domingo, 20 de dezembro de 2020

Calendário de Leituras de Advento | Dia 20

"Daniel Pastor gostava de mistérios e até acreditava que por detrás das pessoas, das árvores, das flores, dos rios e de tudo o que o rodeava, um mundo ainda maior, tão grande que parecia existir para sempre, tomava conta de si e dizia ao Sol para nascer todas as manhãs." (R.A. Araújo)

À nossa janela de hoje espreita Daniel, um pastor muito especial que foi incumbido de preparar uma grande festa...

É dia de conhecer A Festa dos Pastores, de Rosário Alçada Araújo e Carla Nazareth.

Daniel é pastor. Todos os dias, depois de uma malga de leite e de uma fatia de pão de lenha, segue com o rebanho para os montes. Daniel vive com a avó Bita, que lhe conta histórias, quando à noite regressa e se senta na almofada grenã, enquanto o fogo da lareira faz estalar a lenha e a carqueja.

"Certo dia de outono, Daniel Pastor recebeu uma visita inesperada."

Um anjo mensageiro convidava-o para "o encontro mais bonito que o mundo alguma vez conheceu", e encarregava-o de levar a mensagem a todos habitantes da sua terra, pois todos estavam convidados para a grande festa.

Daniel começou por avisar os seus amigos pastores, que, movidos pela alegria e pelo entusiasmo, depressa encontraram forma de espalhar a notícia (imagem abaixo).

No entanto, e apesar de todos terem recebido o convite (pois o vento deu uma ajuda aos pastores), parece que a mensagem não tocou os habitantes:

"Andamos demasiado ocupados.(...)"

"O início do inverno não é altura para arraiais. (...)"

"Quem, como nós, trabalha todo o dia, não tem sequer tempo para pensar em festas! (...)"

E, por isso, à hora da festa, apenas os pastores e os seus rebanhos estavam no alto do Monte da Vida, quando o Anjo Mensageiro apareceu para contar a grande novidade (imagem acima):

"- Hoje, aqui perto, em Belém de Judá, nasceu um menino chamado Jesus que veio à Terra para ensinar os homens a serem mesmo felizes e não andarem sempre preocupados."

E, então, Daniel e os amigos correram até Belém, onde encontraram, numa gruta, o Menino Jesus, Maria e José. 

"A alegria dos pastores foi imensa e todos agradeceram por poder viver aquele momento único."

Este é mais um exemplo de Literatura de Natal, de potencial receção leitora infantil, que tem como cenário o imaginário mais ligado à figura do Menino Jesus, tal como os livros que apresentamos na janela 7, na janela 9, na janela 10 e na janela 17.

E, para além da leitura, o que sugerimos?

1. Etiquetas para os presentes, ao jeito dos convites dos pastores. Inspirando-te na ideia dos pastores, que escreveram os convites em folhas de árvores, convidamos-te a fazer originais etiquetas para os presentes de Natal, recorrendo também a folhas e a outros elementos da natureza (pauzinhos, pinhas...).

2. Uma manta para o Menino Jesus: lembras-te o que disseram os pastores a Maria e José? Prometeram levar ao Menino uma manta feita com a lã das suas ovelhas. E se experimentasses fazer também tu uma mantinha para o Menino Jesus? Se alguém na tua família souber tricotar, podes pedir ajuda, se não souber, não faz mal, podes recorrer a peças de vestuário em lã, que já não uses (camisola, cachecol, meias...), e fazer uma mantinha (pequenina). Podes até colocá-la no presépio, a cobrir o Menino Jesus. (E manda-nos uma fotografia, sim? Somos muito curiosos!)

3. Um rebanho artesanal: logo a abrir este calendário (Janela 1), propusemos a elaboração de uma ovelha, com recurso a materiais de desperdício. Hoje desafiamos-te a elaborar um pequeno rebanho. Além das ovelhas, poderás fazer também os pastores desta história e montar um bonito cenário de montanha (as caixas de cartão dão sempre muito jeito!)

E não te esqueças de nos enviar fotografias das tuas experiências!

Boas leituras, e até ao dia 21!

sábado, 19 de dezembro de 2020

Calendário de Leituras de Advento | Dia 19

À janela de hoje está... um PERU!

