Formar mediadores de leitura, aproximando a investigação do público em geral, e das famílias em particular, é a nossa missão.
O nosso trabalho tem por base o conhecimento de livros e de estratégias simples de abordagem à leitura partilhada, que privilegiam a afetividade, a ludicidade e a literacia familiar.
Com o Natal cada vez mais próximo, à nossa janela espreita hoje um livrinho da autoria de um dos grandes nomes da literatura portuguesa, que podemos considerar já um clássico: A Noite de Natal de Sophia de Mello Breyner Andresen, com ilustrações de Júlio Resende.
Trata-se de um texto incontornável, marcado pela enorme sensibilidade que caracteriza a escrita da autora. Tópicos como a comunhão com a natureza e os seus ritmos, a infância, a casa, o olhar sobre os mais desfavorecidos e a amizade, encontram-se presentes na globalidade da sua obra. Curiosamente, o Natal, ora enquanto época que se integra no ciclo do ano, ora enquanto momento privilegiado de encontro(s) é explicitamente abordado em três dos seus livros: A Noite de Natal, O Cavaleiro da Dinamarca e Os Três Reis do Oriente.
Dividida em três capítulos, "O Amigo", "A Festa" e "A Estrela", esta história, através do estabelecimento de um forte contraste entre os mundos de Joana e de Manuel, as crianças que protagonizam a narrativa, dá especial ênfase às desigualdades sociais.
A narrativa começa com "O Amigo", dando a conhecer ao leitor o mundo de abundância de Joana e o universo de pobreza de Manuel, diferenças que não parecem, contudo, atrapalhar a amizade.
As descrições pormenorizadas que encontramos em "A Festa", tão reveladoras do olhar de Sophia, em muito contribuem para situar o leitor no clima da narrativa. Da decoração à azáfama que se vive na cozinha, o reino de Gertrudes, quase nos sentimos parte do momento.
O "clique" dá-se quando Joana questiona Gertrudes sobre que presentes irá receber o seu amigo Manuel, e a cozinheira, prontamente, lhe responde que Manuel não vai ter presentes nenhuns porque é pobre e os pobres não têm presentes, têm a pobreza.
Perante esta "revelação", a menina, aproveitando a ida da família à missa do galo, decide que, nessa noite, o seu amigo irá receber presentes. E é quando empreende este ato de coragem que, perante o negro da noite, se dá o milagre: uma estrela aparece para guiar Joana, viagem que dá corpo ao último capítulo "A Estrela".
Do caminho até à cabana, vai constar ainda o encontro com três personagens muito especiais que também seguem a estrela...
"E Joana viu o seu amigo Manuel. Estava deitado nas palhas entre a vaca e o burro e dormia sorrindo. (...)
- Ah - disse Joana -, aqui é como no presépio!
- Sim - disse o rei Baltasar -, aqui é como no presépio.
Então Joana ajoelhou-se e poisou no chão os seus presentes."
E, para além da leitura, o que sugerimos?
1. "A Estrela". Elemento emblemático da época e presença obrigatória na decoração de Natal, ainda não fez parte das nossas sugestões. Propomos, então, a elaboração de uma estrela em material de desperdício (cartão, madeira, tecido), que pode conter uma mensagem ou uma palavra inspirada neste belo texto de Sophia. Poderás colocá-la num lugar de destaque na noite de Natal.
2. "A Festa". Ao jeito da descrição dos preparativos da consoada, propomos-te a escrita de um pequeno texto em que relates um pouco da azáfama na tua cozinha, nestes dias. Se preferires podes fazer um desenho.
3. "O Amigo". A amizade é um dos temas principais deste livro. E nesta época também lembramos os amigos. Vamos fazer um Abecedário da amizade? A primeira letra já está: A de AMIGO!
Continuem a partilhar connosco as vossas experiências. O Natal está mesmo a chegar!
Podem conhecer alguns dos trabalhos inspirados no Calendário, AQUI.
As experiências que se vivem em casa das famílias, inspiradas nas sugestões do nosso calendário, são a prova da inesgotabilidade dos livros e da leitura, do manancial de afetos que deles jorram, e dos inúmeros benefícios colaterais que dessas experiências decorrem.
