quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Calendário de Leituras do Advento | Dia 16

A sugestão que espreita da nossa janela de hoje, veio da América, pela mão de Paul Auster e de Isol, e tem por título A História de Natal de Auggie Wren.


Neste original trabalho convive a arte com o quotidiano, descobrem-se hobbies inusitados, e desvenda-se uma história de Natal surpreendente, mesmo a tempo de salvar um escritor bloqueado. 
Como podemos ler na contracapa (imagem abaixo), o próprio autor integra-se como personagem da narrativa que vai construindo, aspeto que em muito contribui para criar proximidade com o leitor e fazer dele uma espécie de cúmplice no acompanhamento dos acontecimentos que dão corpo à narrativa.


É com uma vulgar cena do dia-a-dia que Paul Auster nos introduz no invulgar universo de Auggie Wren, o dono da tabacaria onde costuma comprar as suas cigarrilhas, como podemos ver no excerto da imagem abaixo:



E é neste ambiente mais íntimo, de "confidencialidade entre artistas", que Paul Auster se depara com a obra da vida do amigo, resultado de um passatempo que mantém há vários anos: uma caixa com vários álbuns de fotografias, todas tiradas do mesmo lugar à mesma hora. Apesar de habituado aos meandros da arte, Paul vai precisar de algum tempo (e sobretudo de alguma calma) para compreender o trabalho do amigo. 

"Se não nos detivermos a olhar, nunca conseguiremos ver nada."


E se a história terminasse aqui já daria ao leitor muito que pensar. Mas a narrativa continua. E, num momento de bloqueio, perante o pedido de um conhecido jornal, para escrever um conto de Natal, é Auggie que salva o escritor, com uma história mirabolante, que acaba por revelar a origem do seu invulgar passatempo. Na imagem abaixo, podemos ver o momento em que esta (outra) história começa a ser contada.


Este "ladrão de livros de bolso", que acaba por perder a carteira na fuga, irá, sem o saber, proporcionar a Auggie o Natal mais inesperado da sua vida, através de uma série de "ironias do destino", que obrigarão o leitor a questionar-se sobre um conjunto de valores que parecem adquiridos, mas que talvez nem sempre devam ser escolhidos...   
Sozinho em casa, Auggie decide ir "devolver a carteira ao ladrão" (imagem abaixo)


Chegado à casa do ladrão, que é afinal a casa da avó do ladrão (Robert), uma idosa cega, Auggie é confundido com Robert, e tratado como neto da anfitriã. Apanhado desprevenido numa situação tão inesperada, Auggie acaba por "entrar no jogo", e por proporcionar um inesquecível dia de Natal à senhora.


E quando parece que a história chegou ao fim, eis que é revelado "o segredo da origem da máquina fotográfica", ou, como tudo começou... e terá sido mesmo assim? A reflexão que encerra o texto deixa espaço ao leitor para decidir por si.


E, para além da leitura, o que sugerimos?

1. Um painel do Natal ao longo do tempo ou "descobre as diferenças".

"Se não nos detivermos a olhar, nunca conseguiremos ver nada". 

Vamos experimentar, ao nosso jeito, o passatempo de Auggie? Propomos que recuperem algumas fotografias de Natais passados, que tenham sido tiradas no mesmo lugar, por exemplo junto à árvore, à mesa... (3 ou 4 fotografias já serão suficientes para exercitarmos o olhar), e que as comparem, numa espécie de jogo de "descobre as diferenças". 

2. Uma vila de Natal: ao jeito de Isol, a ilustradora, convidamos-te a fazer uma "tabuleta" para colocar numa loja imaginária. Vamos imaginar uma espécie de cidade / vila de natal, pensar nas lojas que essa cidade ou vila poderia ter (relacionadas com o Natal), e escolher uma para ser a nossa (podemos inventar uma loja!). 

