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sábado, 24 de julho de 2021

As crianças que moram nos livros (1)

Na literatura de potencial receção leitora infantil encontramos, vastas vezes, a criança como protagonista, ora como narrador personagem, ora como personagem principal... 

Num ano particularmente dedicado à criança, pelas comemorações em torno do Ano Internacional para a eliminação do Trabalho Infantil, fomos em busca de (mais) crianças que moram nos livros (pois já AQUI havíamos falado sobre as Representações da Infância na Literatura).


Selecionamos para este mês, que conta já com muitas famílias de férias, quatro títulos de autoria internacional, chegados até nós bem recentemente, entre 2020 e 2021, pelas editoras Fábula, Presença, Kalandraka e Orfeu Negro. Convidamos, então, os nossos leitores (grandes e pequenos) a conhecer Vera, Jaime, Rosalie, e uma outra criança, cujo nome não é revelado, que nos brinda com uma carta (de amor) maravilhosa!

capa e paratexto final de Se algum dia vieres à Terra, de Sophie Blackall

Sophie Blackall, cuja obra chegou ao nosso país em 2020, com Olá Farol (de que falamos aqui), volta a encantar os leitores portugueses com este maravilhoso trabalho, publicado em março deste ano pela Fábula: Se algum dia vieres à Terra
Como a própria autora nos conta, num interessante paratexto que podemos encontrar na última página da obra (ver imagem acima), 

"A Ideia deste livro surgiu no cume de uma montanha dos Himalaias, no Butão. Eu estava a trabalhar com a organização Save the Children e tinha escalado um caminho em ziguezague para visitar uma pequena escola com apenas duas salas e dez alunos." (...)

pormenor do miolo de Se algum dia vieres à Terra, de Sophie Blackall

Só a introdução a este texto "explicativo" já nos oferece uma interessante reflexão sobre a importância dos nossos gestos, independentemente do número de pessoas que por eles possam ser tocadas, pois, na verdade, deste "pequeno gesto" nasceu esta grande obra, que é, como dizíamos, uma maravilhosa carta de amor à nossa Casa. Uma carta que pode chegar a todos os habitantes que partilham este planeta:

"Nós, os seres humanos, definimo-nos através do sítio onde nascemos, onde vivemos, daquilo em que acreditamos, das roupas que vestimos e das línguas que falamos. Mas não existe uma pessoa «típica». Somos todos diferentes. No entanto, há algo que todos partilhamos - o planeta em que vivemos."

Ao longo de sete dezenas de belíssimas páginas, profusamente ilustradas, e pela voz (ou pela pena) da criança narradora, que escreve esta bela carta (de amor) destinada ao "Querido visitante do espaço sideral", somos convidados, numa espécie de visita guiada à Casa, a conhecer (ou a recordar?) a beleza do mundo, em todas as suas dimensões. 
Trata-se, sem dúvida, de uma das melhores obras para conhecer a Agenda 2030 e para pôr em prática a máxima "Conhecer para Amar".

pormenor do miolo de Se algum dia vieres à Terra, de Sophie Blackall

Num livro com um título algo intrigante mora Vera, a menina que protagoniza a obra de Marina Núñez e Avi Ofer, Caça-Olhares, um trabalho belíssimo, publicado pela kalandraka, em 2020.
Preocupada com o facto de ninguém olhar senão para um certo dispositivo que todos seguram na mão, em frente aos olhos, Vera decide ir à caça de olhares...

Capa, guardas e pormenores do miolo de Caça-Olhares, de Marina Núñez e Avi Ofer


Mas Vera não é bem sucedida na sua missão, pois, à exceção de uma ou outra criança, a quem consegue caçar um olhar cúmplice, os olhares dos adultos não se voltam para ela: nem fora de casa, nem na própria casa! (imagem acima).
"Se os adultos não observam nem contemplam as coisas maravilhosas que há no mundo, como poderei eu fazer com que olhem para mim?", questiona-se a menina, desiludida...