Encontramo-lo num livrinho cheio de histórias bem dispostas, escritas por António Torrado e ilustradas por Cristina Malaquias: Dezembro à porta.


A partir de alguns elementos emblemáticos do Natal, mas também de outros menos menos prováveis, António Torrado oferece-nos oito contos, onde a surpresa e o caricato marcam forte presença. Bem ao jeito do autor, são textos com várias camadas de leitura, que se constroem (e desconstroem) com recurso a subtilezas marcadas pelo humor, ingrediente sempre presente nos seus textos.


Escolhemos "O peru que correu a cidade metido dentro de um cesto". Trata-se de uma divertida história que fará sorrir a criança, que acompanha as aventuras (e desventuras) do peru, e ao mesmo tempo o adulto, a quem o autor dirige um constante piscar de olho que o fará reconhecer o retrato apresentado...

Como podemos verificar na imagem acima, as aventuras deste peru começam em casa do Sr. Firmino, uns dias antes do Natal. Imaginando o pior, a ave acaba por respirar de alívio quando se vê dentro de um cesto: o cesto que o levará a percorrer a cidade...

Sistematicamente "rejeitado" porque afinal todos os "ricos" da cidade a quem o peru era ofertado já tinham "perus de sobra", a nossa ave vai parar a casa do arcebispo que decide distribuir todas as aves do seu capoeiro pelos mais necessitados da cidade. 

Ora, o peru, que nem chega a sair do cesto, é, deste modo, levado para casa de Jacinto (imagem abaixo).

E como o Jacinto já pôs o bacalhau de molho, decide oferecer o peru ao seu patrão: o Sr. Firmino:)

E porque está tão magrinho, tão magrinho... o Sr. Firmino decide devolvê-lo ao capoeiro, imaginado já a quem o pode oferecer no Natal seguinte!

E é assim que mais um peru se salva de ir parar à panela! Se bem se recordam, pelo nosso calendário já passaram outros dois perus sortudos: moram nas sugestões que deixamos na Janela 1 e na Janela 14.

E, para além da leitura, o que sugerimos?

1. Escrever com humor: desafiamos-te a brincar com os títulos dos contos deste livro (que encontras no Índice, numa das imagens acima) e a escrever uma pequena história com esses elementos. Podes ilustrá-la, claro!

2. O peru conta as suas aventuras: imagina uma conversa na capoeira do Sr. Firmino depois de o peru ter voltado. Podes elaborar um pequeno diálogo entre as diferentes aves ou uma pequena banda desenhada. 

3. Um peru de palavras: procura palavras que rimem com PERU e, com elas, "desenha um peru de palavras" (desenhas um peru e escreves as palavras no seu contorno ou no seu interior). Também podes inventar uma quadra com essas palavras.

E não te esqueças de nos fazer chegar os teus trabalhos (já temos vários, AQUI). O dia de Natal está cada vez mais perto e, nesse dia, teremos surpresas!

Boas leituras e até ao dia 20!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Calendário de Leituras de Advento | Dia 18

À janela 18 do nosso calendário estão o Frederico e a Maria, que dão vida a uma curiosa história: Sabes, Maria, o Pai Natal não existe, um livro de Rita Taborda Duarte e de Luís Henriques, que completa a nossa seleção de obras que incidem sobre um imaginário de Natal mais voltado para a figura do Pai Natal, tal como as que apresentamos na janela 3na janela 4na janela 11na janela 13.


Esta história começa com uma partida que o Frederico decide pregar à sua irmã mais nova:

"Um dia, estava quase
A chegar o Natal,
Disse à irmã,
Que era pequenina,
Só para a arreliar,
Só para a deixar triste
- Sabes, Maria, o Pai Natal não existe."


E, embora a Maria não tenha acreditado no irmão, aquilo que ele fez deixou o Pai Natal inconsolável, lançando-o num tal estado de confusão, que até o fez perder o apetite...


E já em sua casa, no Pólo Norte, nem os duendes, nem as renas conseguiam alegrar o Pai Natal, que "cismava" com a conversa do Frederico. Foi então que resolveu consultar um psicólogo (imagem abaixo).