A personagem desta história tinha uma tabacaria. Na nossa cidade de Natal, o que vai haver? Se quiseres, podes também fazer a montra da loja, ou até criar um pequeno cenário / maquete, numa caixa de sapatos, por exemplo, onde representas a tua loja, ou a tua cidade.

Não te esqueças de nos enviar fotografias dos teus trabalhos! (Estamos a divulgá-las AQUI).

Boas leituras e até ao dia 17!

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Calendário de Leituras de Advento | Dia 15

À janela 15 está um livrinho que completa a nossa seleção de obras para este calendário, que junta o imaginário do Pai Natal com o do Menino Jesus. Trata-se de um belo texto poético escrito por João Pedro Mésseder e ilustrado por Gabriela Sotto Mayor, e tem por título O Pai Natal e o Maiúsculo Menino.

(As obras que completam este trio espreitam da janela 5 e da janela 8). 


Sob a forma de poesia narrativa, e com recurso a ilustrações que ampliam a leitura do texto verbal, este trabalho reaviva memórias de Natais idos, convocando, para o mesmo cenário, imagens muito contemporâneas associadas a esta época, resultando num interessante convite à reflexão, pintalgado por subtis notas de humor.

"No meu tempo de menino
existia outro menino,
um maiúsculo menino
que era o Menino Jesus"
(É assim que começa esta "história").

O relato verbal, feito na primeira pessoa, deixa transparecer a nostalgia que o narrador sente em relação aos Natais da sua infância, habitados pela simplicidade advinda da figura do Menino Jesus, em oposição aos Natais consumistas de hoje que parecem não deixar espaço para os presentes mais importantes, aqueles que não podem ser embrulhados em papel porque moram no coração de cada ser.



O Pai Natal é, efetivamente, apresentado como alguém que aparece na nossa cultura muito mais tarde:

"De um senhor de barbas brancas,
Um maiúsculo Papá
vindo dos confins do Norte,
só mais tarde ouvi falar."




Ao longo da narrativa, encontram-se muito presentes os contrastes entre consumismo exacerbado e pobreza extrema, alusões que não passarão despercebidas ao pequeno leitor, como podemos ver pelo seguinte excerto:

“E entre grande confusão 
nas casas ricas deixar
sempre mais do que é preciso;
e nas pobres, por azar, 
um pouco mais do que nada 
e uma tristeza a pairar.”

Não nos parece, contudo, que seja intenção dos autores retirar mérito à figura do Pai Natal, de quem, aliás, o narrador confessa sentir pena do seu “não acabar de aflições”, mas antes enquadrá-lo numa paisagem mais equilibrada (e mais Humana).



A nostalgia que, ao longo da obra, se vai corporizando ora numa certa revolta, ora numa espécie de aceitação do inevitável (ou dos sinais dos tempos), culmina numa reflexão / convite à ação, materializada numa carta ao Pai Natal, onde talvez seja possível, se assim o desejarmos, o equilíbrio (imagem abaixo).
 


(Este livrinho é particularmente especial para nós, pois fez parte dos 25 magníficos que deram corpo ao Programa ELF - edição inaugural, tendo integrado o tema História e Efemérides).

E, para além da leitura, o que sugerimos?

1. Duas Meias de Natal: convidamos-te a desenhar duas meias de Natal, uma para o Pai Natal e outra para o Menino Jesus, e a colocar lá dentro um presente (também desenhado) para cada um deles (se preferires, podes escrever). O que gostariam eles de receber? Porquê?

2. Um Natal da infância dos meus pais ou dos meus avós. Tal como o narrador desta obra, os teus pais e/ou avós também terão saudades dos natais de quando eram crianças. "Veste-te" de jornalista e pede-lhes que te contem um pequeno episódio que esteja associado ao Natal da sua infância, e que recordem com particular carinho. Podes até começar um caderno de memórias, onde continuarás a registar pequenas histórias que os teus familiares te contam.

E partilha connosco (claro)!

