, dando voz a conflitos interiores, às inquietudes do indivíduo, à questionação, à fragilidade da existência, num caleidoscópio cada vez mais multifacetado e multicolor”. 
(Ramos, A.M., 2012)

É neste trilho que o programa em curso propõe a abordagem deste conjunto de quatro textos de potencial receção infantil que encerram em si questões tão delicadas quanto pertinentes: a guerra, o "bullying" e a morte, que, cremos, encontrarão eco e terreno fértil, nas experiências de leitura em família.





terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Literatura Infantil e Interculturalidade

Sessão 4

“A literatura infantil e juvenil desempenha um papel fundamental no fomento de uma educação multicultural, na medida em que as mensagens veiculadas nestes textos para as crianças promovem a aquisição de novos saberes, nomeadamente relacionados com distintas culturas, com outras realidades e com novos valores, auxiliando a criança na construção do conhecimento e na compreensão da diversidade do mundo que a rodeia.”
                                                                                                                (Balça, 2006: 235)

 Protagonizado por um pequeno cordeiro, Babaï (que corresponde, em português, à onomatopeia memé), esta obra, aparentemente simples, está cheia de surpresas, qual tapete saído do universo das mil e uma noites. O cenário é composto pelas montanhas do Irão, que remetem para um enorme vazio, representado pela ausência de elementos, quer pictóricos, quer textuais, na composição das páginas iniciais desta narrativa. Um vazio que pode também ser associado à solidão e ao consequente aborrecimento do cordeirinho, representação minimalista que não abandonará  a obra, e que irá alternar com a construção do jardim de Babaï, de cada vez que o leitor é interpelado para tentar adivinhar o elemento que se segue na composição do jardim, sugerindo o espaço em branco necessário à reflexão e ao diálogo com o texto.


Este maravilhoso alfabeto de José Jorge Letria e Afonso Cruz é uma verdadeira volta ao mundo! Cada poema e respetiva ilustração conduzem o leitor numa viagem histórica, cultural e geográfica pelo que de mais emblemático há em cada país apresentado. A complementaridade entre texto verbal e componente pictórica contribui para um resultado rico, não apenas sob o ponto de vista estético, mas também do ponto de vista do potencial temático da lIJ, dos "ganhos colaterais" em termos de enriquecimento do conhecimento enciclopédico do leitor.

O mundo num segundo não é um alfabeto mas percorre, igualmente, 23 locais do planeta. Um álbum fantástico, numa edição de grande formato (a contrastar com a edição anterior), dupla página e ilustração exuberante. Um livro cheio de pormenores geográficos e, simultaneamente, de pistas de reflexão. Independentemente do lugar do globo assinalado ou evocado, as ações e os pensamentos das personagens presentes são muito semelhantes entre si e reconhecíveis por todos. Afinal... parece que o mundo é mesmo pequeno no que respeita às "inquietações" do ser humano.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Literatura Infantil e História / Efemérides

Sessão 3

"Ler. Ler para (re)viver, construir memória, convertê-la em herança e em pilar de cidadania ativa. Esse é um dos desígnios da escrita. E da Literatura para a Infância e Juventude." (Gomes, 2009: 13)


      Nesta sessão procuramos associar a literatura para a infância às Efemérides (neste caso, ao Natal), e à História: como estamos no mês dos direitos humanos, a nossa escolha recaiu sobre a memória de Rosa Parks e o seu NÃO revolucionário. E porque de fora para dentro, queremos também perpetuar a memória nacional, fomos ao Planeta Tangerina buscar uma obra que tem por base o clima  vivido em época de pré-revolução. Um trio que se completará com as leituras realizadas em família.



     Nesta obra de João Pedro Mésseder e Gabriela Sotto Mayor, assistimos a um interessante diálogo entre os diferentes imaginários de Natal, protagonizados pelo Menino Jesus e pelo Pai Natal. Sob a forma de poesia narrativa e com recurso a ilustrações que ampliam grandemente a leitura do texto verbal, esta obra reaviva memórias de Natais idos, convocando, para o mesmo cenário, imagens muito contemporâneas associadas ao Natal. Um interessante convite à reflexão, pintalgado aqui e ali por subtis notas de humor. 




     Partindo de um contexto histórico nacional bem definido (a ditadura imposta pelo estado novo), esta obra surpreende-nos pela novidade. Fugindo, de certa forma, à abordagem mais usual ao tema, que habitualmente desemboca na revolução dos cravos e num hino mais ou menos explícito à liberdade, este trabalho baseia-se na história de uma família que procura melhores condições de vida, pautada por ideais inexistentes em Portugal, em países como a Argélia, a Roménia e a Checoslováquia - cenário evocado no final da obra. A coragem de iniciar uma mudança, uma revolução é dada a ler através da imagem de uma mãe que com recurso às agulhas de tricotar transforma uma cidade monótona numa cidade colorida, arrastando consigo "toda a população": "com 3 novelos de lã (o mundo dá muitas voltas)".