E logo o Pai Natal recuperou o apetite (o conselho que o psicólogo lhe deu era bem simples de pôr em prática).
E tudo parecia ter voltado ao normal...

"Mas na noite de Natal
Não foi, com certeza,
Boa a surpresa
Que teve o Frederico."


É que, dentro do seu sapato, nem presentes, nem dinheiro ("Só o mau cheiro que já era costumeiro").

"O Frederico chorava
Com grande tristeza...
E a irmã perguntava-lhe:
Por que estás assim? 
E ele dizia:
- É que o Pai Natal já não acredita em mim..."


E a história poderia terminar aqui, com o feitiço a virar-se contra o feiticeiro, mas o Pai Natal não guarda rancor, e... no dia seguinte, o Frederico lá recebeu uma prenda ("Mas ele sabia que não merecia"). 


E, para além da leitura, o que sugerimos?

1. "Palavras Parideiras": Vamos brincar com os nomes dos irmãos que moram nesta história: FREDERICO e MARIA, "desmontando" os seus nomes, e com as letras que os compõem formar novas palavras: Por exemplo, com algumas letras de Frederico, podemos escrever CEDRO ou RI, ou... (este jogo tem por nome "Palavras Parideiras" e é muito divertido:)) Quantas palavras consegues formar? 
 
2. Um trenó "de marca": com as palavras que descobriste, inventa uma marca para um trenó. Se quiseres podes desenhá-lo ou montá-lo com recurso a recortes.

3. Profissões do Natal: nesta história entra um psicólogo, uma profissão que, por norma, não associamos ao Natal. Que outras profissões estão associadas ao Natal? Algumas são mais visíveis, outras menos. Vamos conversar sobre o assunto? Depois, podes escolher uma e desenhar uma personagem que a caracterize (até podes ilustrar ao jeito de Luís Henrique).


Podes acompanhar os trabalhos que nos vão chegando, AQUI.

Boas leituras, e até ao dia 19!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Calendário de Leituras de Advento | Dia 17

"No coração de dezembro se faz 

um caudaloso hino de amor e paz."

A inaugurar a oitava do Natal, trazemos Romanceiro de Natal, um livrinho com textos de João Manuel Ribeiro e Vergílio Alberto Vieira, ilustrado por Joana Bragança.


Este livro contém 21 poemas, com fortes ecos da tradição popular, que versam sobre diferentes episódios ligados à narrativa bíblica em torno da Natividade. Trata-se, pois, de mais um exemplo de Literatura de Natal, especialmente destinada à infância (mas não só), onde prevalece um imaginário ligado à figura do Menino Jesus, tal como acontece nas obras que apresentamos na janela 7, na janela 9, e na janela 10.


Entre os vários textos que compõem a obra, podemos encontrar poemas em jeito de louvor, como acontece em "Matinas de Natal" (imagem abaixo) ou em "Loas ao Menino", por exemplo. Outros parecem sugerir oração, como a Adoração dos reis Magos, e outro ainda encenação, de que é exemplo "Presépio ao vivo em Evoramonte" .


De entre esse conjunto de textos de ecos claramente bíblicos, emerge um outro de onde ecoam problemáticas sociais que ganham particular visibilidade nesta época, como a pobreza extrema ou a solidão, de que são exemplo os poemas "Natal onde lugar não houver" (imagem abaixo) e "O Menino do Lapedo".


O texto que escolhemos para pôr à janela 17 é "Presépio Esquimó" (imagem abaixo), um poema de Vergílio Alberto Vieira, que apresenta um interessante "jogo" de mudança de cenário do Presépio de Belém. E se o Presépio fosse na região mais fria do planeta? 
A adaptação dos elementos do cenário do Presépio (estábulo, animais, pessoas, presentes...) resulta num original quadro de Presépio alternativo, que parece acentuar a universalidade da mensagem de Natal. 


As ilustrações de traço simples, a lembrar de algum modo o traço infantil, carregam ternura, contribuindo para situar o leitor nesse espaço que é seu por direito, e ao qual pode regressar (e permanecer) sempre que o deseje: a infância. 