Boas leituras e até ao dia 16!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Calendário de Leituras de Advento | Dia 14

Ainda imbuídos do aroma do chocolate quente, que marcou forte presença no calendário, nos últimos dias, trazemos hoje uma divertida história que começa precisamente com o "misterioso" aparecimento de cinco pais natais de chocolate em cima da mesa  da sala de jantar do André, a criança que protagoniza Cinco Pais Natais e Tudo o Mais, um livro bem português, da autoria de Manuela Castro Neves e Maria Bouza. 



Trata-se de mais uma obra onde predomina o imaginário de Natal ligado à figura do Pai Natal, tal como acontece nos livros que saíram da janela 3, da janela 4, da janela 11 e da janela 13. A decoração da árvore e os preparativos para a ceia completam o cenário. E é então que chega a prima Milu... 



Tudo começa porque o André apanhou uma grande constipação...
E porque tem uma madrinha que gosta de surpresas e acredita em magia... (imagem abaixo)


Recorrendo a um interessante jogo de linguagem, quase uma lengalenga, a narrativa vai-se desenrolando em modo acumulativo.

"Ó André, então como é? Cinco Pais Natais barrigudos e bochechudos, cinco trenós, nem arredondados nem bicudos, dez renas de focinhos pontiagudos e nenhum guizo? Quem assim falava era o primo Narciso." 


E assim, de visita em visita, o André vai compondo um verdadeiro cenário de brinquedos de chocolate para "brincar ao Natal" (até porque está constipado e tem que ficar em casa).
E a história prossegue, dando cumprimento a outros rituais, como a decoração da árvore e os preparativos para a ceia:

"Ó André, então como é? Uma estrela dourada e nem ao menos, uma bola brilhante prateada? O Alberto estava certo."


O inesperado acontece quando a prima Milu chega com o peru (que é preciso matar).
É hora de os brinquedos de chocolate (que estavam alinhados a descansar no parapeito da janela), entrarem em ação e fazerem acontecer a "Magia do Natal" (imagem abaixo).


E é por isso que esta história podia ter como título alternativo "Quando o Pai Natal salvou o Peru".

E, para além da leitura, o que sugerimos?

1. Construir um mini jogo com elementos do Natal, com recurso a materiais de desperdício: por exemplo um jogo do galo (onde em vez de X e 0, podemos ter renas e trenós, ou pais natais e perus, etc. Ou um jogo da memória (podemos desenhar ou colar figuras relacionadas com o Natal - os folhetos de supermercado desta época são um excelente repositório de imagens de Natal). Ou o jogo do peixinho, compondo "famílias" de Natal, etc...

2. Elaborar o nosso dicionário do Natal. Não tem de ser todo de uma vez! Podemos selecionar algumas letras, apenas, e vamos completando ao longo do advento. Por exemplo: A de azevinho, uma palavra verde, com olhinhos vermelhos.  Para os mais pequeninos, construir um dicionário ilustrado, com recurso a colagens, é muito simples e pode revelar-se uma atividade muito divertida (Letra+Palavra+Imagem).

Espreitem os trabalhos que vão chegando a este Calendário, AQUI
E continuem a partilhar connosco as vossas experiências!

Boas Leituras e até ao dia 15!



domingo, 13 de dezembro de 2020

O Espírito de Natal ELF vive-se entre livros e... chocolate! Obrigada!

Rechear um Calendário de Advento com Livros e Leituras é, para nós, um enorme prazer. Mas o que faz verdadeiramente a alma transbordar de alegria é sabermos que as nossas sugestões encontram eco junto das famílias que nos acompanham e vão fazendo a delícia de pequenos e grandes leitores. 

Obrigada por fazerem chegar até nós as vossas experiências e testemunhos. As vossas partilhas serão, certamente, um rastilho de inspiração para as famílias que nos acompanham. 

Como referia uma das mães, "está a tornar-se viciante!"

Um grande bem-haja a todos!

Momentos inspirados nas sugestões da Janela 3 e da janela 12

Os trabalhos que nos chegam, são todos partilhados nesta página, no separador TRABALHOS, onde podem ser conhecidos e acompanhados os vários passos de cada atividade, assim como os testemunhos dos seus autores. 