Até que um dia, Vera decide procurar ajuda junto da avó Guida, pois

"A avó tem sempre olhares para ela, mesmo que diga que já não vê lá muito bem. Escuta todas as histórias, mesmo que diga que já não ouve como dantes. E nunca tem pressa, nem mil e uma coisas para fazer."

Será Vera bem sucedida, desta vez?
 
pormenor do miolo de Caça-Olhares, de Marina Núñez e Avi Ofer


Peter Reynolds, autor da famosa obra O Ponto, dá-nos a conhecer Jaime, a criança que mora no livro O Menino que colecionava palavras, publicado em 2020, pela Presença. Uma obra que nos revela um especial poder: o poder transformador das palavras (como podemos ler na contracapa).

pormenor do miolo, capa e guarda final de O Menino que colecionava Palavras, de Peter Reynolds

Jaime tinha um gosto particular no que respeita a coleções. Não colecionava cromos, nem selos, nem moedas... e nem olhares (como Vera). Jaime colecionava PALAVRAS, que ouvia, que via, que lia. PALAVRAS breves e doces, palavras bonitas e palavras polissílabas, "que soavam como pequenas canções". Jaime encheu muitos cadernos com as suas coleções...
Mas um dia... "ao transportá-las... Jaime escorregou e as palavras voaram."
O que será que vai fazer este colecionador especial?...

pormenor do miolo de O Menino que colecionava Palavras, de Peter Reynolds

E, por último, trazemos Rosalie, uma menina muito especial que mora num pequeno grande livro, escrito por Timothée de Fombelle e ilustrado por Isabelle Arsenaut, Capitão Rosalie, que chegou até nós em 2020, pela Orfeu Negro.

A menina que mora neste livro, tal como Vera, também tem uma missão... mas bem diferente. 
"Tenho um segredo
Na escola, todos pensam que estou a sonhar
Mas eu sou um soldado em missão. Capitão Rosalie."

miolo de Capitão Rosalie, de Timothée de Fombelle e Isabelle Arsenaut 

Estamos em 1917. Rosalie, a narradora, é uma menina de cinco anos, que vive com a mãe porque o pai está na guerra.

"Não tenho qualquer memória para lá da guerra. Era muito pequenina antes de ela começar. E vejo bem que a minha mãe continua a ler ainda durante muito tempo, apesar de só haver uma única página escrita no envelope.”

Curiosa (e não convencida) sobre o conteúdo das cartas que a mãe lhe lê, Rosalie decide empreender a missão que a ajudará a descobrir a verdade por que tanto anseia.

"Olho de novo para o quadro. Pela primeira vez tudo se torna claro. Como se uma neblina se evaporasse subitamente das coisas. A minha missão está quase terminada. Não devo esperar mais.”

miolo de Capitão Rosalie, de Timothée de Fombelle e Isabelle Arsenaut 

Trata-se de um dos mais belos trabalhos que conhecemos dentro da temática bélica. Um texto forte, que não deixa nenhum leitor indiferente.

Entre palavras e olhares, desejamos a todos uns dias de descanso de muita cumplicidade (os livros dão uma ajuda).



A todos, boas leituras!

[LMB]

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Fiquem em casa e (re)descubram o prazer de ler juntos - Distinção Escola Amiga da Criança (1)

Vale a pena recordar e revisitar esta rubrica, que acaba de ser distinguida com o selo Escola Amiga da Criança, na categoria Escola em Casa, uma das quatro distinções atribuídas ao Agrupamento de Escolas António Feijó. 

São quase 40 sugestões de atividades que em muito poderão contribuir para fazer valer 2020, sobretudo agora que um novo estado de emergência foi decretado, e que é em Casa que somos convidados a permanecer.