E para além da leitura, o que sugerimos?

1. O meu dicionário de Natal (parte II). Dando continuidade à proposta que deixamos na janela 14, e inspirando-te nas palavras que compõem os títulos dos textos deste livrinho (que podes ver acima, na imagem que contém o índice), continua o teu Dicionário do Natal (se ainda não começaste, aproveita agora!).

(Se quiseres saber mais sobre dicionários e abecedários literários, espreita AQUI).

2. "Um Presépio diferente". Recorrendo ao exemplo do poema "Presépio Esquimó", que encontras numa das imagens acima, escolhe outro lugar do mundo para imaginares um Presépio, adequando, tal como o autor, os diferentes elementos: o estábulo, os animais que aquecem o Menino, quem vem visitá-Lo, as iguarias de Natal desse lugar etc. Em alternativa, podes pesquisar uma tradição de Natal de outro país (onde, por exemplo, é verão nesta altura do ano) e escrever uma quadra, ou um pequeno texto, com essa informação.

3. "O meu Romanceiro". Convidamos-te a recolher, junto de algum familiar mais velho, uma quadra ou um cântico, de cariz popular, associado ao "Natal do Menino Jesus": o nascimento, a visita dos pastores, o cantar dos Reis, etc.

Podes ir acompanhando os trabalhos que nos vão chegando, AQUI.

Boas leituras e até ao dia 18!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Calendário de Leituras do Advento | Dia 16

A sugestão que espreita da nossa janela de hoje, veio da América, pela mão de Paul Auster e de Isol, e tem por título A História de Natal de Auggie Wren.


Neste original trabalho convive a arte com o quotidiano, descobrem-se hobbies inusitados, e desvenda-se uma história de Natal surpreendente, mesmo a tempo de salvar um escritor bloqueado. 
Como podemos ler na contracapa (imagem abaixo), o próprio autor integra-se como personagem da narrativa que vai construindo, aspeto que em muito contribui para criar proximidade com o leitor e fazer dele uma espécie de cúmplice no acompanhamento dos acontecimentos que dão corpo à narrativa.


É com uma vulgar cena do dia-a-dia que Paul Auster nos introduz no invulgar universo de Auggie Wren, o dono da tabacaria onde costuma comprar as suas cigarrilhas, como podemos ver no excerto da imagem abaixo:



E é neste ambiente mais íntimo, de "confidencialidade entre artistas", que Paul Auster se depara com a obra da vida do amigo, resultado de um passatempo que mantém há vários anos: uma caixa com vários álbuns de fotografias, todas tiradas do mesmo lugar à mesma hora. Apesar de habituado aos meandros da arte, Paul vai precisar de algum tempo (e sobretudo de alguma calma) para compreender o trabalho do amigo. 

"Se não nos detivermos a olhar, nunca conseguiremos ver nada."


E se a história terminasse aqui já daria ao leitor muito que pensar. Mas a narrativa continua. E, num momento de bloqueio, perante o pedido de um conhecido jornal, para escrever um conto de Natal, é Auggie que salva o escritor, com uma história mirabolante, que acaba por revelar a origem do seu invulgar passatempo. Na imagem abaixo, podemos ver o momento em que esta (outra) história começa a ser contada.


Este "ladrão de livros de bolso", que acaba por perder a carteira na fuga, irá, sem o saber, proporcionar a Auggie o Natal mais inesperado da sua vida, através de uma série de "ironias do destino", que obrigarão o leitor a questionar-se sobre um conjunto de valores que parecem adquiridos, mas que talvez nem sempre devam ser escolhidos...   
Sozinho em casa, Auggie decide ir "devolver a carteira ao ladrão" (imagem abaixo)


Chegado à casa do ladrão, que é afinal a casa da avó do ladrão (Robert), uma idosa cega, Auggie é confundido com Robert, e tratado como neto da anfitriã. Apanhado desprevenido numa situação tão inesperada, Auggie acaba por "entrar no jogo", e por proporcionar um inesquecível dia de Natal à senhora.