   Uma história que ocorre em dois planos diegéticos distintos: avô e neto visitam o museu onde se encontra exposto o autocarro que transportava Rosa Parks no dia 1 de dezembro de 1955. O avô também viajava naquele autocarro no dia do histórico Não que veio pôr fim à segregação racial.
Com belíssimas ilustrações de Maurízio Quarelo, esta obra, recomendada pela Amnistia Internacional, perpetua memórias que, sendo tristes, não podem ser esquecidas, eterniza o impacto provocado por um ato de coragem, e leva-nos ainda a refletir sobre a importância da partilha de histórias de vida entre diferentes gerações.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Literatura Infantil e Representações da Família

Sessão 2

“No seguimento da evolução social das últimas décadas, com evidentes repercussões no universo familiar, a literatura para a infância acompanhou e refletiu as mudanças ocorridas, permitindo refletir sobre o seu relevo e impacto” (Ramos & Boo, 2012: 13).


Nesta sessão propomos uma viagem por três obras de publicação recente que tocam a temática da representação da família na Literatura para a Infância.



Começamos com um passeio ao lado de um avô muito especial, um avô que agora "tem bastante tempo": tempo para ter aulas de alemão e de pilates, tempo para fazer "piqueniques na relva", cultivar o jardim, escrever "ridículas cartas de amor", beber chá, cozinhar, ajudar os "pugs" a atravessar a rua, e ainda ir buscar o neto à escola.
Prémio Internacional Ilustração 2014, esta obra, de Catarina Sobral, aborda não apenas o lugar dos avós, mas também e sobretudo o lugar do tempo, ou do que fazemos com ele. Repensar prioridades e valorizar o importante são reflexões que o leitor é convidado a fazer, enquanto se passeia com "o meu avô" e com outras personagens que lhe vão piscando o olho a partir de uma tela de pintura ou de cinema.



Este álbum de Carla Maia de Almeida e Marta Monteiro  apresenta um conjunto de descrições / reflexões sobre as mais variadas representações da família no século XXI, recorrendo a uma analogia com os deuses da antiga mitologia greco-latina (que encontraremos sob a forma de glossário no final do livro).
A riqueza metafórica e intertextual, aliada a subtis jogos de linguagem perpassados por notas de humor, fazem desta obra um registo riquíssimo ao nível da formação do intertexto leitor.
A ilustração desempenha um importante papel complementar: apetrecha de pormenores culturais, geográficos, e até de vivências do quotidiano, as descrições apresentadas pelo texto verbal.



Grandes obras podem brotar de encontros inesperados. É o que nos conta António Mota neste inusitado dicionário que nasceu de uma viagem de comboio, a pedido de uma menina de 7 anos: “Eu gostava que fizesse um livro só para mim. Um livro que tivesse poucas palavras. Mas que essas palavras me fizessem sonhar. Eu gostava muito de ter um livro em que cada palavra contasse muitas histórias.” E assim nasceu esta obra que, a cada dupla página nos apresenta 3 palavras para cada letra do alfabeto, unidas por uma ilustração única: o resultado final é não apenas um livro para sonhar mas também um sonho de livro. 

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Literatura Infantil e Património Popular


Sessão 1

Foi ao som das lengalengas que demos início à exploração do potencial temático da literatura infantil.



O contacto com a poesia popular aproxima-nos das origens, favorece a apropriação de um património e herança comuns, e permite a familiarização com a sonoridade das palavras.



Esta recolha de Luísa Ducla Soares, musicada por Daniel Completo e ilustrada por João Vaz de Carvalho  resulta num produto final muito rico e apelativo.







Quem não se recorda do Coelhinho Branquinho que foi à horta buscar couves para fazer um caldinho, e quando chegou encontrou a porta fechada, porque já lá estava a cabra cabrês?
Este conto popular português reescrito na vizinha Espanha por Xosé Ballesteros recria um cenário tipicamente campestre, integra jogos de linguagem carregados de humor e encerra uma lição de vida muito peculiar... As ilustrações completam a obra.





E este primeiro tema não poderia ficar completo sem a mestria que Alice Vieira coloca nas suas reescritas.

Desde o célebre Capuchinho Vermelho que preferia chamar-se "Sandra Vanessa", passando pela Princesa e a Ervilha, cuja preocupação do príncipe é se a princesa "saberá ler?", até à emblemática Carochinha que afinal casa (em segundas núpcias) com um "carocho igualzinho a ela", esta obra está recheada de agradáveis surpresas para alimentar as diferentes fomes dos leitores (é que o Vítor Sobral decidiu acrescentar uma receita culinária a cada história).





E este é o primeiro desafio das famílias participantes: descobrir o património popular, etnográfico e cultural através da literatura para a infância!

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Formar Mediadores é Formar Leitores


Outubro é o mês das Bibliotecas Escolares e é o mês de todos os recomeços.
E é no dia 1 de outubro que começamos este projeto - Educação Literária na Família - junto de um grupo de pais de alunos do 2º ano do ensino básico da EB1 de Ponte de Lima, no agrupamento de Escolas de António Feijó.

Parte integrante de um estudo de caso no âmbito do programa de doutoramento em Estudos da Criança - Literatura para a Infância, é nosso objetivo, ao longo de oito sessões trabalhar o potencial afetivo e temático da Literatura para a Infância junto dos primeiros Mediadores de Leitura: os Pais.



A Princesa de Aljustrel introduziu-nos no universo da Literatura Infantil: jogo, intertextos, diálogo entre componente verbal e pictórica...


Com Agora não, Duarte, deixamos uma mensagem importante aos 
Mediadores de Leitura...

Um caminho que promete...