domingo, 20 de março de 2022

Porque hoje é o dia internacional da Felicidade

Quem nos segue bem sabe o quanto acreditamos numa Pedagogia da Felicidade, e o quanto cremos no poder dos livros para nos fazer felizes.
Não podíamos, pois, deixar passar esta emblemática data, o DIA INTERNACIONAL DA FELICIDADE, criada em 2013 e inspirada pelo Reino do Butão. 

Para assinalar este dia escolhemos Rio Acima, um belíssimo trabalho de Vanina Starkoff, editado pela Orpheu Negro.


Rio acima é um convite a deter o olhar no caminho, sem perder de vista o sonho. É um hino à alegria, à convivência humana, à paz e à entreajuda. É uma viagem pelas quatro estações, do ano e da vida, que se repete num ciclo sem fim. 


Rio acima recorda-nos o que verdadeiramente importa, acordando em cada um de nós o seu lado mais humano, mais sensível, aquele lado que nos faz iguais, navegantes do mesmo rio e tripulantes do mesmo barco, e nos ensina a vermo-nos no Outro.


Deixamos aqui o texto que vai preenchendo as belíssimas páginas desta obra, e que parece dirigir-se, particularmente, a cada leitor. Sabemos que a cada um levará uma mensagem especial, segredando-a ao mais íntimo do nosso ser. 

Rio Acima

Rio acima todos vão…

de barco, batel ou canoa.

vais ter de navegar

à tua maneira

e ao teu ritmo…

mas deixa-te levar

primaveras

verões

outonos e invernos

todos vais atravessar.

e mesmo rio acima o desejo é chegar ao mar

até o vento a favor te vai acompanhar.

rio acima ou mar adentro, vais acabar por encontrar…

a tua maneira e o teu ritmo…

se não deixares de sonhar.

(Vanina Starkoff)


Se quiserem conhecer a nossa seleção Para uma Pedagogia da Felicidade, espreitem:

Outra mão cheia de livros para uma Pedagogia da Felicidade

Especial Dia Internacional do Livro Infantil 2021

A todos desejamos que sejam (MUITO) felizes: com livros é muito mais fácil!

 [LMB]

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Representações do Inverno na Literatura Infantojuvenil: dos clássicos ao livro-objeto

Passada a Candelária, festa em honra da Senhora das Candeias, que se festeja a 2 de fevereiro, e que tem nas suas origens a comemoração do fim dos dias curtos e a consequente celebração da Luz, começamos já a vislumbrar o fim do longo inverno. E foi precisamente o comum uso desta expressão - longo inverno - que nos levou a ir em busca das representações que esta estação assume na literatura infantojuvenil. Dos clássicos ao livro-objeto, selecionamos um conjunto de dez livros, que nos mostram diferentes olhares sobre esta estação.

Seleção de obras "Representações do Inverno na LIJ"

Na maioria das obras que percorremos, o inverno aparece, inevitavelmente, associado ao frio, à neve, à chuva, ora desencadeando desconforto e dificultando a vida das personagens, ora transformando-se em oportunidade de crescimento, podendo também dar lugar a belos hinos, e deixando antever (quase sempre) a esperança, simbolizada pela promessa da primavera. 

Capa e pormenores do miolo de Uma História de Inverno, de Beatrix Potter

Beatrix Potter, a autora britânica das aventuras do incontornável Pedrito Coelho, um clássico da literatura infantil, decide, nesta história, que se apresenta num álbum de grande formato com belíssimas ilustrações, dar o protagonismo a dois vilões: o Texugo Frederico Fedorento e a Senhora Raposa Matreira, pois como a própria autora revelou:

"Já criei muitos livros sobre pessoas bem comportadas. Agora, para variar, vou contar-vos uma história sobre duas pessoas desagradáveis, o Texugo Frederico Fedorento e a Senhora Raposa Matreira."

É, pois, num cenário de neve, em plena floresta que os coelhos Pedrito e Casimiro se vão ver envolvidos numa missão de resgate dos filhotes da Rata Migalha, uma missão bem sucedida, como acontece nas narrativas desta autora, que, com alguma surpresa, desemboca no recolher dos vilões ao aconchego do lar. Um livro esteticamente muito interessante, que poderá também contribuir para familiarizar os mais novos com o universo de Beatrix Potter.