Algumas das obras que integraram a rubrica

Fiquem em casa e (re)descubram o prazer de ler juntos
 nasceu durante o período de confinamento, no âmbito do E@D, e teve  como principais objetivos colmatar a falta dos livros físicos, uma das principais valências das bibliotecas escolares, e disponibilizar propostas de trabalho a pais e professores, passíveis de integrar quer os planos de aula, quer o tempo em família, tendo como base o livro. 

Guardas iniciais de Cem sementes que voaram, obra que integra as sugestões Dá guardas à Terra


A rubrica, composta por uma (ou mais) sugestões de leitura, em cada entrada, e por propostas concretas de atividades a partir dos livros sugeridos, contou com 15 publicações (entradas) entre os meses de março e maio 2020, que integraram um total de 29 obras literárias e 38 sugestões de atividades. 

Três dos títulos que integraram a viagem pelas Representações da Mãe na Literatura para a Infância, no Especial Dia da Mãe

As diferentes propostas de leitura / atividade foram cuidadosamente selecionadas, tendo em conta não apenas a nova realidade que se instalava (pandemia e confinamento), mas também as efemérides e comemorações que iam tendo lugar(dia do pai, dia do livro infantil, dia da Terra, 25 de abril, dia da Mãe...), no sentido de oferecer contexto e conferir significado à leitura. 

Pormenor do miolo de O Farol, a obra que deu corpo às Sugestões Leituras Luminosas

As obras apresentadas contemplaram autores e ilustradores nacionais e internacionais, clássicos e contemporâneos, géneros e discursos variados, e também novidades de 2020. As sugestões de atividades, embora mais direcionadas para a Educação Pré Escolar e 1º Ciclo de Ensino Básico, eram adaptáveis a qualquer nível de ensino.

Fica o convite para revisitar a rubrica FIQUE EM CASA, onde se encontram as quase 40 sugestões de atividades (interessantes e divertidas) em torno da boa literatura:

- Dicionário das palavras protetoras 

- Andorinhas Mensageiras de Esperança 

- Três Cuquedos para espantar medos 

- Leituras Luminosas 

- Dá guardas à Terra 

- Tranças, Rugas e muitas voltas 

- E se fosses um livro?

- As Casas que moram em nós

- Os Relógios da Família

- Coisas boas para fazer devagar

- Pias de Poesia? Sim! E muito humor!

- Um Tropel de Plavras Poderosas ou um outro modo de Olhar

- Especial Dia do Pai: Um Postal, Uma entrevista e Uma Canção

Especial dia da mãe

- Especial Dia Internacional do Livro Infantil 



segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Abecedários Literários - receita de sucesso

Ao longo dos últimos dias, e como prometemos AQUI, apresentamos nas nossas páginas de Instagram e de Facebook, um conjunto de sugestões de leituras para integrar a biblioteca da criança que vai agora para o 1º ciclo (Vou para a escola: vou aprender a ler!). 

No seguimento dessas propostas, e porque a escola já começou, hoje trazemos uma seleção de abecedários literários


Esta tipologia de obra para a infância (e não só) torna-se particularmente atrativa na fase da aprendizagem formal da leitura, que corresponde à entrada para o 1º ano do 1º ciclo (6-7 anos). Efetivamente, porque a criança enceta um contacto mais próximo com as letras do alfabeto, explorando os sons, as composições silábicas e as palavras onde "moram" as letras, o olhar sobre o abecedário torna-se particularmente apurado.

Guardas iniciais e finais de O Alfabeto dos Bichos de José Jorge Letria e André Letria.
Este modelo repete-se em todos os livros desta coleção do autor.

Os dicionários e alfabetos (literários), cuja origem remonta ao séc. XIX, apareceram inicialmente associados a funções didáticas. Hoje, incorporam um conjunto diversificado de recursos literários e estéticos, e são uma tendência crescente na edição literária para a infância. Estas obras refletem, de algum modo, uma maior liberdade artística, e às vezes um cunho experimental, encerrando um elevado potencial no que à fruição estética diz respeito, e prestando-se a um sem número de atividades lúdicas e divertidas na escola ou na família. 