Quando o calendário de Leituras de Advento integra a decoração de Natal das nossas famílias: ADORAMOS! (já só falata o tronco). Obrigada à família Malheiro Costa!
Dos vários testemunhos e experiências, que têm sido publicados nas nossas redes sociais e no separador Trabalhos, destacamos alguns dos que chegaram ao longo desta segunda metade do Advento.
Inspirada na sugestão da janela 13, os irmãos Mimoso tiveram uma curiosa experiência têxtil que resultou num original cobertor para as Renas do Pai Natal.
Para enfeitar a janela 15 do nosso calendário, chegaram estas ternurentas Meias de Natal que contêm um presente para o Pai Natal (gorro, cachecol e luvas) e um presente para o Menino Jesus (uma varinha mágica para acabar com o vírus, a fome e a guerra). Obrigada Duarte e Afonso!
Em casa da família Corvas, musicar poemas parece que já se tornou hábito. Inspirada no poema de Augusto Gil, que espreitou da nossa janela 21, a saudar o inverno, a Juliana decidiu embelezar com música este belo texto.
Mas a Juliana não se ficou pela música. Desafiou o primo e, inspirando-se nas iguarias que espreitavam de alguns dos textos, voltou à cozinha para uma segunda ronda "Na cozinha com a Juliana". Desta vez com Sonhos de Natal.
Esta receita estava mesmo a pedir um Pasteleiro por perto para ajudar a nossa chef...
Em resposta ao desafio da janela 18, o Duarte fez-nos chegar esta bela Profissão do Natal.
E foi também à janela 21 que apareceram "Os Reis", em resposta ao nosso desafio de recolher textos populares dos Cantares dos Reis. Quem sabe não criamos nós também uma antologia? Obrigada à Melissa, aos seus avós, ao Duarte e à sua Tia-Bisavó, e ainda aos Escuteiros!
À janela 20 estava o pastor Daniel, recordam-se? Inspirados nas sugestões que acompanhavam esta obra, a mãe Susana levou os seus duendes para o exterior e no regresso traziam um belo quadro. Já em casa da família Mimoso, outra mãe Susana enveredava por um curso de crochet porque os meninos queriam mesmo fazer a mantinha para o Menino Jesus. Quanta ternura!
O divertido livro de António Torrado, que espreitou da janela 19, deu origem a estes originais perus literários, que mostram como brincar com as palavras se revela altamente entusiasmante e produtivo! Obrigada ao Duarte, ao Afonso e à Melissa.
Podem conhecer outros trabalhos inspirados no nosso Calendário de Leituras de Advento AQUI e no separador TRABALHOS.
Vamos aproveitar estes últimos dias? O Natal está mesmo, mesmo a chegar (e nesse dia haverá surpresas!)
À janela do nosso calendário está hoje uma menina muito especial, chama-se Allumette e vive num livro escrito e ilustrado por Tomi Ungerer, com o mesmo título.
Falamos já desta obra a propósito das Representações da Criança na Literatura para a Infância, e referimo-nos, na altura, ao inconformismo de Allumette, que, ao contrário da "Rapariguinha dos Fósforos", de Hans Christian Andersen, texto que está na origem deste magnífico trabalho de Ungerer, não se resigna ao seu destino de pobreza.
Allumette não quer morrer de fome nem de frio, ela QUER MUITO VIVER. E a força do seu desejo vai, efetivamente, levá-la não só a VIVER como a iluminar "qualquer lugar onde haja fome, incêndios, inundações ou guerra", como curiosamente sugerem as guardas desta obra (imagem abaixo).
E, se a narrativa textual se inicia de um modo muito semelhante ao texto de Andersen, como podemos ver na imagem abaixo, já as ilustrações oferecem ao leitor uma visão capaz de ampliar a leitura deste conhecido texto. As realidades que enformam a vida da cidade, apresentadas em dualismos contrastantes, fazem sobressair desigualdades gritantes que o poder político teima em encobrir.