Capa e pormenor do miolo de As luvas do Capuchinho,
de Inés Almagro & Mikel Mardones

Cenário de neve e floresta tem também esta original reescrita do Capuchinho Vermelho, motivo que é causa de enorme estranheza, não apenas para o leitor, habituado a uma menina que corre e apanha as flores da primavera para levar à avó, como  para a própria protagonista, que diz:

"- que estranho! disse o Capuchinho enquanto enfiava o gorro na cabeça. - na minha história nunca neva!"

Por causa da neve, a menina não pode apanhar flores, não encontrou a árvore do lobo, e ainda perdeu o cesto com a merenda para a avó, ingredientes essenciais à história. No entanto, havia uma boa explicação para o que estava a acontecer, como descobriu Capuchinho, quando chegou à casa da avó e espreitou pela janela... 

Uma história que terá um encanto ainda maior, se acompanhada de uma chávena de chocolate quente.

(esta obra integrou a nossa seleção em Como tomar conta de um Capuchinho Vermelho)

Capa e pormenores do miolo de A casa da janela azul, de António Mota e Sebastião Peixoto

Esta obra faz parte da trilogia protagonizada pelos irmãos Fabi e Bitó, dois coelhos que descobrem o mundo e as suas leis, os seus ritmos e os seus ciclos, dos quais também faz parte a longa estação e os seus reveses. 

A paisagem desta história é visitada por ventos, chuvas, trovoadas e um enorme manto de neve que torna difícil a tarefa de arranjar comida. Mas desta paisagem fazem igualmente parte os passarinhos (sim, porque no inverno também há passarinhos), encontros com personagens peculiares como a Dona Cabrela, e improváveis amizades, como a de Niki, a pequena poltra, e os nossos coelhos. Um surpreendente e ternurento encontro encerra esta narrativa de aprendizagem do mundo.  

Falamos dos outros títulos desta seleção, a propósito das representações da MãeAQUI, e das representações do verão, AQUI, que têm como cenário a primavera e o verão, respetivamente. (estamos, pois, a aguardar um livrinho cor de outono para completar a coleção).

Capa e pormenores do miolo de Abrigo, de Céline Claire e Qin Leng

Esta obra, a mais recente da nossa seleção de inverno, que chegou até nós no final de 2021, partilha com as obras anteriores a paisagem e as agruras das intempéries da longa estação, mas presenteia-nos com uma belíssima história de altruísmo. 

Na floresta, depois de ouvido o anúncio da aproximação da tempestade, as várias famílias de animais recolhem às suas casas, providenciando comida e lenha. Um pequeno raposo questiona-se "E se houver alguém lá fora?" À medida que a tempestade avança, avançam também duas sombras, que vão pedindo, à porta de cada casa, e em troca de um pouco de chá, um pouco de lume, de aconchego ou alguns biscoitos, recebendo sempre a mesma resposta "Vão ver na porta ao lado". Só o pequeno raposo sai e oferece aos dois viajantes a sua lanterna. 

Pormenores do miolo de Abrigo, de Céline Claire e Qin Leng

Afinal, será a neve a salvar os dois estranhos e a luz oferecida a guiar a família das raposas, quando a sua casa desaba sob a tempestade. Uma história sobre o poder da bondade, que nos ensina que "o outro sou eu".

Capa e pormenores do miolo de Rosa Branca, de Christophe Gallaz e Roberto Innocenti

Esta obra, que tem como pano de fundo a segunda guerra mundial, e como tema central o holocausto, é um bom exemplo no que toca à carga simbólica associada ao inverno, como tempo longo e duro. 

Rosa Branca começa a contar a sua história, uma história vulgar, que poderia ser a de qualquer um de nós. Um dia chegam carros e camiões de soldados que invadem as ruas: "O inverno estava a começar", podemos ler no final do texto da primeira página (imagem acima). A narrativa avança com a descoberta de um campo de crianças no meio da floresta, a quem Rosa Branca passou a levar comida. Até ao dia em que na floresta já não havia crianças, e "se ouviu um disparo", o que deixou a mãe de Rosa Branca muito tempo à espera da sua menina...  