O Alfabeto dos Bichos, o primeiro de uma coleção de José Jorge Letria, da qual fazem parte O Alfabeto dos Países (de que falamos AQUI e AQUI), O Alfabeto da Natureza e O Alfabeto do Corpo Humano, é composto por 23 poemas, sobre 23 animais, ordenados alfabeticamente. Os textos refletem a mestria do autor em conjugar informação de índole diversa com subtis notas de humor, numa linguagem de poesia vestida. Uma das estratégias possíveis para ler esta obra poderá ser partindo da letra inicial do nome da criança e alargar aos nomes da família, dos amigos... a que ficarão associados os animais correspondentes. Vejamos o que calharia ao Luís, ao Leonardo, ao Lourenço, à Liliana, à Luísa e à Lúcia:

"Leopardo

Podia chamar-se Leonardo

este felino elegante

que na copa de uma árvore

parece um bicho distante;

nem esculpido em madeira

teria maior perfeição, arco de corda esticada

correndo ao sol do verão.

A pelagem pintalgada

lembra doença infantil,

não é sarampo ou varicela

nem um vírus feio e hostil." 

(Letria & Letria, in O Alfabeto dos Bichos)

Nesta obra é ainda visível a preocupação de enriquecer o "repertório animal" do pequeno leitor, com a inclusão de animais menos conhecidos, como é o caso do Quivi (imagem abaixo).

Excerto de O Alfabeto dos Bichos

Num registo marcado pela ludicidade, Luísa Ducla Soares brinca com as letras do alfabeto na sua emblemática obra Abecedário Maluco, um trabalho várias vezes reeditado, tal é o seu sucesso.

O abecedário maluco: a última edição (2019), com ilustrações de Maria Neradova, e edição de 2004, com ilustrações de Joana Quental

Nesta obra, da autora que comemora 50 anos de vida literária, encontramos o "abecedário maluco de nomes", a abrir a coletânea, e o "abecedário maluco de apelidos", a encerrar. O recheio é bem variado: entre os vários poemas que compõem a obra, encontramos títulos tão inusitados como "Viva o desmazelo!", "Tudo de pernas para o ar", "As palavras também fazem partidas", "Volta a Portugal... na asneira", "O menino Perguntador", e vários outros. Um trabalho que permite aprofundar a consciência fonológica, e, simultaneamente, alargar e apetrechar as várias enciclopédias do leitor em construção.

Excerto do poema que encerra a obra: "Abecedário maluco de apelidos"

No ano em que comemoramos o centenário do nascimento de Mário Castrim, merece um apontamento a sua obra Estas são as Letras, um original trabalho, que, seguindo a ordem alfabética, reúne 23 textos, escritos em diferentes  discursos e "formatos" e habitados por palavras conhecidas e desconhecidas. Sob a forma de poesia, poesia visual, texto dramático... o autor faz desta obra um verdadeiro laboratório linguístico e um hino à imaginação. Vejamos o texto dedicado à letra A:

"Isto é um arame de água ou um sonho de margem

Isto é a sombra de uma trave quase ao princípio da tarde

Isto é o voo de ave ao encontro doutra ave

acerta

aperta

aparafusa

Agora eu vim do princípio da água e do fim da Terra

sobre estes meus pezinhos leves

ando no mundo como tu me escreves"

(Mario Castrim e José Miguel Ribeiro in Estas são as Letras)

Ou, as páginas onde moram o Q e o R (imagem abaixo).