Deixamos aqui um cheirinho do que podem encontrar a espreitar de algumas das janelas do calendário.

Trabalhos que espreitam da janela 5, da janela 8 e da janela 10

Recuperar práticas em desuso, como escrever e enviar postais de Natal (imagem acima), ou ir à procura de curiosidades sobre as renas para compor um belo cenário da chegada do Pai Natal (imagem abaixo) são atividades altamente enriquecedoras, quer em termos afetivos, quer de desenvolvimento de diferentes literacias.

Trabalho que espreita da janela 11

E porque associar experiências gastronómicas à leitura é garantia de construção de memórias afetivas positivas ligadas ao livro, e uma das práticas de literacia familiar mais simples e divertidas, que permitem desenvolver competências diversas,
 aqui fica a receita de Chocolate Quente da família Costa:

(e, já agora, não deixem de espreitar as bolachinhas de Natal da Juliana: ficam ótimas a acompanhar este chocolate!)

Inspirem-se nas partilhas que aqui apresentamos, e participem. Continuem a fazer-nos chegar as vossas experiências, pois no dia de Natal haverá boas surpresas!






Calendário de Leituras de Advento | Dia 13

Para a janela de hoje escolhemos um livro que também tem uma janela, pela qual vão espreitar várias figuras bem conhecidas. Falamos de Ninguém dá prendas ao Pai Natal, uma obra de Ana Saldanha, ilustrada por Madalena Matoso, que convoca para o cenário natalício do Polo Norte, um curioso grupo de personagens que decidiu abandonar as suas histórias para fazer uma surpresa ao Pai Natal.

Esta é já a segunda obra do nosso calendário que faz conviver o Pai Natal com personagens dos contos tradicionais (a primeira espreita da janela 3). 

A história começa com um desabafo do Pai Natal, enquanto assiste pela televisão ao desembrulhar das prendas em todo o mundo (imagem abaixo).

"- Ai! Que infeliz que eu sou! Ninguém dá prendas ao Pai Natal!

Estava bem enganado. Ainda mal tinha acabado de soltar aquele queixume, quando se ouviu bater à porta: truz, truz, truz."

Quem será? (A janela dá-nos uma pista)



E assim, "truz truz" após "truz truz", a casa do Pai Natal vai-se enchendo de visitas (imagem abaixo) e de presentes. Cada um ofereceu ao Pai Natal aquilo que de melhor tinha... (e aquilo de que mais gostava), mas parece que um capuz vermelho de criança, um sapatinho de cristal ou uma panela não são de muita utilidade ao velhinho de barbas brancas (que, por acaso cozinha no microondas).

Ainda assim, o Pai Natal, apesar de cansado, parece feliz. Prepara um chocolate quente que oferece às visitas, acompanhado de umas fatias de queijo de rena, enquanto remenda o cobertor das suas renas (imagem abaixo).

E é então que se ouve um novo "truz truz". 

"Já era tão tarde! Quem seria?"

Uma voz rouca e grossa respondeu:

Sou eu, o Lobo Mau."

Depois de recebido o presente desta última visita (que se revelará muito útil - imagem abaixo), o Pai Natal convidou o Lobo Mau que se sentou à mesa com os restantes convidados e partilhou da improvisada ceia. Se assustou a Capuchinho Vermelho ou a Gata Borralheira, isso já não sabemos... (mas podemos imaginar). O que sabemos é que o Pai Natal ficou feliz!


E, para além da leitura, o que sugerimos?

1. Em casa do Pai Natal, a conversa estava muito animada. Consegues descobrir as histórias de onde saíram as suas visitas? Conheces todos esses textos? Podes aproveitar para os revisitar e elaborar um pequeno painel com as personagens à janela (inspira-te na primeira imagem desta publicação). Podes decorar a janela de acordo com a história a que pertence a personagem. 