O realismo e o pormenor das ilustrações de Roberto Innocenti em muito contribuem para o poder que este belíssimo livro exerce sobre o leitor. Atente-se, por exemplo, nas imagens que reproduzimos acima (do lado direito), e que representam a mesma paisagem em momentos diferentes da narrativa. A paisagem verde, que encerra a obra, e que corresponde ao momento do fim da guerra, faz-se acompanhar do texto "A primavera estava a chegar".

Poemas O Inverno, de Eugénio de Andrade
 e Loas à Chuva e ao Vento, de Matilde Rosa Araújo

Mas o inverno também vive na poesia, tendo até inspirado belos textos, que ora se apresentam como hinos à Natureza, como acontece com as conhecidas Loas à Chuva e ao Vento, de Matilde Rosa Araújo, ora como composições mais humorísticas, como podemos ver no poema de Eugénio de Andrade, O Inverno. Ambos os poemas se encontram na imagem acima. São textos marcados pela melodia, pelo ritmo, e por uma forte componente sensorial, que nos faz experimentar as várias facetas desta estação menos amada.

Poemas Previsão de Tempo e Edital para a Hibernação,
de Manuela Monteiro e Catarina Correia Marques

Já nosso conhecido é este livro que, à boleia da poesia, nos faz viajar pelas quatro estações. Falamos dele AQUI e AQUI, a propósito da primavera; AQUI, integrando a nossa seleção de verão, e AQUI, para celebrar o outono.

Para esta seleção de inverno, escolhemos Previsão do tempo, um poema bem disposto, que transforma o pequeno leitor num super-herói a quem o inverno, e as "suas tropas", não assustam; e Edital para a Hibernação, um texto a que não falta, nem o humor, nem a esperança, como acontece, com alguma frequência, nas obras que têm como tema de fundo as Estações do Ano (podemos ver alguns exemplos AQUI). Os dois poemas podem ser lidos na imagem acima. 

Capa e pormenores do miolo de La Noisette, de Ane-Florene Lemasson e Dominique Ehrhard

La Noisette é um ternurento pop-up em língua francesa, que acompanha as aventuras de uma avelã que escapa às provisões do esquilo, e, que, apanhada desprevenida pelo inverno, acaba debaixo de um espesso manto de neve, a salvo de pássaros e ratos do campo. A esta pequena avelã, e também ao leitor, está reservada uma surpresa... que apenas se revelará na primavera.

Este é um livro que se serve da complexa engenharia do papel, que dá origem a cenários lindíssimos, que apetece explorar, para colocar o leitor em sintonia com a generosidade da mãe Terra, com o milagre do nascimento, e com a grandeza que escondem as pequenas coisas.

Degelo, de André Letria

A encerrar a nossa seleção, e na onda da materialidade do livro, deixamos esta sugestão de livro concertina, da autoria de André Letria, Degelo. Um livro que pode ter tantas leituras quantos leitores, que traz mais questões do que respostas, um livro de leituras múltiplas, portanto. A única coisa que, sem correr riscos de interpretações dúbias podemos dizer, é que é muito mais do que um livro sobre o inverno...

A todos desejamos uma estação quentinha, longa em bons momentos partilhados... e, se for com um livro de permeio, verão que a primavera se fará anunciar mais cedo.

[LMB]



domingo, 2 de janeiro de 2022

De 2021 mais uma mão cheia de livros para uma Pedagogia da Felicidade (e um de bónus porque é Ano Novo)

Se há um ano encerrávamos 2020 com Amor, um ano volvido, continuamos de alma cheia e coração transbordante de gratidão.

2021 pode não ter sido o ano que idealizamos, mas foi um ano FELIZ, pois muitas coisas boas aconteceram por aqui.

Em 2021, convidamos a Lua, fizemos saltar Gatos das estantes, acordamos a Primavera, apoiamos a Seleção Nacional, aprendemos a tomar conta de um Capuchinho Vermelho, visitamos os avós e homenageamos as crianças. Montamos uma fábrica de histórias, criamos uma nova valência ELF, Livros e Literacia Familiar, para podermos chegar junto de mais famílias. Voltamos a ser distinguidos pela Escola Amiga da Criança, festejamos o Natal com (novos) livros e inauguramos uma rubrica nova: Livros para uma Pedagogia da Felicidade

E é neste registo que damos as boas-vindas a 2022, com uma novíssima mão cheia de livros, que ao longo de 2021 chegaram ao nosso país, confirmando que a Leitura pode, efetivamente, ser um importante contributo para a nossa Felicidade.