Excerto de Estas são as Letras, de Mário Castrim e José M. Ribeiro

João Pedro Mésseder e Marta Madureira decidem vestir as letras com números dando origem a este interessante trabalho: As Letras de Números Vestidas. Trata-se de mais uma viagem pelo nosso alfabeto, com paragens em todas as letras, onde pequenos textos incorporam nomes próprios (que indiciam a infância) e números. O recurso à rima torna a leitura muito apetecível para o pequeno leitor, fazendo com que o "ensinamento" implícito da ordem numérica associada ao alfabeto, passe quase despercebido enquanto tal: 

Excerto de As Letras de Números Vestidas de J. P. Mésseder e M. Madureira.


Os alfabetos literários são, como referimos, obras que permitem uma grande liberdade artística e estética. Por cá, talvez pelo facto de ter integrado todas as edições do Programa ELF, temos um carinho especial pelo Dicionário das Palavras Sonhadoras, de António Mota e Sebastião Peixoto.

Excerto de O Dicionário das Palavras Sonhadoras de A. Mota e S. Peixoto

Este belíssimo livro, que abre com um texto narrativo onde o leitor fica a conhecer a origem de um dicionário tão especial, integra uma lindíssima coleção de "metáforas", prestando-se a leituras múltiplas e também a atividades "ao jeito de...". Na verdade, as potencialidade deste dicionário já foram tão testadas pelas famílias que connosco têm trabalhado, que a garantia de sucesso é TOTAL. Falamos desta obra AQUI, AQUI, e AQUI.

 
Excerto de O Dicionário das Palavras Sonhadoras de A. Mota e S. Peixoto

A partir deste dicionário, que integra as 26 letras do atual alfabeto português, é possível construir um sem número de dicionários temáticos, por exemplo de acordo com os gostos e interesses dos leitores (grandes e pequenos). Pelo programa ELF já se passearam dicionários da família, dicionários divertidos, dicionário das profissões, dicionários do Natal, dicionários das estações, dicionários gastronómicos, etc. No âmbito da rubrica que tivemos por cá durante o confinamento (Fique em Casa), também surgiram Dicionários das Palavras Protetoras (AQUI).

Excerto de O Alfabeto Nojento de David Machado e David Pintor

Completamente "fora da caixa" é este recente trabalho de David Machado e David Pintor, O Alfabeto Nojento, que promete gerar boas gargalhadas junto dos mais traquinas e alguns "incómodos" junto dos adultos. Trata-se de uma obra pautada pelo humor, onde a asneira é a rainha. Mas... será que vai reinar para sempre? Este livro traz de presente um póster com um alfabeto gigante.


E esta seleção não ficaria completa sem uma obra de autoria internacional. Trazemos Maurice Sendak, cuja obra tem vindo a ser traduzida pela nossa Carla Maia de Almeida, para a Kalandraka. Neste pequeno livro, Vida de Crocodilo - Um Alfabeto, que integra uma (também) pequena coleção de 4 livros (imagem abaixo), o alfabeto serve de mote para a elaboração de uma breve e divertida narrativa:

Excerto de Vida de Crocodilo - Um Alfabeto, de Maurice Sendak


Este modelo pode também servir de inspiração para criar "ao jeito de...", assim como os restantes livros da coleção:


Os dicionários e abecedários literários constituem, assim, excelentes obras a integrar a seleção de leituras da criança que entra para a escola, pela aproximação ao tema, pelo humor de que se revestem e pelas potencialidades criativas que encerram. É claro que o momento que partilhamos com os nossos filhos, aconchegados a ler, é válido por si só e garantia de criação de memórias afetivas. O resto são bónus...

Boas leituras e bom ano letivo!

[LMB]

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Ideias para Festejar o dia de Portugal em Família

Hoje, dia de Portugal, trazemos algumas sugestões para enriquecer a comemoração desta data, a partir de um poema de José Jorge Letria, e de algumas experiências levadas a efeito no âmbito do Programa ELF.

Ilustração de Afonso Cruz para o texto Portugal
(O Alfabeto dos Países)
Partimos da obra O Alfabeto dos Países, de José Jorge Letria e Afonso Cruz, que se compõe de um poema para cada país, correspondente a cada letra do alfabeto, e escolhemos a letra P, a que corresponde o texto Portugal.