2. E se tu também pudesses visitar o Pai Natal, que presente lhe oferecias? Porquê? Desenha esse presente e coloca-o na chaminé! 

3. Um cobertor para as Renas do Pai Natal. Convidamos-te a escolher uma rena (podes conhecê-las na janela 11) e a fazer-lhe um pequeno cobertor. Poderás desenhar esse cobertor, imaginando os materiais e técnicas que utilizarias (descobre o que será fácil de encontrar e o o que é típico da terra do Pai Natal), ou construir um, com recurso a restos de tecido, a bocadinhos de lã... podes experimentar tricotar, costurar, tecer (inspira-te AQUI para fazer um mini

(Já podem ser conhecidos alguns dos trabalhos elaborados, AQUI)

Boas leituras e até ao dia 14!



sábado, 12 de dezembro de 2020

Calendário de Leituras de Advento | Dia 12

À nossa janela de hoje estão os Desejos de Natal, uma obra de Luísa Ducla Soares, ilustrada por Ricardo Rodrigues, que reúne três contos de Natal. A autora, que já marcou presença no nosso calendário, na janela 5, faz transparecer nos seus textos uma enorme sensibilidade para questões tão delicadas como as desigualdades sociais, a pobreza, a violência, num constante convite a um olhar sobre o Outro. Trata-se, sem dúvida, de um dos nomes maiores no que ao tratamento das questões da Alteridade na Literatura Infantil, em Portugal, diz respeito.

Protagonizados por crianças de origens diferentes, a viver no nosso país, os três textos aqui apresentados dão a conhecer as vidas difíceis que marcam muitas infâncias. 

Escolhemos o conto "A Carta para o Pai Natal", que conta a história do Zeca, um menino que vive numa barraca, e que não sabia se havia ou não de acreditar no Pai Natal. Começa assim:


(Da realidade apresentada neste excerto ecoa a voz de Maria Isabel César Anjo, que no seu livrinho O Inverno é o tempo já velho, refere que "O Inverno é o tempo do Natal do Menino Jesus e dos presentes para os meninos ricos".)

O Zeca, contudo, porque é uma criança e carrega sonhos, não perde a esperança e, à semelhança dos colegas da escola, decide também ele escrever ao Pai Natal (imagem abaixo).


Mas parece que o Pai Natal continua distraído, pois os pedidos do Zeca, por pequenos que sejam, não são atendidos... mas ele não desiste, e escreve-lhe uma terceira vez (imagem abaixo).


E o Zeca acordou esperançoso, mas...

 "Mas o presente? Nada!

Furioso, o Zeca saiu de casa. Tinha de espairecer. Apetecia-lhe correr até gastar toda a raiva que sentia. Desceu do morro até à rua em frente do centro comercial.

Quem havia ele de encontrar então? Calculem só... O Pai Natal!"

E é neste momento que Zeca decide pedir esclarecimentos sobre o facto de nunca receber presentes, e que decide também acusar o Pai Natal de só ligar a quem tem dinheiro. E é também neste momento que, surpreendentemente, o Pai Natal decide oferecer ao Zeca algo que nunca tinha oferecido a ninguém.

"- Tempo! - explicou ele. Nunca passei a noite de Natal com uma criança e hoje vou passá-la contigo.

Desde que os pais tinham morrido, Zeca ficava sempre de noite sozinho. E grande parte do dia, também. O tio tratava dele como podia mas tinha de trabalhar, saía com os amigos, com as namoradas."


E o Zeca, depois de aconchegado com "uma sandes de carne assada, uma grande fatia de bolo rei e uma chávena de chocolate quente" (ceia que estava a ser distribuída na Avenida, por duas carrinhas) recebe o melhor presente de Natal: a companhia do próprio Pai Natal que lhe conta a sua história, desde o tempo em que se chamava Nicolau (é que desde a morte dos pais, nunca mais ninguém tinha contado histórias ao Zeca).

E é também nessa noite que Zeca decide o que quer ser quando for grande...