O Vendedor de Felicidade: pormenores do miolo e das guardas.

Em que consiste afinal a felicidade? Será que a podemos comprar?
O Vendedor de Felicidade foi o último livro a dar entrada na nossa biblioteca em 2021. Da autoria de Davide Cali e Marco Somà, e editada em Portugal pela Nuvem de Letras, esta obra é um deleite para os olhos e um bálsamo para a alma. É um livro perguntador e inquietante, que nos convida a encontrar possíveis respostas para estas questões.
Ao longo das páginas de grande formato, acompanhamos a viagem do Senhor Pombo enquanto distribui os seus frascos de felicidade (de vários tamanhos, conforme as necessidades, a carteira e as crenças) e vamo-nos revendo numa ou noutra faceta deste ou daquele cliente... há os que compram felicidade para oferecer aos convidados, aos netos porque "coitadinhos já têm tudo", aos amigos... há os que não compram porque acreditam que não a merecem... e há a família Rato que encontra o frasco que o Senhor Pombo deixou cair...  
Talvez a felicidade comece, afinal, por descobrir o que nos faz felizes.

Era uma vez (e muitas outras serão): pormenores do miolo.

Do Planeta Tangerina chegou-nos, também em 2021, esta pequena grande maravilha: Era uma vez (e muitas outras serão) de Johanna Sehaible. Trata-se de mais um livro perguntador, que nos oferece uma visão panorâmica do nosso lugar no universo (no espaço e no tempo), ao mesmo tempo que nos implica enquanto coconstrutores da nossa realidade e do legado que preparamos. 
As relações que construímos, os planos que fazemos e os sonhos que sonhamos apresentam-se, neste trabalho, como peças chave da construção da felicidade.

O destino de Fausto: pormenores do miolo e de alguns peritextos.

O Destino de Fausto, de Oliver Jeffers, que chegou também ao nosso país em 2021, pela Orfeu Negro, é um excelente complemento à obra anterior. Este livro, que pode ser lido como uma metáfora da ambição exagerada, tem o condão de nos recordar a nossa pequenez face à grandiosidade do Todo.
É um convite a descobrirmos o "Fausto" que há em nós, e a (re)educá-lo para o respeito e para o amor. 
Como podemos ler num dos peritextos da obra, ter "a noção de que temos o suficiente" (imagem acima) pode ser o segredo para uma vida de plenitude.

O mundo cá dentro: capa e pormenores do miolo.

O Mundo cá dentro, de Deborah Underwood e Cindy Derby e A Árvore em Mim, de Corinna Luyken, editados também em 2021, pela Orfeu Negro e pela Fábula, respetivamente, convidam-nos a (re)descobrir e a percorrer os caminhos do Belo, do Simples e a educar os sentidos para o Deslumbramento.
Uma espécie de "back to the essence" emerge destes dois trabalhos, que apresentam, como pano de fundo, uma profunda comunhão com a Natureza.

Atual e pertinente, e quase contendo uma espécie de grito de alerta, O Mundo cá dentro vai guiando o olhar do pequeno leitor para a origem do que o rodeia, implicando-o na descoberta do percurso "com clarões à janela e truques de magia" (...), pois "o mundo canta"... "o mundo tem cheiros"... "o mundo conforta-nos"... "o mundo segura-nos"... e até sente a nossa falta (Underwood & Derby).

A Árvore em Mim: pormenores do miolo e contracapa.

A Árvore em Mim é também um hino à Alegria de Viver, que passa pela descoberta de Pertencer: pertencer a algo Maior, unido por raízes e por ramos, pelo sol e pela chuva. Uma espécie de analogia da Natureza com os nossos estados de alma e com o percurso que é a Vida de todos nós e de cada um de nós. Descobrirmo-nos no Outro, aceitar tanto a noite como o dia, e rejubilar com as maravilhas das pequenas coisas são, certamente, ingredientes essenciais à felicidade.