Já passaram pelo nosso calendário outras obras cujo cenário natalício é utilizado para dar voz a problemáticas sociais que se tornam particularmente visíveis em épocas ditas mais solidárias. É o caso, por exemplo, de Cântico de Natal(janela 6), Histórias da minha Rua(janela 10) e Desejos de Natal(janela 12)
A narrativa muda de rumo, distanciando-se do clássico de Andersen, quando o forte desejo de Allumette de "provar um pouco de bolo, ou uma fatia de peru, ou um bocado de presunto" é concedido de imediato, e literalmente: do céu começam a cair coisas (tudo o que a menina desejara e mais ainda, muito mais! - imagem abaixo).
Tal abundância, e tão inesperada, vem pôr a descoberto a pobreza da cidade, como podemos ver na imagem abaixo, deixando o presidente da câmara muito irritado:
"- Este desfile de gente repugnante que se esqueceu a que lugar pertence é uma vergonha para a reputação da nossa cidade!"
E é então que Allumette, ajudada pelo pasteleiro e pela sua mulher, acaba por dar uma valiosa lição aos homens do poder, conseguindo organizar e distribuir todos os bens que o céu lhe dera, movimento que gerou uma corrente de solidariedade de tal ordem que a nossa (inconformada) heroína acaba por fundar a Luz sem Fósforos, uma fundação mundial de ajuda humanitária.
E, para além da leitura, o que sugerimos?
1. Caixas de Fósforos que contam histórias: recuperando uma caixa de fósforos vazia, decora-a criando um pequeno mundo da imaginação baseado nesta história. Poderás desenhar uma capa para a caixa, inspirando-te em algum momento da narrativa, escolher algumas palavras da história, que consideres mais inspiradoras, registá-las em pequenos cartões e colocar dentro da caixa, representar uma passagem da narrativa em papel que podes dobrar em forma de acordeão e fazer sair de dentro da caixa... (ou outra ideia que te ocorra!)
2. A minha Fundação. Imagina que, tal como Allumette, decidias criar uma fundação. Quem gostarias de ajudar? Que nome teria a tua fundação? (também podes representá-la numa caixa de fósforos).
Continuem a partilhar connosco a vossas experiências! Podem espreitar alguns dos trabalhos que nos vão chegando: AQUI).
Fomos ver... e à janela 21 do nosso calendário estava uma "Balada de Neve" a saudar a estação que acabava de chegar, o inverno.
Trazemos hoje uma belíssima antologia de textos, organizada por José António Gomes, que tem por título Chegou o Natal! e que reúne um conjunto de pérolas da literatura portuguesa em torno da temática natalícia. Entre vários textos de origem popular, podemos encontrar nomes como Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro, Eça de Queirós, Júlio Dinis, João de Deus, Gomes Leal e Augusto Gil, autor do poema que selecionamos para hoje.
"A literatura popular é rica em composições simples, comoventes ou divertidas sobre a quadra natalícia. Textos que apetece decorar e cantar. Também grandes escritores portugueses se deixaram seduzir pelo Natal e deixaram-nos em herança contos e poemas que estão na memória de muitos", podemos ler na contracapa.
E não faltam, com efeito, nesta coletânea, os mais emblemáticos elementos da tradição de Natal, em Portugal: o presépio, a visita dos pastores, a chegada dos reis magos, as canções de embalar o menino, a consoada (e as iguarias gastronómicas), todo um imaginário ao qual não faltam, também, aqueles textos que põem a nu o sofrimento infantil, como a recriação que Guerra Junqueiro faz do texto de Andersen "A Rapariguinha dos Fósforos", ou a célebre "Balada de Neve de Augusto Gil".
Se, por um lado, estes textos têm enquadramento temporal no frio da época natalícia (em "A Rapariguinha dos Fósforos" encontramos até referência ao último dia do ano), parece-nos, por outro, que a pobreza que emana do Presépio, e de toda a narrativa em torno da Natividade, propicia também esta associação.
É muito interessante o detalhe que encontramos em rituais como a elaboração do presépio, com fortes ligações à infância, de que é exemplo o texto "Presépio da minha infância" (excerto na imagem acima) ou da azáfama na cozinha, que podemos encontrar nos textos de Júlio Dinis e de Ramalho Ortigão.
Na verdade, a maioria dos textos aqui coligidos levam-nos, inevitavelmente, à infância. Quem não se recorda de encenar, nesta época, o famoso "Um pastor vindo de longe | À nossa porta bateu; | Trouxe recado que diz:| - O Deus Menino Nasceu." ? (imagem abaixo).