Neste livro podemos encontrar ainda os contos "O Carro Vermelho" e "Na Cova da Moura" (imagem acima).

E, para além da leitura, o que sugerimos?

1. Dar uma volta aos brinquedos (ou à roupa) e separar um para oferecer a quem mais precisa. Terás, certamente, algum brinquedo que te deram quando eras mais pequenino e que agora não uses tanto, que podes oferecer. Nesta época há várias campanhas solidárias que podemos apoiar.

2. Chocolate quente (que delícia!). Experimenta uma receita de chocolate quente (pode ser alguma que uses ou podes procurar uma nova). Serve-o em canecas bonitas e saboreia-o, com a tua família, junto à árvore de Natal, ou junto à lareira. (Partilha connosco a tua caneca de chocolate quente, enviando-nos uma fotografia. Também gostamos de conhecer receitas novas! Ah! Dica extra: para acompanhar o chocolate, podes experimentar as bolachinhas da Juliana).

Boas leituras e até ao dia 13!




sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Calendário de Leituras de Advento | Dia 11

Hoje revisitamos mais um clássico de Natal. Trazemos para a nossa janela 11 o poema do americano Clement Clarke Moore, um texto de 1882, que relata a chegada do Pai Natal.

A edição que escolhemos, A Noite de Natal, é uma tradução e adaptação de José Jorge Letria, autor que abriu o nosso Calendário de Leituras de Advento, com ilustrações da premiadíssima Lisbeth Zwerguer, de quem também já falamos AQUI.


Originalmente escrito com o título The Night Before Christmas: A Visit from St. Nicholas, este texto integra o conjunto de obras literárias para a infância, de cunho natalício, que versa sobre o imaginário ligado à figura do Pai Natal, tal como os livros que espreitaram da janela 3 e da janela 4.

Grande parte da beleza da recriação deste poema reside nas maravilhosas ilustrações, responsáveis, por um lado, pelo "realismo" que conferem a um momento "mágico"; e, por outro, pelo clima de paz e aconchego que sobressai da obra (um pouco contrastante, em nosso entender, com a azáfama que hoje rodeia a figura do Pai Natal).


Os passos da chegada do Pai Natal são pormenorizadamente retratados, como podemos ver na imagem acima, sendo dado especial destaque à figura das renas (imagem abaixo), excerto que é regularmente recuperado por outros autores, como vimos, por exemplo, no livro que apresentamos na janela 8.

A merecer uma descrição bem detalhada encontramos, naturalmente, o Pai Natal, figura central deste texto, a quem não faltam os atributos que hoje tão bem lhe conhecemos: a barba branca, a barriguinha, o sorriso, o casaco vermelho... pois, ao que parece, terá sido este texto a dar origem à lenda e à imagem de Santa Claus.



Podemos aceder à versão integral do texto AQUI.

E, para além da leitura, o que sugerimos?

1. Inspirando-te nas ilustrações de Lisbeth Zwerguer, imagina e representa a chegada do Pai Natal à tua casa: onde "estaciona" o trenó? o que podem "petiscar" as renas?, o que vai encontrar ao descer pela chaminé? Se preferires, podes escrever um pequeno texto, em prosa ou em poesia.

2. Gostarias de saber mais sobre as renas? Encontramos um artigo interessante AQUI. Com a informação que recolheres, podes construir o Bilhete de Identidade deste animal, que, vivendo tão longe, fica tão perto de nós, no Natal.

E, não te esqueças: conta-nos tudo, partilhando connosco as tuas experiências.

Boas leituras, e até ao dia 12!




quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Calendário de Leituras de Advento | Dia 10

Fomos ao baú e descobrimos uma relíquia para a janelinha 10! 

Um livrinho de Maria Cecília Correia, ilustrado por Maria Keil, datado de 1953, que reúne um conjunto de dez textos, entre os quais algumas histórias perpassadas pelo Natal. Falamos da obra Histórias da minha rua.