Enciclopédia dos Verbos Felizes: capa e pormenores do miolo.

E a juntar a esta novíssima mão cheia de livros para uma Pedagogia da Felicidade, porque é Ano Novo, aqui fica o livro bónus: Enciclopédia dos Verbos Felizes, do nosso amigo Marco Taylor. Este trabalho, que veio a lume em 2020,  pode ser lido como um manual de instruções para sorrir genuinamente, degustado como um conjunto de coisas que nos fazem bem, e sentido como um verdadeiro livro aconchego.
Fiel à sua genuinidade, o autor oferece-nos, através desta obra, um pouco de si, não apenas da sua experiência de vida (que, sabemos, contém a prática destes verbos), mas também da sua dedicação ao leitor, transformando cada livro numa peça (de arte) única e especial. 
Saborear a vida, enquanto apreciamos a arte, talvez nos revele alguns dos segredos da Arte de Viver.


A todos os nossos amigos, leitores e visitantes desejamos um Feliz Ano Novo!
Felizes leituras e... até já!


P.S. Mais Livros para uma Pedagogia da Felicidade poderão ser encontrados AQUI e AQUI.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

O Natal dos (novos) livros

A magia do Natal pode manifestar-se de diferentes maneiras. Há um ano partilhávamos, através do nosso Calendário de Leituras de Advento, diferentes imaginários e representações do Natal na literatura para a infância (e não só).

(Podem revisitar o Calendário, com as 24 sugestões compiladas, AQUI).

Este ano, trazemos duas novidades, dois livros editados, em Portugal, no último trimestre de 2021: O Natal da Tia Josefina, de Michael Engler e Martina Matos e Floco de Neve, de Benji Davies.

Ambas as obras têm como cenário o Inverno e a Cidade. O Natal da Tia Josefina é protagonizado por uma humilde família de ratinhos que recebe, inesperadamente, a notícia da visita da tia Josefina, uma famosa assobiadora que há muito havia emigrado para a América e que tinha fama de ser alguém a quem era difícil agradar.

A família Ratatovsky não sabe como resolver o problema, uma vez que a falta de dinheiro não lhes permite nem viajar no Natal nem fazer uma festa à medida da Tia Josefina. 

Contracapa e pormenores do miolo de O Natal da Tia Josefina

Não conformadas com a situação, as crianças Ratatovsky, Gaspar e Felícia, decidem procurar ajuda. 

Acompanhamos, então, através das belíssimas ilustrações desta obra, a viagem dos dois irmãos pelos diferentes espaços comerciais da cidade e somos invadidos por um misto de nostalgia e de indignação, ao mesmo tempo que nos congratulamos com o inesperado êxito da missão.

Pormenores do miolo de O Natal da Tia Josefina

Talvez não estejamos preparados, contudo, para o surpreendente desfecho da narrativa...

Trata-se de um excelente livro para nos interrogarmos e interrogarmos o mundo.

Pormenores do miolo de O Floco de Neve

Em O Floco de Neve, o autor retoma um dos tópicos presentes noutras obras suas, a estreita relação entre os avós e os netos (falamos de outra obra do autor AQUI), cruzando-o com a primeira viagem de um tímido floco de neve.

À semelhança da obra anterior, percorremos as ruas da cidade pela mão de Noëlle e do seu avô, admiramos as lojas e as ruas iluminadas e partilhamos do desejo da menina: ter uma árvore de Natal tão bonita como a da montra.

Pormenores do miolo de O Floco de Neve

"Talvez para o  ano" é a resposta do avô. Noëlle recolhe então um pequeno ramo que encontra junto ao passeio e, em casa com a ajuda do avô, decora-o e coloca a pequena árvore à janela. Entretanto, o nosso tímido floco de neve experimenta a sensação de ser empurrado pelo vento, de ver a cidade iluminada e de não saber onde irá cair...
Na contracapa, o autor revela que se trata de "uma história sobre a magia dos encontros inesperados"... Que surpresa estará reservada a Noëlle?

Duas obras ternurentas que levam o Natal mais além, apresentando ao leitor interessantes pistas de reflexão.