E quando parece que a história chegou ao fim, eis que é revelado "o segredo da origem da máquina fotográfica", ou, como tudo começou... e terá sido mesmo assim? A reflexão que encerra o texto deixa espaço ao leitor para decidir por si.


E, para além da leitura, o que sugerimos?

1. Um painel do Natal ao longo do tempo ou "descobre as diferenças".

"Se não nos detivermos a olhar, nunca conseguiremos ver nada". 

Vamos experimentar, ao nosso jeito, o passatempo de Auggie? Propomos que recuperem algumas fotografias de Natais passados, que tenham sido tiradas no mesmo lugar, por exemplo junto à árvore, à mesa... (3 ou 4 fotografias já serão suficientes para exercitarmos o olhar), e que as comparem, numa espécie de jogo de "descobre as diferenças". 

2. Uma vila de Natal: ao jeito de Isol, a ilustradora, convidamos-te a fazer uma "tabuleta" para colocar numa loja imaginária. Vamos imaginar uma espécie de cidade / vila de natal, pensar nas lojas que essa cidade ou vila poderia ter (relacionadas com o Natal), e escolher uma para ser a nossa (podemos inventar uma loja!). 

A personagem desta história tinha uma tabacaria. Na nossa cidade de Natal, o que vai haver? Se quiseres, podes também fazer a montra da loja, ou até criar um pequeno cenário / maquete, numa caixa de sapatos, por exemplo, onde representas a tua loja, ou a tua cidade.

Não te esqueças de nos enviar fotografias dos teus trabalhos! (Estamos a divulgá-las AQUI).

Boas leituras e até ao dia 17!

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Calendário de Leituras de Advento | Dia 15

À janela 15 está um livrinho que completa a nossa seleção de obras para este calendário, que junta o imaginário do Pai Natal com o do Menino Jesus. Trata-se de um belo texto poético escrito por João Pedro Mésseder e ilustrado por Gabriela Sotto Mayor, e tem por título O Pai Natal e o Maiúsculo Menino.

(As obras que completam este trio espreitam da janela 5 e da janela 8). 


Sob a forma de poesia narrativa, e com recurso a ilustrações que ampliam a leitura do texto verbal, este trabalho reaviva memórias de Natais idos, convocando, para o mesmo cenário, imagens muito contemporâneas associadas a esta época, resultando num interessante convite à reflexão, pintalgado por subtis notas de humor.

"No meu tempo de menino
existia outro menino,
um maiúsculo menino
que era o Menino Jesus"
(É assim que começa esta "história").

O relato verbal, feito na primeira pessoa, deixa transparecer a nostalgia que o narrador sente em relação aos Natais da sua infância, habitados pela simplicidade advinda da figura do Menino Jesus, em oposição aos Natais consumistas de hoje que parecem não deixar espaço para os presentes mais importantes, aqueles que não podem ser embrulhados em papel porque moram no coração de cada ser.



O Pai Natal é, efetivamente, apresentado como alguém que aparece na nossa cultura muito mais tarde:

"De um senhor de barbas brancas,
Um maiúsculo Papá
vindo dos confins do Norte,
só mais tarde ouvi falar."




Ao longo da narrativa, encontram-se muito presentes os contrastes entre consumismo exacerbado e pobreza extrema, alusões que não passarão despercebidas ao pequeno leitor, como podemos ver pelo seguinte excerto:

“E entre grande confusão 
nas casas ricas deixar
sempre mais do que é preciso;
e nas pobres, por azar, 
um pouco mais do que nada 
e uma tristeza a pairar.”

Não nos parece, contudo, que seja intenção dos autores retirar mérito à figura do Pai Natal, de quem, aliás, o narrador confessa sentir pena do seu “não acabar de aflições”, mas antes enquadrá-lo numa paisagem mais equilibrada (e mais Humana).



A nostalgia que, ao longo da obra, se vai corporizando ora numa certa revolta, ora numa espécie de aceitação do inevitável (ou dos sinais dos tempos), culmina numa reflexão / convite à ação, materializada numa carta ao Pai Natal, onde talvez seja possível, se assim o desejarmos, o equilíbrio (imagem abaixo).
 