Texto Portugal
(O Alfabeto dos Países
)

Este texto, à semelhança de todos os que compõem esta coletânea, integra elementos de ordem geográfica, histórica e cultural, habilmente conjugados em forma de poesia, subtilmente pontuada com algumas notas de humor, convertendo o texto em material de reflexão para todas as idades.



Recuperamos, então, algumas das experiências resultantes das estratégias de abordagem propostas no âmbito do Programa ELF, que comprovam como o texto se pode revelar um manancial de conhecimento, e um indutor de experiências afetivas muito significativas.

Mapa das representações de Portugal
(Família Machado Domingues - ELF 2016)
1. Representações de Portugal



Este mapa das representações de Portugal congrega contributos de 50 amigos da família, espalhados pelo mundo, desafiados a responder ao desafio  “Qual a melhor palavra / imagem para simbolizar Portugal?”. Uma experiência que resultou em substanciais ganhos intertextuais, tendo em conta a quantidade e variedade de conhecimento que proporcionou.



Preencheram este retrato / puzzle do nosso país, visto de fora, elementos que se podem associar à música, como a figura de Amália Rodrigues e a guitarra portuguesa, aos monumentos, sobretudo de caráter religioso, ao desporto, à gastronomia, às festividades, ao artesanato, às paisagens, sobretudo do norte (como o Gerês), mas também às memórias de um país que ficou para trás e que deixou saudades. Curiosamente, a significativa expressão do Galo de Barcelos, levou a mãe participante em busca da lenda para contar às filhas. 
Uma ideia a recriar!


Ilustração alternativa para o texto Portugal
(Família Meireles - ELF 2016)
2. Ilustração Alternativa

Afonso Cruz recorreu à representação de um dos momentos / feitos mais emblemáticos da nossa história, os descobrimentos (que é apenas um dos aspetos referidos no poema). O trabalho representado na figura acima constitui uma alternativa à ilustração de Afonso Cruz. Trata-se da recuperação de alguns elementos culturais, lendários e gastronómicos, bem representativos da "portugalidade". 
Uma proposta ao alcance de qualquer família, que resultará num belo portefólio de Portugal.


Guardas da obra Alfabeto dos Países

3. Alfabeto de Portugal


Aproveitando o mote dos autores, e do título, e ajustando-o à efeméride que hoje comemoramos, vamos construir o Alfabeto de Portugal. Podemos escrever, desenhar, recorrer ao recorte e colagem; fazer alfabetos históricos, culturais, gastronómicos, festivos; mais sérios ou mais divertidos... a imaginação é o limite!

dupla página do miolo de O Alfabeto dos Países


4. Pelos caminhos de Portugal ou Um texto para a minha terra

Recuperando a sugestão do próprio autor, que convida o leitor a criar o seu próprio país, sugerimos a criação de um poema "ao jeito de..." sobre a terra de cada família. Será uma oportunidade para ir em busca de curiosidades históricas, culturais, do imaginário popular... e transformar essas descobertas num produto artístico! 

Façam-nos chegar os vossos trabalhos e as vossas descobertas. Partilharemos na nossa página de FB. Vamos inspirar-nos uns aos outros. 

Bom feriado e boas leituras!




quarta-feira, 22 de abril de 2020

Dá guarda(s) à Terra #Fique em Casa 12

Para comemorar o Dia Mundial da Terra, escolhemos dois livros unidos pelas sementes, Começa numa Semente, uma obra de Lara Knowles e Jennie Webber, editado em Portugal pela Fábula, e Cem sementes que voaram, um trabalho nacional, de Isabel Minhós Martins e Yara Kono, editado pelo Planeta Tangerina.