Os louvores ao Menino, seja pela voz dos Pastores ou dos Reis Magos ocupam, efetivamente, boa parte da obra, quer em textos de origem popular, quer de autor, como podemos ver pelos excertos das imagens acima e abaixo.
De uma enorme sensibilidade em relação à infância (e ao sofrimento infantil) é o olhar de Augusto Gil, autor que elegemos para a nossa proposta de leitura de hoje. Em "O Menino Brincando" (imagem abaixo), um poema em jeito de canção de embalar, podemos perceber um hino à infância de Jesus, um olhar sobre a sua humanidade, igualando-o às demais crianças (que também preferem brincar a dormir).
Já no célebre poema "Balada de Neve", do qual todos conhecemos (pelo menos) as primeiras estrofes, o autor, que começa por tecer um hino à Natureza e à beleza da paisagem, que se tornou "da cor do linho", faz sobressair a imagem da pobreza e do sofrimento que daí decorre, dando voz à incompreensão e revolta que o assola, e que redunda em "E uma infinita tristeza | Uma funda turbação |Entra em mim, fica em mim presa. | Cai neve na Natureza...| - E cai no meu coração."
Este poema, que originalmente foi publicada no Livro Luar de Janeiro, integra várias antologias poéticas ou temáticas. É frequentemente revisitado em declamações e até já foi musicado. Deixamos aqui alguns exemplos.
Podemos ouvir este belo poema, dito por Luís Gaspar, acompanhado de uma seleção de imagens sobre a infância, que provam a atualidade do poema, AQUI.
Numa recriação mais focada na beleza da paisagem podemos ouvir o poema pela voz de Luiz Vinagre, AQUI.
E podemos também conhecer uma versão musicada deste texto, com voz de Lara Li e música de Miguel Braga.
E, para além da leitura, o que sugerimos?
1. Olá inverno! Vamos ouvir o poema (várias vezes), selecionar um excerto (pode ser só um verso ou uma estrofe) e fotografar um elemento da Natureza para lhe associar. Com a imagem e o excerto, vamos elaborar um postal para celebrar o inverno (se preferires, podes desenhar ou utilizar recortes de revistas para construires o teu postal).
2. Dizer poesia. Este é um daqueles textos que gostamos de aprender de cor. Vamos memorizar uma parte? Grava e envia-nos: vamos imortalizar este momento!
3. "Cantar os Reis". Neste livro há vários textos que fazem referência à chegada dos reis e à visita dos pastores ao Menino Jesus. Pergunta aos teus pais ou aos teus avós se conhecem alguma quadra da sua infância, alusiva ao "Cantar os Reis". Regista-a e partilha connosco.
Acompanhem os trabalhos que nos vão chegando, AQUI, e continuem a partilhar connosco as vossas experiências. O Natal está cada vez mais perto...
"Daniel Pastor gostava de mistérios e até acreditava que por detrás das pessoas, das árvores, das flores, dos rios e de tudo o que o rodeava, um mundo ainda maior, tão grande que parecia existir para sempre, tomava conta de si e dizia ao Sol para nascer todas as manhãs." (R.A. Araújo)
À nossa janela de hoje espreita Daniel, um pastor muito especial que foi incumbido de preparar uma grande festa...
É dia de conhecer A Festa dos Pastores, de Rosário Alçada Araújo e Carla Nazareth.
Daniel é pastor. Todos os dias, depois de uma malga de leite e de uma fatia de pão de lenha, segue com o rebanho para os montes. Daniel vive com a avó Bita, que lhe conta histórias, quando à noite regressa e se senta na almofada grenã, enquanto o fogo da lareira faz estalar a lenha e a carqueja.
"Certo dia de outono, Daniel Pastor recebeu uma visita inesperada."
Um anjo mensageiro convidava-o para "o encontro mais bonito que o mundo alguma vez conheceu", e encarregava-o de levar a mensagem a todos habitantes da sua terra, pois todos estavam convidados para a grande festa.
Daniel começou por avisar os seus amigos pastores, que, movidos pela alegria e pelo entusiasmo, depressa encontraram forma de espalhar a notícia (imagem abaixo).