Neste livrinho convivem lado a lado a alegria e a tristeza, a riqueza e a pobreza, o interior e o exterior, o campo e o mar... que ganham voz ora através de uma criança, ora de uma flor, ora do vento... 
Esta obra, aparentemente tão simples, está à espera de um leitor que oiça e que preencha os muitos silêncios que a compõem. Pela mão dos diferentes habitantes de uma rua, que podia ser a nossa, e travando conhecimento com os diversos episódios que marcam o seu quotidiano, passamos a fazer parte das suas vidas (enquanto, sorrateiramente, eles também passam a fazer parte das nossas).

Dos dez textos que compõem este livrinho, três deles versam sobre o Natal: "História do Chico e da Angelina"; "História feita por uma Menina"; e "História do Natal para os teus 3 anos".

O primeiro texto (imagem acima) evidencia a pobreza extrema de um casal: O Chico e a Angelina:

"Viviam numa barraca muito velha, no meio de outras barracas velhas, lá para o outro lado do rio. Todos ali eram pobres, todos berravam uns com os outros, mas todos eram amigos e se ajudavam, até a preta Rosa que viera de África há muitos anos e tinha já dois mulatinhos crescidos. Ainda havia na barraca do Chico um cão: o Piloto, por quem o Chico fora um dia parar à cadeia por não ter licença para ter o cão."

Esta pequena narrativa atinge o seu ponto alto, quando, numa das idas de Chico e Angelina a uma das casas da rua, em véspera de Natal para venderem couves, entraram para ver o Presépio:

"Ficaram assim em frente ao Presépio e o Menino Jesus gostou deles, do cabelo rapado do Chico, da sua voz de trovão e mais do carrapito apertado da Angelina. E eles gostaram também do Menino Jesus, das velas vermelhas, da lamparina e tanto acharam que tudo estava como nas igrejas que tiraram do bolso dois tostões para porem na bandeja da lamparina. Nós dissemos que levassem as moedas, que não era preciso dinheiro para cera, mas eles não quiseram ouvir nada disso. Disseram só que este Menino Jesus merecia tanto como os outros das igrejas e deixaram ficar o dinheiro."


A "História feita por uma Menina" apresenta o olhar de uma criança (moradora da mesma rua, a "Cilinha") sobre a história de amor de Chico e Angelina. Tudo acontece porque "um dia o Chico adoeceu e nesse Natal já não foi ele que trouxe o pinheiro. Só a Angelina trouxe urzes e mais flores da mata onde eles viviam. Depois o Chico morreu lá na sua barraca (...)" (imagem acima)



O último texto, e o único que é explicitamente sobre o Natal, é, como o próprio título indicia, uma narrativa muito simples, que tem como destinatário a criança de tenra idade: "História do Natal para os teus 3 anos" (imagem acima). Não resistimos a partilhar um excerto que nos parece ter alguma semelhança com "O Cavalinho de Pau do Menino Jesus", conto que espreitou da nossa janelinha 8.

"Os Pastores traziam ovelhinas e flores apanhadas nos campos e os Reis, que eram muito ricos, traziam colares, anéis, dinheiros. O Menino Jesus gostou mais dos cabritinhos e das flores. (...)"

E, para além da leitura, o que sugerimos?

1. Quem mora na minha rua? (Ou no meu bairro, ou no meu lugar? Ou na minha aldeia). Propomos uma conversa sobre aqueles que vivem mais perto de nós. Conhecêmo-los? Sabemos das suas alegrias e tristezas? Precisam de nós?

2. Uma surpresa para um vizinho: no seguimento da reflexão anterior, sugerimos surpreender um vizinho nesta época. Poderá ser com a oferta de um boião de bolachinhas de Natal confecionadas por nós (podem inspirar-se na receita da Juliana: AQUI); ou de um postal feito por nós, de um enfeite para a árvore, de um poema... etc. (E depois dediquem-se um bocadinho a saborear a sensação boa com que ficaram).

Boas leituras e até ao dia 11!