Desejamos a todos vocês, que desse lado também acreditam que o Natal (assim como a vida) é melhor com livros, um doce e aconchegante Natal. 
Por cá, já sabem, entrem que estamos abertos!



Feliz Natal e felizes leituras!

(Outras sugestões de leituras de Natal: AQUI.)




quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Criações de Outono ou uma Fábrica de Histórias

A culpa foi (toda) do cogumelo...

E também das folhas que começavam a atapetar o chão com as cores douradas do outono... 

E do coelho e do gnomo...

(E os livros também foram cúmplices)

E, assim como quem brinca, abrimos uma fábrica de histórias (por culpa do cogumelo).


O desafio foi lançado em meados de novembro nas nossas páginas de facebook e de instagram. Como se de um puzzle se tratasse, a cada dia fomos oferecendo uma peça para criar narrativas. A Fábrica de Histórias estava, oficialmente, aberta.




E, como prometido, divulgamos os trabalhos.

A Biblioteca Especial é uma história saída desta fábrica, da autoria de seis crianças, que contou no "comando das máquinas" com a voluntária da leitura Marília Malheiro, uma mãe ELF e uma grande entusiasta dos livros, das histórias e da leitura. Uma criadora de mundos e uma fazedora de sonhos. 

A Marília contou-nos como foi:

"Sugeri ao grupo a construção de uma história a partir de imagens. Adoraram a ideia. (...)

Eles analisaram tão bem cada imagem, que viram coisas que a mim não me pareciam assim tão importantes, como por exemplo, o título dos livros que apareciam em cada imagem. Daí, termos chegado à história do Coelhinho branco…

A última imagem foi a que gerou mais controvérsia.  Uns diziam que o gato era o monstro que vinha e matava as personagens e acabava com tudo, outros diziam que o gato era bom e amigo. Por isso tivemos que arranjar uma forma de dar a volta à situação."

Voluntários da Leitura na EB de Trovela

E assim nasceu A Biblioteca Especial, um lugar habitado pelo Elfo Guilherme e pelo Coelho Celestino, que vão descobrir um poder especial, uma história que podem conhecer na íntegra na nossa salinha dos Trabalhos.

Até ao final do outono, podem ainda fazer-nos chegar as vossas criações. Temos uma bela surpresa para a história mais original!



terça-feira, 23 de novembro de 2021

Calendário de Leituras de Advento: mais uma Distinção Escola Amiga da Criança

Foi a nossa companhia durante o mês de dezembro de 2020, a caminho do Natal: um caminho feito de livros, que encheu as casas dos nossos pequenos (e grandes) leitores de sorrisos, de música, de sonhos... e até de rabanadas.

Este original Calendário de Advento acaba de receber a Distinção Escola Amiga da Criança (4ª edição), na categoria Literacias. E o momento convida a que o revisitemos...



Ao longo de 24 dias, apresentamos, ao ritmo de uma por dia, 24 obras literárias sobre o Natal, representativas de diferentes autores, ilustradores, géneros literários e épocas, do panorama nacional e internacional, acompanhadas de sugestões de atividades para realizar em família ao longo do mês.

Obra que espreitou da Janela 3 do nosso Calendário

As sugestões de atividades contemplavam diferentes domínios: leitura, escrita, línguas estrangeiras, cinema, cultura, património e tradições, etnografia, gastronomia, cruzando múltiplas literacias, e traduziram-se em belíssimos e diversificados trabalhos, que podem ser apreciados AQUI

Exemplo de trabalho de escrita realizado com base nas propostas
 da Janela 19 (Dezembro à Porta)

Num total de 24 sugestões de leitura e de 60 propostas de atividade, pais e filhos tiveram oportunidade de experimentar um leque diversificado de atividades, que, além de um conhecimento sobre as representações do Natal na Literatura para a Infância, contribuíram para um significativo alargamento de práticas de literacia familiar.

Exemplo de trabalho realizado de expressão plástica com base na obra Allumette, que espreitava da Janela 22

A expressiva adesão a este calendário é reveladora do impacto que as atividades em torno do livro e da leitura podem ter em ambiente familiar. Este calendário fez a diferença na vida das famílias que experimentaram as nossas sugestões, tendo contribuído para criar memórias felizes onde o livro, os cenários e as personagens que o habitam passaram a ter um lugar afetivo. 