No entanto, e apesar de todos terem recebido o convite (pois o vento deu uma ajuda aos pastores), parece que a mensagem não tocou os habitantes:
"Andamos demasiado ocupados.(...)"
"O início do inverno não é altura para arraiais. (...)"
"Quem, como nós, trabalha todo o dia, não tem sequer tempo para pensar em festas! (...)"
E, por isso, à hora da festa, apenas os pastores e os seus rebanhos estavam no alto do Monte da Vida, quando o Anjo Mensageiro apareceu para contar a grande novidade (imagem acima):
"- Hoje, aqui perto, em Belém de Judá, nasceu um menino chamado Jesus que veio à Terra para ensinar os homens a serem mesmo felizes e não andarem sempre preocupados."
E, então, Daniel e os amigos correram até Belém, onde encontraram, numa gruta, o Menino Jesus, Maria e José.
"A alegria dos pastores foi imensa e todos agradeceram por poder viver aquele momento único."
Este é mais um exemplo de Literatura de Natal, de potencial receção leitora infantil, que tem como cenário o imaginário mais ligado à figura do Menino Jesus, tal como os livros que apresentamos na janela 7, na janela 9, na janela 10 e na janela 17.
E, para além da leitura, o que sugerimos?
1. Etiquetas para os presentes, ao jeito dos convites dos pastores. Inspirando-te na ideia dos pastores, que escreveram os convites em folhas de árvores, convidamos-te a fazer originais etiquetas para os presentes de Natal, recorrendo também a folhas e a outros elementos da natureza (pauzinhos, pinhas...).
2. Uma manta para o Menino Jesus: lembras-te o que disseram os pastores a Maria e José? Prometeram levar ao Menino uma manta feita com a lã das suas ovelhas. E se experimentasses fazer também tu uma mantinha para o Menino Jesus? Se alguém na tua família souber tricotar, podes pedir ajuda, se não souber, não faz mal, podes recorrer a peças de vestuário em lã, que já não uses (camisola, cachecol, meias...), e fazer uma mantinha (pequenina). Podes até colocá-la no presépio, a cobrir o Menino Jesus. (E manda-nos uma fotografia, sim? Somos muito curiosos!)
3. Um rebanho artesanal: logo a abrir este calendário (Janela 1), propusemos a elaboração de uma ovelha, com recurso a materiais de desperdício. Hoje desafiamos-te a elaborar um pequeno rebanho. Além das ovelhas, poderás fazer também os pastores desta história e montar um bonito cenário de montanha (as caixas de cartão dão sempre muito jeito!)
E não te esqueças de nos enviar fotografias das tuas experiências!
Encontramo-lo num livrinho cheio de histórias bem dispostas, escritas por António Torrado e ilustradas por Cristina Malaquias: Dezembro à porta.
A partir de alguns elementos emblemáticos do Natal, mas também de outros menos menos prováveis, António Torrado oferece-nos oito contos, onde a surpresa e o caricato marcam forte presença. Bem ao jeito do autor, são textos com várias camadas de leitura, que se constroem (e desconstroem) com recurso a subtilezas marcadas pelo humor, ingrediente sempre presente nos seus textos.
Escolhemos "O peru que correu a cidade metido dentro de um cesto". Trata-se de uma divertida história que fará sorrir a criança, que acompanha as aventuras (e desventuras) do peru, e ao mesmo tempo o adulto, a quem o autor dirige um constante piscar de olho que o fará reconhecer o retrato apresentado...
Como podemos verificar na imagem acima, as aventuras deste peru começam em casa do Sr. Firmino, uns dias antes do Natal. Imaginando o pior, a ave acaba por respirar de alívio quando se vê dentro de um cesto: o cesto que o levará a percorrer a cidade...
Sistematicamente "rejeitado" porque afinal todos os "ricos" da cidade a quem o peru era ofertado já tinham "perus de sobra", a nossa ave vai parar a casa do arcebispo que decide distribuir todas as aves do seu capoeiro pelos mais necessitados da cidade.
Ora, o peru, que nem chega a sair do cesto, é, deste modo, levado para casa de Jacinto (imagem abaixo).
E como o Jacinto já pôs o bacalhau de molho, decide oferecer o peru ao seu patrão: o Sr. Firmino:)
E porque está tão magrinho, tão magrinho... o Sr. Firmino decide devolvê-lo ao capoeiro, imaginado já a quem o pode oferecer no Natal seguinte!