(Este livrinho é particularmente especial para nós, pois fez parte dos 25 magníficos que deram corpo ao Programa ELF - edição inaugural, tendo integrado o tema História e Efemérides).

E, para além da leitura, o que sugerimos?

1. Duas Meias de Natal: convidamos-te a desenhar duas meias de Natal, uma para o Pai Natal e outra para o Menino Jesus, e a colocar lá dentro um presente (também desenhado) para cada um deles (se preferires, podes escrever). O que gostariam eles de receber? Porquê?

2. Um Natal da infância dos meus pais ou dos meus avós. Tal como o narrador desta obra, os teus pais e/ou avós também terão saudades dos natais de quando eram crianças. "Veste-te" de jornalista e pede-lhes que te contem um pequeno episódio que esteja associado ao Natal da sua infância, e que recordem com particular carinho. Podes até começar um caderno de memórias, onde continuarás a registar pequenas histórias que os teus familiares te contam.

E partilha connosco (claro)!

Boas leituras e até ao dia 16!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Calendário de Leituras de Advento | Dia 14

Ainda imbuídos do aroma do chocolate quente, que marcou forte presença no calendário, nos últimos dias, trazemos hoje uma divertida história que começa precisamente com o "misterioso" aparecimento de cinco pais natais de chocolate em cima da mesa  da sala de jantar do André, a criança que protagoniza Cinco Pais Natais e Tudo o Mais, um livro bem português, da autoria de Manuela Castro Neves e Maria Bouza. 



Trata-se de mais uma obra onde predomina o imaginário de Natal ligado à figura do Pai Natal, tal como acontece nos livros que saíram da janela 3, da janela 4, da janela 11 e da janela 13. A decoração da árvore e os preparativos para a ceia completam o cenário. E é então que chega a prima Milu... 



Tudo começa porque o André apanhou uma grande constipação...
E porque tem uma madrinha que gosta de surpresas e acredita em magia... (imagem abaixo)


Recorrendo a um interessante jogo de linguagem, quase uma lengalenga, a narrativa vai-se desenrolando em modo acumulativo.

"Ó André, então como é? Cinco Pais Natais barrigudos e bochechudos, cinco trenós, nem arredondados nem bicudos, dez renas de focinhos pontiagudos e nenhum guizo? Quem assim falava era o primo Narciso." 


E assim, de visita em visita, o André vai compondo um verdadeiro cenário de brinquedos de chocolate para "brincar ao Natal" (até porque está constipado e tem que ficar em casa).
E a história prossegue, dando cumprimento a outros rituais, como a decoração da árvore e os preparativos para a ceia:

"Ó André, então como é? Uma estrela dourada e nem ao menos, uma bola brilhante prateada? O Alberto estava certo."


O inesperado acontece quando a prima Milu chega com o peru (que é preciso matar).
É hora de os brinquedos de chocolate (que estavam alinhados a descansar no parapeito da janela), entrarem em ação e fazerem acontecer a "Magia do Natal" (imagem abaixo).


E é por isso que esta história podia ter como título alternativo "Quando o Pai Natal salvou o Peru".

E, para além da leitura, o que sugerimos?

1. Construir um mini jogo com elementos do Natal, com recurso a materiais de desperdício: por exemplo um jogo do galo (onde em vez de X e 0, podemos ter renas e trenós, ou pais natais e perus, etc. Ou um jogo da memória (podemos desenhar ou colar figuras relacionadas com o Natal - os folhetos de supermercado desta época são um excelente repositório de imagens de Natal). Ou o jogo do peixinho, compondo "famílias" de Natal, etc...

2. Elaborar o nosso dicionário do Natal. Não tem de ser todo de uma vez! Podemos selecionar algumas letras, apenas, e vamos completando ao longo do advento. Por exemplo: A de azevinho, uma palavra verde, com olhinhos vermelhos.  Para os mais pequeninos, construir um dicionário ilustrado, com recurso a colagens, é muito simples e pode revelar-se uma atividade muito divertida (Letra+Palavra+Imagem).

Espreitem os trabalhos que vão chegando a este Calendário, AQUI
E continuem a partilhar connosco as vossas experiências!

Boas Leituras e até ao dia 15!