Sugestão de leitura para o dia 24 de dezembro, acompanhada de excerto lido pelo autor, António Mota


Aqui fica, então, em jeito de visita guiada, o roteiro pelas 24 janelas do nosso Calendário de leituras de Avento:


E, também, para recordar,
Outras distinções Escola Amiga da Criança para iniciativas no âmbito da Educação Literária na Família:



Trabalho realizado a partir das propostas da janela 20, A Festa dos Pastores. Os trabalhos realizados podem ser conhecidos AQUI

 
Inspirem-se! Qualquer motivo é bom para ler, e esta quadra é especialmente propícia (é que os livros de Natal são particularmente bonitos;)

Até já!

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Livros e Literacia Familiar: uma nova valência do programa ELF

Inaugurada no mês internacional das bibliotecas escolares 2021, Livros e Literacia Familiar é uma nova valência do Programa Educação Literária na Família (ELF) que tem como principais destinatários os pais das crianças da Educação-Pré-Escolar, e como principal objetivo ajudar as famílias a tirar mais proveito de materiais impressos, sobretudo do livro, no sentido de predispor a criança para a aprendizagem da leitura e da escrita, e para o gosto pelo saber.


Criamos, para o efeito, uma página específica de apoio a esta nova valência, onde poderão ser encontradas informações sobre o funcionamento do projeto, assim como dicas e materiais de apoio que partilhamos nas sessões.
No menu Páginas, encontrarão agora, também, Literacia Familiar, uma salinha muito acolhedora que espera por todos vós!
Boas leituras e até já!

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Como tomar conta de um Capuchinho Vermelho | Especial Regresso às Aulas

Ainda que o outono se possa começar a anunciar, setembro cheira sempre a novo! São cadernos novos, livros novos, amigos novos, professores novos, e também, naturalmente, histórias novas!

Imagem 1: levanta-se o véu de Como tomar conta de um Capuchinho Vermelho


Não raro, aparecem pedidos de sugestões de livros sobre questões inerentes à entrada para a escola ou ao regresso às aulas, como o medo, a amizade, a integração, etc... Quem nos acompanha, sabe que somos um bocadinho "avessos" a "livros para...", uma vez que consideramos que um bom livro será sempre "bom para...": para alimentar o imaginário, a dimensão humana e a essência leitora de cada um, para nos fazer pensar e para nos fazer felizes (falamos destas questões AQUI e AQUI). 

A questão que consideramos verdadeiramente fulcral é que a leitura de bons livros faça parte das rotinas diárias de todas as salas de aula e de atividades, e de todos os lares, e que gere momentos felizes. Que pais e professores não deixem de ler aos seus filhos / alunos, só porque chegaram ao 1º ano (assunto de que falávamos há um ano por esta altura em Vou para a escola, vou aprender a ler), e que a riqueza e diversidade da atual produção literária para a infância chegue, efetivamente, ao seu destinatário.

Imagem 2: dois exemplos de textos que respeitam as versões "originais" do conto popular Capuchinho Vermelho. Com base no texto de Charles Perrault, Le Petit Chaperon Rouge, ilustrado por Christian Roux (texto em língua francesa); Com base no texto dos Irmãos Grimm, um livro que se apresenta em três línguas (português, francês e inglês), versão portuguesa de Eugénio Roda e ilustrações de Hassan Ameikan.


Como tomar conta de um Capuchinho Vermelho, título que escolhemos para esta "rentrée", é uma ideia da autoria de um pequeno (mas voraz) leitor, de apenas três anos, o Lourenço, que, em resposta à banalíssima pergunta "Que história leste ontem?", respondeu prontamente: "Como tomar conta de um Capuchinho Vermelho".

Imagem 3: pormenor do miolo de Le petit chaperon rouge (versão de Charles Perrault)

Este inusitado "título" resultou da junção de três outros títulos, O Capuchinho Vermelho (que chegou à Biblioteca do Lourenço no seu sexto mês), Como tomar conta de uma avó e Como tomar conta de um avô, de Jean Reagan, que este pequeno leitor havia recebido no dia dos avós.