Livros para homenagear a Terra

Na obra Começa numa semente (algumas páginas disponíveis AQUI) podemos acompanhar a vida de uma semente, desde a sua chegada à Terra até à transformação numa imponente árvore que é também "um mundo maravilhoso", como podemos ver na imagem abaixo. 

Dupla página do miolo da obra


O texto poético, acompanhado pela sobriedade das ilustrações em tonalidades Terra, transforma-se numa viagem pelas estações do ano e pelo caráter cíclico da Natureza, culminando no natural curso das "coisas da Terra":



"Mal as sementes estão prontas,
partem no sopro da brisa
e talvez algumas delas
venham  a ser um dia
árvores cheias de vida."


Quádrupla página final


Este belíssimo livro, para além das sementes, partilha com o álbum Cem sementes que voaram, páginas finais informativas, uma tendência crescente na edição literária para a infância e juventude.


Páginas finais: o texto que preenche o livro (aqui condensado)
e informação científica sobre a árvore desta história e seus elementos. 

O álbum do Planeta Tangerina podia ser uma continuação desta história... pois conta as aventuras de uma árvore que estava à espera... 
(algumas páginas disponíveis AQUI)


Dupla página inicial de Cem sementes que voaram
Das suas cem sementes que voaram... aparentemente, todas foram desaparecendo: na estrada, no mar, nas pedras, no bico dos pássaros, na barriga de um esquilo... tendo restado apenas uma, que depois de germinar serviu de lanhe a um coelhinho. Mas será que foi mesmo assim?
Ao que parece, a espera valeu a pena, pois 

"A árvore já sabia:
muitas vezes,
para tudo correr bem,
basta saber esperar."

E o livro termina com umas belíssimas guardas finais que são uma espécie de enciclopédia poética das sementes.


Guardas Finais

Estes livros são um convite a deter o olhar sobre as pequenas coisas, e a refletir sobre a grandeza dos mistérios que a Terra encerra.


Contracapa de Cem sementes que voaram

São também uma oportunidade para aprender a tirar partido de aspetos do livro que muitas vezes nos passam despercebidos: a capa, a contracapa, e sobretudo as guardas. Estes elementos paratextuais são excelentes meios para aguçar a curiosidade dos pequenos leitores, e, no caso destas obras, para enriquecer o seu conhecimento enciclopédico.

Recuperamos, a este propósito, as dicas de leitura que partilhamos no âmbito das comemorações do dia internacional do livro infantil:




A nossa sugestão de atividade, a realizar em família, é uma oficina de Capas, Contracapas e Guardas. Sugerimos:


- escrever palavras soltas ou pequenos textos, dedicados à Terra (pode ser uma quadra, um poema, uma carta de agradecimento, um recado, um abecedário ilustrado...)


- desenhar / pintar os nossos locais verdes preferidos (uma árvore, um recanto do jardim, um parque, uma memória de um piquenique ou de um passeio...)

- fotografar "bocadinhos de verde" (um cantinho do jardim, um pássaro, uma árvore em flor, o brotar das folhas...)


Guardas iniciais de Cem sementes que voaram

- Com esses elmentos (e/ou com outros que entendam por bem utilizar) vamos construir capas, contrapas e guardas para Livros / Álbuns Verdes. Podemos inspirar-nos nas capas, contracapas e guardas destas obras. 

- Depois de prontas, podemos lá colocar (sempre que tivermos vontade ou encontrarmos por acaso) textos / desenhos / fotografias / artigos de jornal ou revista... dedicados à Mãe Terra (no fim teremos construído um belo portefólio que é também um hino à Natureza).

Contracapa de Começa numa Semente
A literatura é sempre um auxílio precioso à abordagem das grandes questões. Vamos homenagear a Terra com a ajuda dos livros!

Partilhem connosco as vossas experiências e façam-nos chegar os vossos trabalhos. Vamos engrossar o caudal de gratidão à Terra.



Fiquem em casa e (re)descubram o prazer de ler juntos!