E é assim que mais um peru se salva de ir parar à panela! Se bem se recordam, pelo nosso calendário já passaram outros dois perus sortudos: moram nas sugestões que deixamos na Janela 1 e na Janela 14.
E, para além da leitura, o que sugerimos?
1. Escrever com humor: desafiamos-te a brincar com os títulos dos contos deste livro (que encontras no Índice, numa das imagens acima) e a escrever uma pequena história com esses elementos. Podes ilustrá-la, claro!
2. O peru conta as suas aventuras: imagina uma conversa na capoeira do Sr. Firmino depois de o peru ter voltado. Podes elaborar um pequeno diálogo entre as diferentes aves ou uma pequena banda desenhada.
3. Um peru de palavras: procura palavras que rimem com PERU e, com elas, "desenha um peru de palavras" (desenhas um peru e escreves as palavras no seu contorno ou no seu interior). Também podes inventar uma quadra com essas palavras.
E não te esqueças de nos fazer chegar os teus trabalhos (já temos vários, AQUI). O dia de Natal está cada vez mais perto e, nesse dia, teremos surpresas!
À janela 18 do nosso calendário estão o Frederico e a Maria, que dão vida a uma curiosa história: Sabes, Maria, o Pai Natal não existe, um livro de Rita Taborda Duarte e de Luís Henriques, que completa a nossa seleção de obras que incidem sobre um imaginário de Natal mais voltado para a figura do Pai Natal, tal como as que apresentamos na janela 3, na janela 4, na janela 11 e na janela 13.
Esta história começa com uma partida que o Frederico decide pregar à sua irmã mais nova:
"Um dia, estava quase
A chegar o Natal,
Disse à irmã,
Que era pequenina,
Só para a arreliar,
Só para a deixar triste
- Sabes, Maria, o Pai Natal não existe."
E, embora a Maria não tenha acreditado no irmão, aquilo que ele fez deixou o Pai Natal inconsolável, lançando-o num tal estado de confusão, que até o fez perder o apetite...
E já em sua casa, no Pólo Norte, nem os duendes, nem as renas conseguiam alegrar o Pai Natal, que "cismava" com a conversa do Frederico. Foi então que resolveu consultar um psicólogo (imagem abaixo).
E logo o Pai Natal recuperou o apetite (o conselho que o psicólogo lhe deu era bem simples de pôr em prática).
E tudo parecia ter voltado ao normal...
"Mas na noite de Natal
Não foi, com certeza,
Boa a surpresa
Que teve o Frederico."
É que, dentro do seu sapato, nem presentes, nem dinheiro ("Só o mau cheiro que já era costumeiro").
"O Frederico chorava
Com grande tristeza...
E a irmã perguntava-lhe:
Por que estás assim?
E ele dizia:
- É que o Pai Natal já não acredita em mim..."
E a história poderia terminar aqui, com o feitiço a virar-se contra o feiticeiro, mas o Pai Natal não guarda rancor, e... no dia seguinte, o Frederico lá recebeu uma prenda ("Mas ele sabia que não merecia").
E, para além da leitura, o que sugerimos?
1. "Palavras Parideiras": Vamos brincar com os nomes dos irmãos que moram nesta história: FREDERICO e MARIA, "desmontando" os seus nomes, e com as letras que os compõem formar novas palavras: Por exemplo, com algumas letras de Frederico, podemos escrever CEDRO ou RI, ou... (este jogo tem por nome "Palavras Parideiras" e é muito divertido:)) Quantas palavras consegues formar?
2. Um trenó "de marca": com as palavras que descobriste, inventa uma marca para um trenó. Se quiseres podes desenhá-lo ou montá-lo com recurso a recortes.
3. Profissões do Natal: nesta história entra um psicólogo, uma profissão que, por norma, não associamos ao Natal. Que outras profissões estão associadas ao Natal? Algumas são mais visíveis, outras menos. Vamos conversar sobre o assunto? Depois, podes escolher uma e desenhar uma personagem que a caracterize (até podes ilustrar ao jeito de Luís Henrique).
Podes acompanhar os trabalhos que nos vão chegando, AQUI.