Ficamos a pensar que este (novo) título dava, efetivamente, uma(s) boa(s) história(s)... e, decidimos, então, transformá-lo num conjunto de ideias para este regresso às aulas.

Partindo do conto popular mais emblemático de todos os tempos, o Capuchinho Vermelho, que deverá ser do conhecimento da grande maioria das crianças, e, portanto, um elo unificador, podemos enveredar por distintas explorações em torno da questão "Como tomar conta de um Capuchinho Vermelho?" Aqui ficam algumas.

Imagem 4: conjunto de reescritas atuais de O Capuchinho Vermelho


Ideia 1

Esta atividade pode ser feita de forma simples, em jeito de conversa onde as crianças vão apresentando ideias e sugestões para "tomar conta do Capuchinho", ao jeito da autora de Como tomar conta de uma avó (como seria passar um dia com o Capuchinho Vermelho), ou livremente. As ideias podem ser representadas em desenho ou escritas (por exemplo em post-its), que depois poderão dar origem a um original painel.

(Na imagem 2 estão dois exemplos de textos que respeitam as versões "originais" do conto popular, tendo por base os textos de Charles Perrault - séc. XVII, e dos Irmãos Grimm- séc. XIX).

Ideia 2

Com crianças mais velhas, podemos transformar a atividade num diálogo reflexivo sobre questões como: 

- Por que motivo precisa o Capuchinho Vermelho que alguém tome conta de si?

- O que é preciso vigiar?

- Será uma missão perigosa? 

- Será um trabalho divertido? 

- Por que devo (ou não) fazê-lo?  

- O que posso ganhar com isso?

Ideia 3

Associando este emblemático conto, e cruzando, por exemplo, algumas das suas reescritas, poderá ser divertido imaginar e criar Uma escola para Capuchinhos Vermelhos, que poderá, depois, ser transformada numa bela maquete.

- Onde se localizaria esta escola? 

- Como seria o espaço? As salas, a biblioteca, a cantina... a decoração?

- Que matérias / disciplinas se aprenderiam nessa escola?

- Quem seriam os professores?

- Quais seriam os jogos de recreio?

- Onde seriam as visitas de estudo?

- (...)

(Na imagem 4 encontram-se alguns títulos de reescritas atuais do conto O Capuchinho Vermelho, que poderão servir de base à atividade)

Ideia 4

Partindo do contexto que gerou esta atividade, poderão ser criados outros títulos, que incluam o Capuchinho Vermelho e outras histórias conhecidas das crianças. No caso de o repertório de obras não ser muito vasto, poderá ser feita uma seleção prévia de livros). Poderão surgir títulos como "Adivinha quanto eu gosto do Capuchinho Vermelho" (cruzando com o título Adivinha quanto eu gosto de ti), "Papá, por favor, apanha-me o Capuchinho Vermelho" (cruzando com Papá, por favor, apanha-me a lua), "Capuchinho Vermelho das Meias Altas" (cruzando com o clássico Pippi das Meias Altas), etc. 

Imagem 5: três obras para trabalhar questões de estereótipos. Por que razão o lobo é sempre o vilão? Terá mesmo de ser assim? (Uma ideia para uma outra versão da atividade: "Como tomar conta e um lobo?")

Para que não faltem ideias para preparar um ano de boas e diversificadas leituras, em casa com a família, ou na escola, deixamos ainda, para este especial regresso às aulas, dez seleções de obras, organizadas por temas, que poderão integrar as vossas escolhas. 

Livros para uma Pedagogia da Felicidade (1)

Livros para uma Pedagogia da Felicidade (2)

Representações da Criança na Literatura para a Infância 

As crianças que moram nos livros

Ritmos e ciclos da Natureza: Primavera de Livros

Ritmos e ciclos da Natureza: Representações do verão na Literatura para a Infância

Ritmos e ciclos da Natureza: Livros e ideias para celebrar o outono 

Natal: Calendário de Leituras do Advento

Família: Os avós das histórias e das memórias

Família: Que avós povoam a atual literatura para a infância?


A todos desejamos um bom ano letivo, repleto de boas leituras!

                                                                                            [LMB]